Capítulo Três

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Mia

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Mia

Eu realmente fiz isso, cometi essa loucura, e agora tenho uma criança de três anos ao meu lado na cama. Estou deitada no escuro, ouvindo sua respiração tranquila no silêncio da noite, me sentindo incapaz de dormir outra vez diante de tantas emoções. Chloe não falou comigo, aliás, eu nem sei se ela fala. Mas, ela apertou a minha mão por todo o caminho até aqui e posso deduzir que isso foi um sinal de medo.

Quando chegamos em casa, ela quis dormir com sua roupa de bailarina e eu não discuti. Não sei nada sobre educar uma criança, nunca tive sequer um cachorro. Sei que é uma comparação infeliz, mas eu não sei ditar regras, impor limites; eu não sei nada. Algo me diz que Chloe é uma criança doce, mais calma que o habitual e tenho rezado a cada instante para que isso seja verdade. Já vi algumas crianças se arrastando pelo chão e arrancando os cabelos na livraria onde trabalho, e só de pensar em viver algo assim, meu coração palpita.

E falando em livraria, como vou fazer para trabalhar daqui a algumas horas? Talvez eu possa levá-la comigo, arrumar alguns brinquedos e doces e deixá-la no canto do balcão, escondida dos olhos dos clientes. Mas e amanhã quando tenho um coquetel de três horas? Já estou me desesperando e o dia nem amanheceu. Minha vida deu um giro de duzentos e oitenta graus, e não foi para melhor, infelizmente. Embora eu saiba que estou fazendo um ato de caridade, ainda assim, queria não estar vivendo essa situação maluca. Eu devo óbvio, agradecer ao meu pai por isso.

Meu pai, Jesus, como ele foi fazer algo assim?

Um homem de quarenta e cinco anos, que vive como se não houvesse amanhã. Como se suas atitudes não gerassem consequências e elas com certeza geram. Graves consequências, por sinal. Mas agora ele está bem encrencado, e pela primeira vez em toda a minha vida, eu me senti realmente envergonhada por ser sua filha. Suas atitudes nunca reverberaram tão forte em mim, e eu me sinto como se houvesse sido atropelada por um trem.

Eu fui decepcionada muitas vezes ao longo da vida, a maioria delas, pelos meus próprios pais. Eles nunca se relacionaram realmente, foi algo casual, como minha mãe sempre fez questão de pontuar. Sim, eu sou filha da casualidade e isso dói às vezes, agora bem menos que sou adulta, mas ainda é uma ferida pequena.

Morei com minha mãe e minha tia, em uma pequena casa no subúrbio de Atlanta e só conheci meu pai quando tinha seis anos. A minha vida não tinha sido um mar de rosas, desde que minha mãe nunca foi do tipo maternal, então eu achei que meu pai pudesse me salvar da minha vida estúpida. Ledo engano; ele apareceu de repente, com alguns presentes e um sorriso no rosto, a voz suave e todo charme possível brilhando em seus olhos verdes, mas sumiu da mesma forma que chegou.

Ele voltou algumas vezes ao longo dos anos, nunca com a pretensão de permanecer, embora não tenha se importado em me fazer acreditar no contrário todas essas vezes. Segurança, estabilidade, confiança são palavras que não fizeram parte da minha vida familiar.

Minha Doce Menina   CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora