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Estou ficando deprimida.
Aqui é sempre a mesma coisa.
Sinto falta das meninas, da minha mãe, e da Mel.
Mel é a minha melhor amiga, irmã melhor dizendo.
Tenho uma ideia. Vou até a segunda gavetinha, pego alguns giz, e vou até um canto da parede.
Desenho Mel lá, pra não me sentir tão só.
Oii-Falo com o desenho, pareço uma louca, mas isso daqui não te permite ficar na lucidez-Eu tô ficando maluca aqui... Não sei oque tá acontecendo por ai, mas espero que esteja todo mundo bem. Eu... Tô sobrevivendo... Aqui é parado, não acontece nada, não vejo gente, não converso, raramente que falo algo a mais com o Quatro. Quatro é o porteiro. Ele me dá "Bom dia" e " Boa Noite". É o único que se comunica comigo. Tento conversar, mas ele logo diz "não é permitido dizer" e sai. Não entendo nada...
Sinto alguém me observar, olho pra porta e Quatro está lá, me olhando.
Ah, oi Quatro-Me levanto
Seu almoço-Ele aponta pra cama, que tem uma bandeja
Obrigado... Quero te apresentar uma pessoa-Falo-Essa é Mel-Aponto para o desenho-Mel, este é Quatro-Falo sorrindo
É um prazer-Quatro diz, olho pra ele
É louco também?-Falo, e ele sorri com os olhos, gente se liga, ELE RIU, ganhei meu dia. Logo o sorriso de desfaz, e ele diz:
Coma-E sai.
Olho pra Mel.
Alegria de pobre dura pouco-Pego a bandeja, e boto perto de Mel.

(...)

Passo horas falando com a Mel, esse desenho me ajudou, me sinto menos sozinha. Ela não diz nada, óbvio, mas sinto que ela está aqui comigo.
Agora estou deitada na cama, lembrando de algumas coisas, e sentindo falta de tudo.
Começo a chorar.
Pior que não dá nem pra fugir, não tem janelas, não faz frio nem calor, e a única coisa que tem é a porta, que está sempre fechada, trancada. Eu já tentei sair, mas é impossível.
As únicas vezes que essa porta abre, é quando o Quatro vem aqui, mas fica por segundos e depois sai. Não dá pra tentar nada, tô presa aqui, e nem sei por que.

QuatroOnde histórias criam vida. Descubra agora