O Rei e a Rainha dos Baixinhos

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"Se você olhar nos rótulos dos produtos que você compra no supermercado verá que existem datas, estas datas são chamadas de prazos de validade. Quando esse prazo esgota o produto se torna impróprio para o consumo ser for alimentício, se for outro produto como um insecticida ele pode perder a sua eficácia. Existem algumas exceções, como o vinho, por exemplo, que possui um prazo de validade indeterminado se tornando melhor e mais saboroso a cada ano que passa, mas infelizmente seres humanos não são assim. Muito pelo contrário, o ser humano nasce inútil e quando atinge o seu auge começa a decair até se transformar em uma asquerosa e fraca criatura."

Trecho extraído do livro Diário de um Psicopata capítulo 13.

— Então Maria... Está sozinha? — Perguntou Mario —

— Eles saem às 08:00 da noite, então não se atrase! — Alertou sua irmã Maria —

— Ok, estarei ai! — Afirmou Mário —

Mario desligou o celular e sorriu esfregando as mãos de ansiedade.

— Mal posso esperar, tá na hora, tá na hora. Tá na hora de brincar. — Cantou Mario —

Mário tomou banho, vestiu uma roupa limpa, calça jeans e camisa branca de botão. Passou gel no cabelo deixando-o espetado para trás, usou uma colônia masculina para se perfumar. Mario olhou-se no espelho e piscou para si mesmo, em seguida começou a cantar e dançar no meio do quarto.

— Hoje vai serrrr uma feeessta! Vou te levar para brincar, hoje é o seu dia. — Seguiu cantando —

Mario pôs a mão direita na virilha e iniciou um movimento de vai e vem, em seguida executou um Moonwalker bem desajeitado pelo piso do quarto.

— Como é bom estar com você, brincar com você e fazer o que a gente quiser! Com a gente não tem faz de conta, sei que você apronta e não paga a conta. Você acha que a vida é doce como mel? Pois vou te mostrar como ele escorre da boca grudento como garapa. — Finalizou a cantoria —

— Merda! Eu não sei rimar. — Queixou-se Mario —

Enquanto esperava a hora certa para sair, Mário resolveu dar continuidade a leitura do livro "Diário de um Psicopata" como ficou conhecido o diário de Caim Fonseca, famigerado assassino em série que agiu nos anos 2000. Mário fazia a leitura do livro em formato digital em seu celular, obteve a cópia em um grupo secreto no Second Life.

"Esse padre César é guloso hein."

Às 15 para 8 da noite Mário finalizou o capítulo onde estava e parou a leitura. Preparou-se para sair. Olhou as horas novamente e aguardou um pouco mais, finalmente às 08:09 a mensagem de confirmação de Maria chegou.

"Finalmente!"

Mario saiu de sua casa que fica numa rua paralela a avenida Marechal Tito, então seguiu por essa avenida até a estação Jardim Helena Vila Mara da CPTM. Como era domingo à noite o movimento na estação estava fraco. Apenas alguns grupos de pessoas aguardando o trem que ia sentido Brás. Mario desceu pela escada rolante e caminhou reto pela plataforma, sentou-se numa cadeira vazia e aguardou o trem. Enquanto esperava Mario ficou prestando atenção numa moça que estava em pé na beirada da plataforma depois da faixa amarela.

"Os idiotas sempre serão idiotas, e os avisos sempre serão ignorados!"

"Ei! Ei todos vocês olhem para mim! Vejam como sou corajosa, vejam como desobedeço regras inúteis e idiotas."

Uns vinte minutos depois o trem parou na plataforma abrindo as portas para o desembarque, Mario desviou de alguns africanos e conseguiu um assento próximo da porta. Cerca de 40 minutos depois Mário desembarcou no Brás e de lá seguiu a pé até o endereço fornecido por Maria. Mario ao chegar no portão da casa não tocou o interfone, pois temia que o aparelho possuísse uma câmera embutida que gravasse sua imagem. Ele preferiu enviar uma mensagem para que Maria viesse abrir para ele.

O legado de CaimOnde histórias criam vida. Descubra agora