Capítulo Um

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Mia

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Mia

Tem poucas coisas na vida que nos trazem tanta satisfação quanto dormir. É de graça, não engorda, não faz mal... Deus, eu amo dormir! Provavelmente, porque o faça pouco todas as noites, com o meu trabalho e seus horários malucos.

Então, o telefone que toca sem parar tentando tirar um dos poucos prazeres que tenho na vida, soa agora como as trombetas do apocalipse. Eu realmente não quero sair do pequeno casulo que criei embaixo das minhas cobertas. Abandonar esse calor reconfortante e colocar os pés sobre o piso frio do meu quarto me parece uma tortura, mas, eu o faço antes que o barulho insistente acorde metade do meu prédio. Ainda meio cega e absolutamente sonolenta, caminho até a sala e tateio o telefone ao lado do sofá.

— Alô. — Minha voz soa engraçada, como o grunhido de um pato agonizante. Acho que isso é normal para alguém que é acordado inesperadamente no meio da madrugada.

— Amália Anderson? — pergunta uma voz masculina. Uma voz muito bonita por sinal, mas eu desperto imediatamente.

Ninguém no mundo me chama de Amália, apenas os cobradores e eles não têm me ligado com frequência ultimamente. Tem sido difícil, mas tenho conseguido pagar todas as minhas contas em dia.

— Quem quer saber? —devolvo a pergunta com cautela.

— Detetive Scott. — A voz diz, de forma sóbria e linear. — Você é filha de Joseph Anderson?

— Depende do ponto de vista. — Digo, com uma risada sem graça. No mundo no qual fui criada, ser filha de alguém pode ser algo realmente vago. — Mas sim, o seu nome está em minha certidão.

— Sinto muito, — ele suspira e eu também, embora não faça a menor ideia do por que. — mas ele foi preso.

Eu me sento, apertando um pouco mais o telefone entre os dedos. Isso já aconteceu outras vezes. Dirigir embriagado, brigas de bares, perseguir uma ex-namorada, entre outras maluquices. É óbvio que Joseph nunca foi o pai exemplar, na verdade ele nunca foi sequer um pai realmente, ele é mais como um personagem do GTA V.

— Alô, ainda está ai? — detetive Scott pergunta.

— Sim, eu divaguei? — me preocupo, porque meus pensamentos geralmente têm vida própria.

— Não em voz alta. — Sua voz é tão profissional, mas posso sentir um sorriso mal disfarçado em suas palavras.

— Desculpe, eu costumo divagar. — Falo, rindo outra vez. — Obrigada por avisar, mas eu não posso fazer nada pelo Joseph.

— Eu imaginei que não pudesse, de qualquer forma nem poderá vê-lo hoje.

— Então? — a pergunta me escapa.

— Então, — ele diz vagarosamente. — você precisa vir até aqui.

— Sinceramente, não entendo, são duas da manhã. — Digo, olhando para a janela e a cidade quieta lá fora.

Minha Doce Menina   CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora