Julius fazia de tudo para que os comentários não afetasse ele. Todos os dias ouvir comentários de seus pais o entristecia, porém ele não demonstrava, ao contrário, parecia achar engraçado aquela tal situação.
Todos os dias era a mesma coisa, sua mãe levava e o trazia da escola, ela fazia de tudo para que Julius e Luize não se falassem, nem se encontrassem, mas era inevitável acontecer isso, todos os dias ela estava lá no mesmo lugar. Chegou dias de dona Lourdes pedir a seu marido que os levasse até a escola de carro, para que Julius e Luize não se falassem de jeito nenhum. Mas o destino ia se encarregar de colocar os dois no mesmo caminho, mesmo que nada estivesse ao favor deles, mas a vida estava. Quando o coração quer algo, ele luta com todas as forças para alcançar aquele objetivo. Julius e Luize, eram dois garotos, dois adolescentes que tinham muito que amadurecer ainda, porém quando se trata de relacionamento, muitos pensam que adolescentes não imaginam a responsabilidade que é ter um relacionamento. Porém a uma maioria que na verdade não sabe mesmo, pensa que por ser novo a vida é só "curtição", mas à alguns que já se mostram diferente, pensam em algo sério, pensam em sua vida daqui a 4 ou 5 anos, o que vai ser da vida, e meu trabalho? Essas são uma das perguntas que fazem a si mesmo. E é desse tipo de adolescentes, que Julius e Luize são...
Cada um com sua personalidade, porém os dois com um só objetivo "o futuro", futuro esse onde eles teriam casa, emprego bom, salário alto, e algo bem diferente do que os pais planejam, que eles fiquem juntos. De um lado Julius sonhavam em futuro ao lado de sua amada, tinha noites que ele dormia chamando por ela em seu pensamento, do outro lado, estava lá ela sentada em sua cama pedia a Deus para que o mais rápido possível, Julius e ela ficassem juntos, mas em seu coração algo dizia tem calma tudo vai acontecer, mas pra quem já sabe controlar a paciência de um adolescente, é como controlar um carro desgovernado, quando os hormônios entram em choque é impossível controlar. Seus pais ficavam a observando, imaginavam que ela estava passando pelo momento da paixão, que tudo isso não passaria de um desejo, onde logo ela iria cansar e desistir dessas idéias. Eles até pensavam " e se deixarmos ela namorar um tempo com esse garoto, será que ela vai desistir logo?" Pensavam assim, porém as outro lado pensavam, " e se ela gostar, ou querer continuar por rebeldia." Tinham medo da reação dela.
Dias se passaram, e Luize não deixou de seguir, de acompanhar o Julius no seu dia a dia. Certo dia ela até perguntou algo que deixou Julius e sua mãe, mais uma vez surpresos .
- Julius você faz parte de alguma associação de cadeirantes? Meu sonho é ir à um desses lugares, se caso vocês irem poderiam me levar?
Aquele momento foi como uma festa surpresa, ou então um acontecimento histórico. Dona Lourdes até pensou," ela quer ir por curiosidade, pra ver outros cadeirantes iguais ao Julius" porém para Julius isso soou como uma melodia, em sua mente ela queria conhecer mais da sua vida, mais do seu cotidiano, e saber como lhe dar com as diferenças que havia entre eles, ficaram um olhando para o outro no meio da avenida. Luize abre um sorriso e pergunta:
- O que vocês tem, eu falei alguma coisa errada?
Depois de muito silêncio, dona Lourdes a respondeu:
- Não querida você não falou nada errado, porém estamos surpresos com a sua atitude, a sua vontade de ir ao centro de reabilitação do Julius. Sim, ele frequenta sim, e quem sabe um dia você vá conosco.
Aquelas palavras deixaram Luize feliz da vida, ela não podia esperar para esse dia chegar. Tudo que ela mais sonhava naqueles dias era conhecer a rotina do garoto que ela escolheu para amar, e após aquela visita ela iria tomar sua decisão, se continuava ou parava. Mas estava segura de nada poderia abalar o seu amor pelo garoto.
Então ela respondeu:
- Prometo que vou me comportar e ajudar vocês no que for preciso...
Dona Lourdes e Julius sorriram para ela. Ela já se sentia da família, deixou eles seguirem até a escola, e ficou na praça sentada no banco sozinha sonhando acordada. A adolescência e os seus desejos, suas vontades, parecia que tudo aquilo não passava de um conto de fadas. Um deficiente físico apaixonado por uma "andante" e vice versa, na vida real isso acontece entre 1 e um milhão de pessoas, a grande deficiência da sociedade é o preconceito, se todos amássemos como deve - se amar, o mundo seria outro, as pessoas não viveriam doentes, depressivas, o mundo é carente de amor. E nessa história vemos que mesmo na pouca idade já pode se notar que existem pessoas que nasce com pensamentos diferentes, há alguém preparado pra você, a sua metade, a sua alma gêmea, mesmo que alguém diga:
- ninguém vai te amar!
Duvide dessa pessoa, seja otimista a alguém esperando o seu "eu te amo".
Na vida deles não era diferente, para todos os que já sabiam ou desconfiavam, não existia amor entre pessoas tão diferentes, como ela iria sair pra passar com o namorado? O empurrando? Essa era uma dúvida e/ou uma pergunta dos persimistas, porém para Luize não era uma luta sair empurrando uma cadeira de rodas. Para Julius era um pouco um incômodo, pois ele queria andar lado a lado, mãos dadas, abraçado. Ela não fazia questão disso, não média esforços, queria empurra - lo seja até onde for o importante que ele estivesse ao lado dela em todos os momentos.
O preço do amor de verdade!
Você já se sentiu colocado em uma berlinda amorosa?
Já te fizeram escolher entre o que te faz feliz e o que fazem as pessoas felizes?
Muitas pessoas querem levar costumes antigos ou até de casa para outras pessoas. Você só pode escolher o que é certo, óbvio não queremos o errado, porém devemos saber o que certo e o que errado, em outras palavras, devemos saber o que nos fará feliz e o que não nos fará feliz. Nos conscientizar de que o preconceito acaba com nossas vidas, alguém com deficiência sabe amar, sabe fazer alguém feliz, seja ela, visual, das pernas, de um braço, de um dedo e até da mente. Só basta existir para amar...
Certo dia Luize estava em sua casa pensando em sua vida, em seus sonhos e metas. Logo chegou sua mãe sentou ao seu lado e disse:
- Filha, você é uma garota muito nova, cheia de sonhos, escuta o que estou lhe dizendo. Não vá adiante com esse assunto, esse garoto não vai lhe fazer feliz nunca...
Dessa vez ela não chora, ao contrário, fica muito séria, e olhando para sua mãe respondeu:
- Mamãe, me perdoe ser dura,não é rebeldia. Mas eu vou mostrar para todos que eu vou ser muito feliz ao lado do Julius, e ele vai ser muito feliz ao meu lado...
Dona Lilian sai do quarto da filha e a deixa pensando, pensando ela que essa conversa ia fazer Luize mudar alguma coisa. Mas ela estava decidida, mesmo que na escola riem dela, mesmo que ela seja excluída de tudo e de todos. O mais importante ela escolheu da ouvidos ao amor.
Ricos? Muitos... barreiras? Milhares... obstáculos? Cada dia um maior que o outro. Mas quem gosta de adrenalina se arrisca. Amar vai além de um abraço, de um beijo, um amasso. Amar é conhecer o íntimo, é saber o que se esconde no coração. É saber os medos um do outro, é ter medo de perder, é aceitar, é se entregar...
Dias se passaram e em um fim de semana, eles marcaram de conversar na praça. Dona Lourdes não concordou, porém deixou que Luize o levasse, pelo menos ele saia de casa. Minutos depois, chegaram a praça eles ficaram no mesmo lugar, no mesmo banco onde aconteceu o primeiro beijo. Logo ela senta ao seu lado eles se olham, e sem dizer palavra alguma sai um beijo, deitada no ombro de Julius Luize fala:
- Julius eu te amo, é sério eu nunca sentir isso que estou sentindo por você...
Ele sentindo a sinceridade no falar e na respiração ofegante dela, e que aparentava esta nervosa, com cautela ele respondeu:
- Eu também te amo Luize! Eu confesso é primeira vez que sinto amor nas minhas veias...
Luize o abraça forte, como se pedisse socorro. Falou:
- Um dia não muito longe, iremos mostrar pra todos que existe felicidade entre pessoas que andam e que não andam, entre pessoas e iguais e diferentes. E quer saber, mesmo que todos achem que não, pra mim você é igual a mim...
Os olhos de Julius se enchem de lágrimas de alegria, nunca pensou que alguém diria que seria feliz ao seu lado, e muitos menos que alguém achasse que ele fosse igual a todos. Passaram aqueles momentos juntos, foi uma tarde de muito carinho e amor, ela amava deitar em seu colo, ele amava sentir a respiração dela... ficaram horas em silêncio sentindo a brisa da tarde, ouvindo o canto dos pássaros. Será um sonho, eles não queriam acordar nunca, tudo o que eles queriam era ser aceitos pela sociedade, e principalmente, por seus pais e familiares. Após algumas horas de silêncio e muitos carinhos, Julius fazendo cafune em Luize, fala:
- Se você é um sonho, quero vive - lo por toda minha vida Luize, obrigado por me aceitar assim como eu sou. Ninguém faria isso por mim, só você mesmo...
Ela ainda deitada em seu colo, levanta a cabeça, e responde:
- Não precisa me agradecer, tudo o que eu sinto por você é amor. Pode acreditar em mim eu não vou desistir desse amor, por nada...
Após ela falar essas palavras, eles se olham, os brilham como uma estrela em uma noite escura, então eles se beijam de uma maneira diferente, nunca tinham sentido a química perfeita do amor. Julius olhava e admirava, cada detalhe do rosto de Luize, não passava um traço se quer sem que ele observasse. As horas iam se passando, e eles tinham que voltar para casa. Luize prometeu que as 17:00 horas estaria com o Julius na casa dele, porém o clima estava tão intenso que as 17 horas eles estavam a caminho de casa ainda.
Chegando na casa do Julius, dona Lourdes como sempre observando o caminho para ver eles chegando, e quando a vista eles dois vindo fica seria, os dois tímidos sem saber o que falar se aproximam, dona Lourdes fala:
- Vocês não tem relógio ou se perderam?
Julius abre um sorriso, meio tímido, e responde:
- Quase isso mãe, a conversa tava tão boa que esquecemos da hora, a Luize não tem culpa de nada.
Dona Lourdes respondeu:
- Tudo bem, vamos entrar e lanchar?
Luize com muita timidez, respondeu:
- Hoje não posso, prometi a minha mãe que chegaria mais cedo antes que meu pai chegue, desculpa fica para a próxima...
Eles entendem o lado dela, e preocupados deixam que ela vá pra casa...
O caminho todo Luize viajando em seus pensamentos, aquela tarde mudou a sua vida, aquela conversa mudou o seu modo de pensar, aqueles carinhos. Sua boca não falou quase palavra alguma, porém o seu olhar dizia tudo o que ela queria dizer...
Já em casa, seu pai já tinha chegado, e estava muito furioso, pois havia desconfiado do que estava acontecendo e que sua esposa estava acobertando a Luize. Ela entra em casa calada e de fininho caminha para seu quarto, quando ela abre a porta seu pai a chama:
- Luize, venha cá minha filha! Precisamos ter uma conversa muito séria.
Ela calada vai até a cozinha onde seu pai estava com sua mãe.
- Filha senta aqui! Disse seu pai com uma cara de não está se agradando de nada...
Ela se senta numa cadeira de frente aos seus pais, e começa o interrogatório:
- Filha, não é a primeira vez que chego em casa e você não está! Me responda uma coisa, você está saindo com o tal cadeirante que falou da outra vez?
Ela levanta a cabeça, olha nos olhos de seu pai, e ver um homem cheio de orgulho, preconceito, soberba, alguém que não se importa com sentimentos, apenas com o financeiro. Para o pai de Luize, o namorado dela teria que ter dinheiro, e ter uma boa aparência. Para ela bastava ser um bom rapaz...
Ela olhou no fundo dos olhos dele e respondeu:
- Sim papai, estou saindo com ele sim, e ele não é um garoto qualquer ele é incomparável...
Aquilo doeu no coração daquele homem, para os pais seus filhos, tem ser tudo de bom e do melhor, contando que seja o melhor que eles concordem. Então ele respondeu:
- Mas filha já conversamos sobre isso, e mais uma vez eu te proíbo de se aproximar desse garoto! O seu futuro namorado não vai ser um cadeirante, nem qualquer um garoto qualquer!
Luize enche os pulmões de ar, tenta segurar o choro, e as palavras pessoas para não responder seu pai com ignorância, respirou fundo e respondeu:
- Papai, o que eu disse para mamãe vou dizer ao senhor, meu herói não veio num cavalo branco, com capa, de máscara, muito menos com uma coroa. Meu herói veio numa cadeira de rodas, e vai me fazer muito feliz...
Após ouvir aquilo, Luize ver seu pai cair, mas não era de arrependimento, mas sim de dor, não era uma dor emocional ou até poderia ter sido causada pela emoção, porém o que sentia era uma dor física, dor essa que sentia da coluna ao pé...
Gritou no meio da cozinha de tanta dor:
- MEU DEUS, SOCORRO!
Luize e sua mãe,sem entender o que é estava acontecendo pergunta o que esta acontecendo, com ele mas...
- Papai, papai, o que o senhor tem?
Era muita dor, que ele chegou a desmaiar. Então chamaram a ambulância para que pudessem o levar ao hospital.
O que será que vai ser desse homem tão soberbo, orgulho? Que pensava que tinha o poder em suas mãos... a vida é uma caixinha de surpresas!
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Será Amor?
Teen FictionPrefácio Esse romance é contado em terceira pessoa relata a história de Julius um adolescente de 14 anos,cadeirante batalhador, cheio de sonhos, que conhecendo a vida se apaixona por uma garota chamada Luise, uma adolescente 15 anos cheia de sonhos...