Desventuras na Estrada - Cap. 20

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Passei em casa correndo, me arrumei e corri até o trabalho.
Subi até o nono andar e me sentei para começar o trabalho, meu email estava cheio de mensagens de Heitor, com infinidades de coisas pra resolver.
Algum tempo depois decidi subir até a sala dele pra tirar dúvidas.
Já no décimo andar, entrei na sala de Heitor sem bater. Estava vazia, Heitor não estava lá.
Desci até o térreo e fui falar com Lídia:
- Você viu Heitor?
Ela sorriu e apontou pra minha antiga sala.
- Não faço idéia do que ta acontecendo.
Fui até minha antiga sala e Heitor estava de pé rodeado de papéis e correspondência.

Tinha acabado esquecendo da aposta.
- Sou um homem de palavra viu? - ele disse quando me viu.
Eu sorri.
- Isso é complicado , tem correspondência acumulada desde que você troco de cargo, ainda não contratamos ninguém - ele falou jogando tudo sobre a mesa - não sabia que tinha tanta gente nesse prédio...não tem como diminuir o castigo?
Eu gargalhei.
- É óbvio que não, é só um dia - falei - e espero que no fim do dia você passe a valorizar as pessoas que trabalham mais que você e mesmo assim recebem menos.
Ele riu e eu me aproximei dele, tirei seu paletó e ele fez cara de safado.
Ele se inclinou pra me beijar e eu recuei rindo.
- Não to gostando dessa roupa.
- Como assim? - ele falou confuso.
- Quantas pessoas você vê por aí entregando correspondências de terno e gravata?
Depois de jogar seu paletó sobre a mesa, desfiz o nó de sua gravata e a tirei do seu pescoço, desabotoei os dois primeiros botões de sua camisa e também a tirei de dentro da calça.
- Isso é sério? - ele disse - vou ter que andar pela minha empresa assim? todo desgrenhado?
- Exatamente!
Fui até o canto da sala, peguei o carrinho de correspondências e o empurrei com força até Heitor.
- Ao trabalho! - falei rindo - e uma dica, organize tudo agora e entrega as correspondências depois do almoço, fica mais fácil.
Saindo da sala me lembrei:
- Aah, e não se esquece que eu vou estar aqui pra te supervisionar.
Desta vez ele riu e eu subi ao nono andar pra continuar meu trabalho.

Ao meio dia em ponto desci novamente e Heitor me esperava na porta de sua "nova sala"
- Vamos - falei e ele me acompanhou - como está indo?
- Pior do que eu imaginava, isso é cansativo e eu tô morrendo de fome.
Saímos do prédio e fomos andando pela calçada.
- Eu ficava assim todos os dias e tem mais dezenas dos seus empregados que ficam assim todos os dias, mas não se preocupa o prato feito ali do restaurante deve matar sua fome.
- Merda! Não me lembrava que teria que almoçar naquele restaurante meia boca.
- A comida é ótima Heitor, melhor até que do seu "restaurante seis estrelas". Chegamos
Estávamos na porta do simples restaurante em que eu e a maioria dos empregados da empresa almoçavamos.
Entramos e escolhemos uma mesa bem no fundo, o lugar não estava cheio, as poucas pessoas que estava lá eram da empresa e ficaram totalmente surpresas quando viram Heitor passar pela porta.
Já sentados Heitor falou:
- Como funciona isso aqui?
- Como qualquer outro lugar, você escolhe o que vai comer e eles trazem seu prato - peguei o cardápio na mesa e o entreguei - ou talvez você prefira ir no self service lá do outro lado da rua.
- NÃO - ele falou alto e rindo - vamos ficar aqui mesmo, nada de self service.
- Então vai querer o que?
- O que você pedir!
- Eu sempre como frango e batata frita aqui.
- Batata frita faz mal pra saúde.
- HHaha falou o cara que tem comida vencida no armário, me poupe.
Ele caiu na gargalhada e eu pedi frango e batata pros dois.
Quando os pratos chegaram Heitor arregalou os olhos.
- Como assim? Isso aqui é prato pra pedreiro, eu não como isso tudo.
Eu sorri.
- Ah mas você vai comer e quando menos esperar já acabou tudo, é sempre assim. Vai pode comer.
Falei começando a comer e ele fez o mesmo.
Na primeira garfada Heitor levantou os olhos.
- Isso é ótimo! - ele disse arregalando os olhos - Por que eu não como aqui antes?
- Por que você era um babaca!
Ele riu.
- Falou certo Otávio, eu era, você ta me mudando!
Fiquei sem graça e enchi a boca de comida pra não ter que responder, infelizmente foi a pior hora pra te feito aquilo.
- Eu te amo - disse Heitor.
Me assustei com sua revelação e comecei a tossir com tanta comida na boca. Heitor ria ao invés de me ajudar.
Bebi água pra ajudar e me acalmei.
- Assustado?
- MAS É claro! - respondi - não estava esperando isso, não sei o que falar.
- Fala o que você sente também.
Fiquei em silêncio sem olha-lo nos olhos, sabia que gostava dele e muito, mas também gostava de Marcelo. Não sabia mais destinguir o que sentia por um ou pelo outro, então preferi não me comprometer.
- Não sei Heitor, realmente não sei.
Ele sorriu paracendo meio decepcionado mas não disse mais nada.
Terminamos o almoço em silêncio, Heitor insistiu pra pagar a comida e quando saímos do restaurante ele quebrou o silêncio:
- Foi mal - ele disse rapidamente levantando os braços - não devia ter dito nada, é...
- Não...eeeh...não tem problema - eu ri - eu gosto de você Heitor, gosto muito e gosto de verdade, mas...minha vida ta confusa demais e também tem Marcelo...
- Eu entendo!
Tentei mudar de assunto depois de mais uns segundos de silêncio constrangedor:
- Espero que esteja preparado pra trabalhar - falei enquanto entravam os novamente na empresa - garoto das correspondências.
Fomos pra sala e Heitor encheu o carrinho com centenas de correspondências.
- Vai ficar me seguindo? - ele perguntou.
- Claro, quero ter certeza de que vai cumprir o combinado.
Ele riu e saiu levando as correspondências pelos corredores, fui atrás mas distante dele.
Ele passava em cada sala e deixava os inúmeros papéis.
Não sabia o que era melhor, ver Heitor entregando cartas ou ver a cara de quem as recebia. Quando viam Heitor entrando nas salas eles arregalavam os olhos, eu segurava o riso com a mão na boca.

No fim do dia estávamos na sala de Heitor e ele nunca pareceu tão cansado, estava largado atrás de sua mesa olhando pro nada e eu estava olhando pela janela.
- Obrigado! - ele disse calmamente me fazendo olhar pra ele.
- Pelo quê? - falei andando até ele e me sentando em seu colo de frente com as pernas abertas.
- Não sei, é que depois de hoje parece que tô me sentindo melhor, mais humano.
Seus olhos estavam vidrados nos meus e ele parecia hipnotizado.
- Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo - ele disse.
Aproximei meus lábios dos seus e sua língua invadiu minha boca, o beijo de Heitor estava diferente, ainda melhor, parecia ter mais ternura, mais amor.
Suas mãos acariciavam minha nuca e meu rosto e minhas mãos seguravam seu pescoço.
Suas mãos desceram de minha nuca pelas minhas costas, ele me apertava ainda mais contra seu corpo e seu beijo me fazia delirar.

Meu celular tocou mas nenhum dos dois deu idéia, continuamos a nos beijar incansavelmente. O celular parou mas logo voltou a tocar e depois da sexta vez não tive escolha a não ser atender.
Era Marcelo:
- Alô - falei ao atender.
- Otávio... Vem pra casa - seu tom de voz não me agradou, parecia embargado e preocupado.
- O que houve?
- Corre...é seu pai!
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Olá queridos, espero que estejam gostando.
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Desventuras na Estrada (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora