- Sei o que você deseja - falou Amara ao ver Castiel -, seus desejos são idiotas; de qualquer forma, eu os satisfarei, mesmo sabendo que eles só lhe trarão infelicidade. Você quer desembaraçar-se dessa cauda de peixe e trocá-la por duas peças daquelas com que marcham os homens, a fim de que o príncipe Dean se apaixone por você, case-se com você e lhe dê uma alma imortal.
Ao dizer isso, ela deu uma gargalhada espantosa, que fez com que o sapo e as serpentes rolassem no chão.
- Afinal, você fez bem em vir; amanhã, ao nascer do sol, vou preparar-lhe um elixir que você levará para terra. Sente-se na costa e beba-o, Castiel. Logo, a sua cauda se dividirá, transformando naquilo que os homens chamam de duas belas pernas. Mas eu lhe aviso que isso lhe fará sofrer como se lhe cortassem com uma espada afiada - argumentou assustadora - Todo mundo admirará a sua beleza, você conservará sua marcha ligeira e graciosa, mas cada um de seus passos doerá tanto, como se você caminhasse sobre espinhos, fazendo o sangue correr. Se estiver disposto a sofrer tanto, eu poderei ajudá-lo.
- Suportarei tudo! - disse Cas com voz trêmula, pensando em Dean e na alma imortal.
- Mas não se esqueça de que - continuou a feiticeira -, uma vez transformado em ser humano, você não poderá voltar a ser um tritão! Você nunca mais verá o castelo de seu pai; e se o príncipe, esquecendo-se de seu pai e de sua mãe, não se apegar a você de todo o coração e não se unir a você em casamento, você jamais terá uma alma imortal. No dia em que ele se casar com uma outra pessoa, seu coração se quebrará e você não será mais do que uma espuma no alto das vagas.
- Concordo - disse o príncipe dos mares pálido como um morto.
- Nesse caso - prosseguiu Amara -, é preciso que você me pague; e eu não lhe peço pouca coisa. Sua voz é a mais linda do os sons do mar, você pensa com ela encantar o príncipe, mas é justamente a sua voz que eu exijo como pagamento. Desejo o que você tem de mais precioso, em troca do meu elixir; porque, para torná-lo bem eficaz, eu tenho que jogar dentro dele o meu próprio sangue.
- Mas se você tomar a minha voz - perguntou Castiel -, que me restará?
- Sua figura encantadora - respondeu a feiticeira -, seu caminhar leve e gracioso e seus olhos expressivos, isso é mais do que suficiente para enfeitiçar qualquer homem. Vamos! Coragem, anjinho! Estire a língua para que eu a corte, depois lhe darei o elixir.
- Que seja - respondeu o moreno e Amara cortou-lhe a língua. O pobre menino ficou mudo. A seguir, a feiticeira colocou seu caldeirão no fogo para fazer ferver o seu mágico elixir.
- A propriedade é uma bela coisa - disse ela apanhando um pacote de víboras para limpar o caldeirão. Depois, dando um talho com a faca em seu próprio peito, deixou cair seu negro sangue dentro do caldeirão. Um vapor elevou-se, formando figuras estranhas e assustadoras. A cada instante Amara juntava mais ingredientes e quando tudo começou a ferver, ela acrescentou um pó feito de dentes de crocodilo. Uma vez pronto, o elixir tornou-se totalmente transparente.
- Aqui está - disse a feiticeira, depois de ter derramado o elixir num frasco. Se os polípos quiseram agarrá-lo ao sair, basta jogar-lhes uma gota desta bebida e eles se farão em mil pedaços.
Este conselho foi inútil; pois os polípos, apercebendo-se do elixir nas mãos do tritão, recuaram assustados. E assim, Castiel pôde atravessar sem sustos a floresta e os redemoinhos.
Quando chegou ao castelo de seu pai, as luzes da grande sala de danças estavam apagadas; todo mundo dormia, mas ele não ousou entrar. Não podia falar com eles e logo iria deixá-los para sempre.
Parecia que seu coração se partia de dor. A seguir foi até seu jardim, colheu uma flor de cada um dos de seus irmãos, enviou uma porção de beijos ao castelo e subiu à superfície do mar, afastando-se para sempre.
O sol ainda não estava alto, quando ele chegou ao castelo de Dean. Sentou-se na praia e bebeu o elixir; foi como se uma espada afiada penetrasse em seu corpo; Cas desmaiou e ficou estendido na areia como morto.
O sol já estava alto quando ele acordou sentindo uma dor cruciante. Mas à sua frente estava o príncipe Dean costado a um rochedo, lançando sobre ele um olhar cheio de admiração. Castiel baixou os olhos e então viu que a sua cauda de peixe desaparecera, dando lugar a duas pernas brancas e graciosas.
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o pequeno tritão《 destiel
Fanfic"Antes do nascer do sol, é preciso que você enterre este punhal no coração de Dean, e assim que o sangue ainda quente cair aos seus pés, eles se unirão e se transformarão numa cauda de peixe. Você voltará a ser um tritão." [Adaptação do conto "A S...