19. « sozinha e magoada »

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Mariana Pereira 

Melancólica, é como me sinto agora, Zayn teve de sair pois o seu produtor ligou-lhe e ele teve de ir rapidamente. E agora eu estou sozinha, sem qualquer animação. Preferia mil vezes que ele estivesse aqui a chatear-me e a dar-me com a cabeça nas paredes. Levantei-me do sofá e girei nos meus calcanhares tentando ganhar algum animo, caminhei para fora da divisão em busca de alimento. Assim que entrei na cozinha comecei por mexer nos armários, e em seguida no frigorifico peguei numa garrafa de água e nas batatas que havia deixado em cima da mesa. Peguei no meu telemóvel e digitei o número do moreno. 

" O que foi macaca? "  levei uma batata à boca e segundos depois ouvi a sua risada. " Estas a comer baratas? " revirei os olhos. 

" Quando é que voltas, estou a ficar deprimida a tua casa é muito grande e tem muita comida. " desabafei. 

" Pensei que ter muita comida, para ti seria o paraíso. " ri sem graça. " Eu vou demorar um pouco aqui, desculpa. " fiz beicinho. 

" É um paraíso, mas sei lá... eu não consigo comer tudo sozinha. " suspirei, meti em alta voz e abri a garrafa de água. " Eu quero ir para casa. " choraminguei. 

" Não tens roupa, vais para casa como? E eu perguntei-te se querias que te deixasse em casa, o que é que tu disseste? " 

" Não é necessário bode, eu fico aqui aposto que não demoras muito tempo. " falamos os dois ao mesmo tempo. " É... " encostei a cabeça para trás e voltei a choramingar. " Não podes vir trabalhar para casa? " 

" Posso, mas não quero. " abri a boca chocada. 

" Isso é crueldade com a mulher da tua vida! " exclamei entre gritos. " Isso não se faz, vais ver quando eu for trabalhar e puder trabalhar em casa, vais ver! " 

" Isso não vai acontecer, tu és preguiçosa e acabas sempre por trabalhar em casa. " sorri ao ouvir a sua gargalhada. " Bom, hiena eu tenho de ir. " 

" Não! " gritei. " Anda trabalhar em casa, por favor meu amor, eu faço comida para ti. " 

" Eu não me vendo por comida, tenho de ir. " bufei. " Beijinhos amor. " falou num tom de gozo. 

" EU VOU TE BATER QUANDO CHEGARES A CASA, TU VAIS VER EU VO... " olhei para baixo encarando a chamada a ser desligada, dei um grito indignado e rapidamente peguei no telemóvel. 

Fui diretamente para a caixa de mensagens, procurei pelo o número do meu camelo estúpido e comecei a digitar de forma furiosa. 

" Não se desliga na cara de uma dama! " atirei o telemóvel para o lado e cruzei os braços e olhei para a televisão, onde agora decorria um anúncio. 

o telemóvel vibrou duas vezes, indicado uma mensagem. " Tecnicamente, eu desliguei a chamada no teu ouvido, porque nós não falamos com a cara. " revirei os olhos. " Mas eu entendo, a tua linha de raciocínio não é tão avançada como à minha. "  

Desisti de falar com ele, voltei a pegar no meu pacote de batatas e voltei a comê-lo. Uma sério começou a passar na Fox Life, e comecei a vê-la interessando-me por ela com muita facilidade, deitei-me no sofá e observei a série atentamente. 

Gritei assustada assim que senti alguém levantar as minhas pernas, deixei o pacote de batatas que havia deixado de comer após ter adormecido. Os meus ouvidos foram invadidos pelas gargalhadas altas de Zayn. Sentei-me coçando os olhos e sentindo o meu coração bater a mil, como se a qualquer momento ele fosse capaz de sair do meu peito. Dei um pontapé a Zayn e em seguida outro, fazendo com que ele parasse de rir que nem um camelo desdentado e desmamado. 

" Odeio-te porra, isso não se faz podias matar-me do coração, achas normal? " sinto que a casa dele tem uma conspiração contra mim. Primeiro caio de duas escadas abaixo, depois bato com a cabeça na mesa de centro, e agora o dono da casa decide dar-me a merda de um susto. " Eu quero ir para minha casa. " resmunguei. 

Levantei-me rapidamente peguei no meu telemóvel e andei para fora da divisão, sabem aquele encontrão com ombreira na porta? Pois é acabei de ter um, e o meu ombro dói para caraças. Bati com o pé no chão, e lancei um olhar de morte para Zayn. Dirigi-me para a porta de entrada e abri a mesma saindo. 

" Vais mesmo de boxers e t-shirt para a rua? " indagou tentando prender o riso, ouvi a porta fechar-se e caminhei para o seu carro, assim que o destrancou entrei. 

" Queres que vista o quê? " questionei mal humorada. " Já vou com uma camisola tua, e já vou com muita sorte. Eu cai na noite passada ou algo assim? " 

" Caíste, logo assim que te meti no chão. " gargalhei negando levemente com a cabeça. " É por isso que o teu vestido estava preto, porque tu és louca e ainda tentas-te fazer um boneco de neve no meio do passeio. " tapei a cara com as mãos, preferia não saber isso. " Como é que era? Sou o Olaf no Verão!! " revirei os olhos e dei-lhe uma chapada. 

" Conduz e cala-te. " pedi metendo o cinto. 

" Podias ter calçado qualquer coisa, vais estragar as minhas meias. " encolhi os ombros. " Tu és um amor de pessoa, sabias? " 

" Não me estas a contar novidade nenhuma, sempre soube. " 

" Ainda bem que percebes a minha ironia melhor que ninguém, não é amor? " belisquei a sua perna e o mesmo gritou. 

" É amor, uma ironia cheia de verdades. " sorri falsamente. " Eu nunca mais venho a tua casa, aquilo está amaldiçoado. " ele riu. 

" Não, tu é que não tens cuidado. " suspirei esfregando o meu braço. 

Os minutos seguintes foram de puro silêncio, até Zayn começar às gargalhadas sem motivo aparente, quando lhe questionei o que se passava ele riu ainda mais. Respondeu-me que era por causa da minha queda nas escadas, também da cabeçada e da batida na ombreira da porta. Revirei os olhos pois de momento não estava a achar piada nenhuma, ir à casa dele é como sair de lá partida. 

" Até amanhã, hiena. " envolveu o seu braço nos meus ombros, puxando-me calmamente para ele. " Vê se não cais mais. " beijou a minha testa demoradamente. 

" Vê se não chegas a casa com a boca partida. " 

" A boca parte-se? " indagou com gozo. 

" Ah! Tchau, tu és insuportável. " abri a porta do carro e sai do mesmo, vi a janela abrir-se. 

" Insuportável, mas sou o amor da tua vida miserável. " revirei os olhos e virei costas ao moreno. " Eu amo-te! " gritou fazendo-me sorrir. 

" Mas eu não! " virei-me e deitei-lhe a língua de fora, vendo-o fazer-me o dedo do meio. " Eu ia dizer que é mentira, mas depois dessa ficas mesmo com o: mas eu não. " sorri e mandei-lhe um beijo. 


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