O legado de Caim

Ora Pois

Cidade do Porto, Portugal Fevereiro de 2030

— Que estais a fazer? O horário de visita já encerrou! — Disse o Médico —

— Sinto muito doutor, acho que me distraí — Respondeu o gajo "arrumando" travesseiro do avô —

— Terei que pedir que saia, pois a enfermeira necessita trabalhar no paciente. — Disse o médico —

— Ya! Até outro dia doutor e desculpe pela moléstia — Despediu-se o gajo —

Quando o médico e a enfermeira ficaram a sós ele virou para ela e disse.

— Este gajo não me agrada. Ele é muito estranho. — Disse o médico —

— Será Dr. Augusto? Não estás a exagerar? Para mim ele pareceu um gajo tão giro e gentil. — Argumentou a enfermeira —

— Não sei não, talvez eu esteja enganado, mas de qualquer forma quero que fique de olho nele! — Insistiu o Dr. Augusto —

Na cama o Sr. Manoel estava em coma induzido e respirava com o auxílio de aparelhos. Na rua ao lado do hospital Fausto montava em sua Kawasaki e saia costurando por entre os carros.

"Não importa que aquele parvo tenha me atrapalhado, o velho logo baterá as botas de qualquer jeito."

Fausto parou em frente a um bar próximo a Ponte Luís I, desceu da moto, meteu o capacete no guidão, ativou a trava/alarme, sentou-se à mesa mais próxima da área externa. O garçom logo veio ter com ele.

— Boa tarde. — Disse o garçom entregando o cardápio ao rapaz —

— Não é necessário. Quero apenas um gim com gelo. — Pediu Fausto —

— Pois bem, só um momento. — Disse o garçom recolhendo o cardápio e dando meia volta —

"Tudo pode dar certo! Basta eu agir com cautela no momento certo."

— Aqui está seu gim, algo mais? — Perguntou o garçom —

— Não, tá fixe obrigado. — Respondeu Fausto —

O garçom se retirou para atender outros clientes deixando Fausto a contemplar a iluminada Ponte Luiz I. Fausto ficou pensativo até ser interrompido por uma mensagem em seu talkmore.

"Fausto eu estou esperando o que me prometeu! Lembre-se uma mão lava a outra... E COM AS DUAS EU TE ESGANO SEU PANELEIRO DE MERDA. Quero meu dinheiro até amanhã à noite sem falta."

— Sempre nervosinho esse Juan. — Pensou Fausto em voz alta —

Quando terminou sua bebida Fausto pagou e foi embora para sua casa na freguesia do Bonfim.

Fausto Oliveira Guedes 21 anos de idade, órfão desde os 5, hoje vive com seu avô, o senhor Manoel Guedes. Manoel Guedes é viúvo e possui apenas seu neto de família, em consequência disso Fausto tem uma vida confortável proporcionada pela bem sucedida rede de pastelarias de seu avô espalhadas por Portugal. Nos últimos 2 meses os negócios estão sendo conduzidos por um administrador de confiança, pois Manoel está internado no hospital particular Domus Sanitas tratando de um câncer no pulmão. Fausto cursa o terceiro semestre de direito na Universidade Portucalense Infante D. Henrique, mas ultimamente não anda muito interessado nos estudos.

"Mal posso esperar para largar essa merda, não aguento mais aquele bando de parvos."

Deitado no sofá da sala de estar Fausto respondeu a Juan via talkmore.

Fausto: Já fiz o deposito! Pode checar em sua conta.

Como Juan estava online respondeu em poucos instantes.