São 13:10 da tarde e estou atrasada para o trabalho, tento dirigir o mais rápido possível dentro da lei, mas não consigo com tantos carros voltando do horário de almoço.
- Belo dia para você se atrasar, não é Melyssa? - falo para mim mesma.
Cinco minutos depois chego ao estacionamento da livraria e subo correndo antes que a Dona Janine perceba que eu atrasei, mas quando eu abro a porta é tarde demais, lá está ela me esperando encostada no balcão olhando para as imensas prateleiras de livros em sua frente, quando ela escuta o barulho da porta ela olha para mim e dá um sorriso assustador, daqueles que ela sempre dá quando vai acusar alguém.
- Está atrasada Srta. Baker, achei que não vinha mais trabalhar.
- Desculpa Dona Janine, mas precisei que fazer alguns trabalhos para faculdade e o trânsito me atrasou um pouco.
- Ô querida, você anda muito ocupada precisa se divertir mais. - ela fala agora parecendo um pouco menos acusadora.
- Não estou com muito tempo para me divertir esta semana.
- Está bem, mas tente apreciar mais a sua juventude.
- Irei tentar.
- Agora eu preciso ir buscar as encomendas de livros que fiz, os que eu falei para você ontem justo na hora em que eu pedi para você não se atrasar hoje.
- Me desculpe.
- Tudo bem, volto daqui à uma hora.
Ela vai em direção a porta e sai. A Dona Janine é uma mulher de 40 anos que resolveu montar uma livraria para passar o tempo, apesar de ser uma pessoa doce e compreensiva, ela sabe muito bem ser assustadora quando quer. Ela me contratou para ajudá-la à organizar os livros, limpá-los e cuidar do lugar quando ela está fora.
Lembro que tenho que procurar um livro de cálculo para um trabalho, vou até a sessão de livros de matemática e me deparo com um rapaz tentando pegar um livro no topo da prateleira, volto a procurar o meu livro e o acho ao lado do cara, de repente, sinto uma pancada forte na minha cabeça e vejo o mundo girar, espero sentir o chão debaixo de mim, pois sei que minhas pernas não estão mais sustentando o meu peso, mas alguém me segura impedindo que eu caia, aos poucos a minha visão vai se ajustando, mas a dor na minha cabeça parece mais forte a cada segundo. Vejo as prateleira e um grande livro no chão, mas quando olho para cima vejo um lindo garoto de olhos azuis e cabelos pretos e só agora me recordo que ele é o cara que estava tentando pegar um livro no alto da prateleira, por algum motivo sinto a horrível dor de cabeça sumir e meu coração começa a acelerar.- Você está bem? - ele pergunta.
- Estou, obrigada por me segurar.
Falo tentando me levantar, mas vejo o mundo girar novamente e tento me apoiar em uma prateleira, o rapaz agarra o meu braço e me conduz até uma cadeira.
- Desculpa ter te acertado com o livro, ele escorregou da minha mão quando eu estava tentando pegá-lo do alto da prateleira.
- Tudo bem eu estou melhor, apenas com dor de cabeça.
- É, digamos que física dá um pouco de dor de cabeça. - um lindo sorriso nasce em seu rosto o tornando mais lindo ainda.
- É, digamos que sim.
Mantendo o sorriso no rosto ele estende a mão para mim, trato de ser educada e aperto a mesma.
- Meu nome é William Brown .
- Prazer, Melyssa Baker. - retribuo o sorriso.
Ele solta a minha mão e anda em direção ao livro no chão, pega e olha para mim.
- Desculpa mais uma vez.
- Não tem que se desculpar foi apenas um acidente.
- Bom, eu tenho que ir na recepção dá baixa no livro se não eu não o levo.
- Que bom que você pensa assim, porque eu não permitiria que você levasse o livro sem dar baixa.
- Você trabalha aqui?
- Sim.
- Huum...
Sinto que estou ruborizando e tento disfarçar me dirigindo para recepção para dar baixa no livro. Eu entrego-o para William.
- Prontinho.
- Obrigado Melyssa. - ele fala.
- De nada.
- Bom, a gente se encontra por aí.
- Pode ser.
Ele vira e vai em direção a porta, mas antes de sair ele me encara e diz:
- Foi um prazer conhece-la.
- O prazer foi meu. - lhe dou um sorriso que ele retribui.
Ele sai pela porta e o tudo vem à tona, parece que estive em outro mundo nos segundos em que eu estava conversando com o William, por que ele causou isso em mim? Eu mal o conheço, bom, eu não o conheço. Tento afastar esse sentimento e voltou aos afazeres com uma horrível dor de cabeça.
São 17:00 horas e estou voltando para casa, não vejo a hora de tomar um banho relaxante, tomar um Advil e cair na cama. Meu dia não vem sendo um dos melhores da minha vida, primeiro o atraso para o trabalho, segundo a dor de cabeça causada por um livro, e agora trânsito! Eu mereço, mas sou recompensada por uma imagem que vem em minha mente de um lindo sorriso, olhos azuis e cabelos negros pertencentes à William Brown, passei o dia inteiro tentando esquecer o que aconteceu, mas é praticamente impossível.
Esqueça ele Melyssa! - algo dentro de mim diz para mim esquecê-lo, mas por quê?
Chego ao meu apartamento e vejo a Taylor enfiada nos livros, coisa que raramente acontece.
- O que há com você hoje? - falo guardando meu casaco e as chaves.
- Como assim? - ela pergunta.
- A cena que estou vendo agora não é muito comum e desconfio que terei que levá-la a um psiquiatra.
- Ha.Ha.Ha muito engraçado Srta. Melyssa, preciso aprender sobre cores que combinam com certos tons de pele e se eu não aprender isso logo é capaz que eu não passe nesse semestre.
- Nossa, é sério mesmo.
- Como foi seu dia?
- Tirando a parte que eu estou com uma dor de cabeça infernal porque um livro caiu na minha cabeça? Bom, foi bem interessante. - um sorriso cresce em meu rosto.
- Huum...Conte mais sobre isso. - ela fala toda entusiasmada.
Contei a ela todo o ocorrido e um grande sorriso malicioso foi crescendo em seu rosto.
- William né? Pelo o que você acabou de me contar ele é um deus grego, esse nome me soa familiar, mas não sei de onde.
- Vai ver é só impressão sua.
- Talvez seja. - ela fala um pouco desconfiada.
- Bom, preciso de um banho e cama urgentemente.
- Certo, te vejo na hora do jantar.
- Tudo bem.
Eu vou na direção do meu quarto para relaxar.
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Verdades Escondidas
Mystery / Thriller- 3º em mistério/suspense 27/11/17 A jovem Melyssa é mais uma universitária que está correndo atrás do seu sonho, mas a vida não é fácil para ninguém e por isso ela precisa trabalhar em uma livraria para poder pagar o aluguel de seu apartamento, ond...