Um pedido! Que seja recíproco

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Cada dia que passava, Julius estava mais estudioso, não parava um minuto de ler livros, fazer pesquisas, até de seus amigos se afastou um pouco. O dia aniversário de Luize chegou, o tão esperado 15 anos, ela acordou cedo e correu para o salão. Nesse dia ganhou um tratamento de beleza diferenciado, enquanto isso sua mãe tratava dos últimos detalhes, não teve ensaio de valsa, nem da entrada, para que Luize não desconfiasse ou soubesse quem is ser seu par na festa, como ninguém falou nada ela sonhava, pensava que não iria ter valsa, pois Julius ia ser seu par, que sua mãe tinha o convidado para o seu aniversário. As horas iam passando, e Luize ficava cada vez mais ansiosa, as 20:00 horas seu pai veio de carro busca - lá para levá - lá a festa. No carro seu pai vendo o sorriso no rosto de sua filha, perguntou:
- Ansiosa filha?... Temos uma surpresa, que você vai amar. Ah, e eu já aprovei!
Ouvindo isso, Luize ficou imensamente feliz, logo pensou "meu pai aprova que eu e aquele garoto, sejamos namorados" sem falar nada abraçou seu pai e seguiram para o local onde estava sendo realizado o aniversário de 15 anos dela. Chegando na festa, seu pai abre a porta do carro, ela sai sorridente, desnunbrante, com seu vestido longo, ela levanta o rosto olha pra todos com um sorriso lindo, ela olha pra frente e procura seu par; ver todas as suas amigas em sua frente e ver o garoto que ela disse que não queria nada com ele, ver que ele está sem par e com uma roupa diferente, então ela olha para sua mãe e pergunta:
- Onde está meu par?... Cadê a surpresa que me prometeram?
Sua mãe confusa, respondeu:
- Como assim filha?... seu par é esse garoto aqui, ele era a surpresa que estávamos preparando! Perguntamos as suas amigas, quem era o garoto mais bonito da escola e me mostraram e nós o trouxemos para ser seu par...
Luize, quase chorando, respondeu:
- Porque vocês não me perguntaram? Seria melhor, do que cometer esse erro. Eu não gosto desse garoto, e beleza não me importa e sim o caráter.
Seus pais ficaram tristes, pensaram que tinha realizado um sonho de sua filha, mas pelo contrário, tinham acabado com o aniversário de 15 anos de Luize. Para não fazer desfeita com seus pais e convidados, ela resolveu entrar com o Marcos, fizeram toda a homenagem e na hora da valsa, ele olha para ela e diz:
- Eu disse que não desistiria de você!
Ela com muita raiva decide não dançar valsa com ele, dançou com todos menos com ele. No fim da festa, ela manda ele ir embora, sem despedir, seus pais pedem desculpas pelo ocorrido, e Emília, sua amiga, não satisfeita com o que Luize fez, resolveu falar.
- Pronto amiga! Você já colocou o menino mais lindo da escola pra correr. Deixou seus pais envergonhados, só falta contar para eles que você queria o cadeirante, que a gente ver na rua, como seu par.
Seus pais perguntam:
- Como assim "cadeirante na rua"?
Emília responde:
- É, um garoto que passa todos os dias com sua mãe ou acompanhante, sei lá, para ir à escola. A Luize fica olhando eles passarem, parece até que se apaixonou por ele!
No mesmo momento, Luize começa a chorar, e fala soluçando:
- Emília eu não quero te ver nunca mais! Eu não sou apaixonada por ninguém. Eu apenas olho, pois acho diferente a forma de vida dele.
Seus pais, ficaram pensativos e um pouco nervosos. Nunca imaginariam que um dia poderia ouvir isso, que sua filha estaria apaixonada por um cadeirante, era algo fora do comum, ela não podia fazer isso com seu futuro; muito menos com seus pais. Luize foi criada para realizar seus sonhos e os de seus pais; um casamento com uma pessoa bem sucedida, casa, carro e trabalho. Pensar em algo desse tipo era restringir seus sonhos, como ela iria chegar tão longe, se estaria cuidando de alguém limitado? Para seus pais ela tinha que alcançar o sucesso, não viver pra alguém!
Após vários pensamentos, foram pra casa. O caminho todo e Luize não deu um piu, ficou calada esperando que seus pais falassem alguma coisa, que ela já sabia o que dizer. Tinha em seu coração planos. Planos esses que eram diferentes do que seus pais queriam para ela. Chegando em casa, ela se troca e vai deitar. Antes que ela dormisse seus pais vão ao quarto para ter uma conversa com ela, sua mãe cautelosamente, senta ao seu lado e começa a dialogar com Luize.
- Filha, sei que esse não é o momento, mas que história é essa que você está gostando de um garoto, que viu na rua e ainda por cima é "cadeirante".
Ela olhou pra sua mãe, e com lágrimas nos olhos respondeu:
- Mamãe, isso que a Emília falou é mentira. Só porque eu olhei pra o menino, e fiquei admirando ele por ele está sorrindo ali sentado, aí ela já veio dizendo que tô gostando dele. E, mesmo se estivesse, não era da conta dela.
Seus pais tomam um susto e dizem:
- Não fale isso nem brincando, já imaginou o que seria de nós, já imaginou o que nossa família falaria ou pensariam. Você vai namorar futuramente, com um jovem perfeito, lindo e de preferência rico. Disse seus pais...
Ela chorando, repreende seus pais falando:
- Eu não quero saber de homem bonito, perfeito e muito menos rico. Eu vou namorar sim, vocês querendo ou não, eu vou atrás da minha felicidade e um garoto perfeito não é o que vocês pensam...
Seu pai então fala:
- Filha, eu não quero ser chato, mas você só vai namorar com quem nós permitimos, e tem uma coisa eu não quero você pensando nem falando desse, tal garoto, que você viu na escola!
Então seu pai vai dormir um pouco preocupado, só sua mãe permanece ao seu lado, tentando entender sua filha ela fala:
- Filha tudo bem, que você tenha ficado curiosa ao ver pela primeira vez alguém naquela situação, mas dizer que poderia se apaixonar, isso nem de brincadeira! Me desculpa mas isso não aceitamos...
Ela enxugando as lágrimas, levantando, responde:
- Me desculpa mamãe... mas eu não vou desistir do que estou pensando!
Sua mãe com os olhos arregalados pergunta:
- E o que você está pensando filha?
Ela ainda chorando responde:
- Sei que você e o papai não aceitam, mas eu estou sentindo algo por aquele garoto, ainda não sei o que é, só sei de uma coisa não é pena. Eu acho que estou me apaixonado por ele! Não precisa nem dizer. Estou de castigo!
Sua mãe desesperada, sem entender o porquê de sua filha está assim pelo garoto, falou:
- Filha, você está ficando louca! Você não vai namorar com um garoto nessas condições, nem sem permissão. Ele não é uma pessoa para casar!
Não aguentando mais tanto insulto contra o garoto, ela levanta de sua cama,enxugou as lágrimas e disse:
- Meu herói não veio num cavalo branco,mas sim numa cadeira de rodas... Se vocês não querem aceitar tudo bem, eu vou lutar pelo amor dele, pois eu o amo além da estrutura física, não me importa o que acham ou o que ele pode ou não fazer! eu vou ser feliz ao lado dele e pronto.
Sem se quer saber o que "o tal garoto cadeirante" ia responder a ela, Luize decidiu lutar pelo seu objetivo. Parecia rebeldia de adolescente, ela queria mostra a seus pais que eles não podiam impor em sua vida, ou que pessoas com deficiência poderiam amar, mas do contrário do que muitos iam começar a pensar, ela já estava se apaixonando por Julius mesmo.
No dia seguinte, sua mãe conta tudo ainda nervosa conta tudo para seu marido, ele diz:
- Vou ter uma conversa com essa menina!
Mas sua esposa pede que ele tenha paciência, que Luize estava passando pela adolescência, e que tudo ia passar "era apenas uma fase". Dizia ela...
Dias ia se passando, e Luize estava proibida pelo seus pais de ir a praça, ou sair pra qualquer lugar, a não ser ir à escola. Passou dias trancada no quarto, só pensava no garoto, não por vingança, mas por amor. Todos os seus pensamentos, projetos, e sonhos foram se modificando. Como outras, Luize ainda achava que "cadeirante" significava limitado, mas pelo contrário eles poderiam ir além do que os outros pensavam.
Após uma semana de castigo, os pais de Luize decidem tira-la, porém que ela evitasse ver ou falar, e até mesmo de falar dele pra alguém, mas aquilo entrou por ouvido e saiu pelo outro. A primeira coisa que Luize fez foi ir de encontro ao menino e sua mãe, nesse dia ela foi a praça no exato momento, em que Julius e sua mãe ia passar pela praça, quando ela os ver ela apressa os passos, e os acompanha. E aproximando - se ela dá cadeira de rodas, eles tomam um susto, mas logo ela diz:
- Calma! Não precisam se assustar, sou eu aquela garota que dá outra vez se topou com vocês. Bom, acho que vocês perceberam, que eu olho bastante pra vocês.
Julius e sua mãe sorriem balançando a cabeça dizendo que sim. Luize continua falando:
- Bom, é que eu apenas quero conhece - los... e sem ninguém perguntar ela diz... - Meu nome é Luize fiz 15 anos semana passada!
Eles continuam sorrindo, vendo que ela ficou sem graça, Julius responde:
- Olá Luize, meu nome é Julius, tenho 14 anos! Sorriu ele com uma cara bem simpática...
Logo em seguida disse:
- E essa é minha mãe, dona Lourdes!
Dona Lourdes sorrindo diz:
- Filho, só não diga a minha idade!
Eles sorriram, e foram caminhando. No caminho, Luize pergunta a Julius:
- Julius posso te fazer uma pergunta?
Ele já imagino que vinha curiosidade, respondeu simpaticamente:
- Claro que sim Luize!
Quando ele a respondeu, ela ficou sem jeito, tímida, mas mesmo assim ousou perguntar:
- Julius, o que aconteceu para que você se tornasse um cadeirante?
Julius sorrindo, respondeu:
- Eu sabia que era isso... Vamos lá!
Eu nasci com mielomenigocele, uma doença que a coluna nasce aberta, e que pode afetar nervos das pernas, entre outros...
Ouvindo isso, Luize fica olhando para o garoto e perplexa. Imaginava, como seria nascer nessas condições, alguns passos a frente, ela mais uma vez pergunta:
- Desculpa essas perguntas, mas os médicos dizem as você pode voltar a andar?
Ele sendo levado por sua mãe, levanta a cabeça e olha pra ela que está ao seu lado, e responde:
- Não precisa se preocupar, todos me fazem essas perguntas. Os médicos dizem que tem possibilidades sim, com muitas cirurgia. Eu cheguei a pouco tempo dos Estados Unidos, fiz uma cirurgia lá!
Ela ficou surpresa, nunca imaginou que um cadeirante poderia sair de casa, quanto mais sair do Brasil. Imaginou " será que um dia ele poderia me levar a algum país" Então ela falou:
- Nossa você foi aos Estados Unidos? Sou louca pra visitar esses países...
Ele sorrir e diz:
- Sim, já fui! Visitei cada lugar lindo, e lá tem algumas coisas pra cadeirantes, que se você souber iria gostar. Um dia te conto se você quiser!
Sorrindo, Luize responde:
- Claro que quero saber!
Então Julius disse:
- Então, outro dia lhe direi!'
A conversa e a companhia estava tão boa, que Luize nem percebeu que já tinha passado da praça, onde ela ficava todos os dias. Chegando perto da escola de Julius, ela fala:
- Então tá certo, qualquer dia desses a gente marca para conversamos! Bom, vou voltar para a praça, conversar com meus amigos... até amanhã! Acho que nos veremos amanhã num é?
Dona Lourdes, mãe de Julius respondeu:
- Infelizmente amanhã Julius não vem à escola! Pois irei a um médico e o pai dele trabalha, e não tem ninguém que possa traze-lo e leva - lo pra casa...
Luize fica triste, um dia sem ver aquele menino para ela era um dia triste. Ela pensou, e pensou, logo veio a idéia em sua cabeça " minha oportunidade de conhece - lo mais, vou pedir para levá - lo" Então ela falou:
- Posso ir com ele, ou levá - lo em casa!
Dona Lourdes e Julius ficaram surpresos, não imaginavam que aquela garota teria coragem de carregar Julius, eles pensavam que para ela era vergonha, e dona Lourdes ficou preocupada com seu filho, para que Luize não o derrubasse da cadeira de rodas. Então ela falou:
- Não precisa minha querida, ele fica em casa mesmo, pelo menos ele descansa. E também você não tem experiência em empurrar cadeira de rodas...
Mas Luize insiste:
- Por favor, me deixe levar seu filha a escola, eu prometo que não o derrubo e aprendo a conduzir a cadeira de rodas dele. Irei procura vídeos na internet...
Vendo o interesse de Luize, e a forma que ela falava. Parecia mesmo que aquela garota queria mesmo ser amiga de Julius. Após alguns minutos pensando, dona Lourdes a chamou:
- Moçinha vem cá...
Luize volta correndo, e dona Lourdes fala:
- Amanhã esteja lá na escola do Julius às 17:00 hrs, eu levo o Julius à escola e você vai busca - lo.
Luize abre um sorriso de alegria, de canto a canto, da boca. Deu um abraço em dona Lourdes e falou:
- Obrigado dona Lourdes! Eu prometo que não vou desaponta - lá, chegarei cedo para buscar meu amigo!
Eles sorriem, e Luize volta para a praça. Chegando na praça, apenas Emília estava lá. Com simplicidade Luize a cumprimenta:
- Oi Emília, fiquei triste com o que você fez, mas não estou com raiva, tá!
Emília olha para Luize com uma cara feia, e responde:
- Eu vi você passando com aquele menino, sinceramente, amiga você é louca!
Naquele momento, Luize quase chorando de raiva. Como pode existir pessoas tão preconceituosas, sem amor, só por causa de uma limitação física de alguém. Porém Luize calou - se e foi embora, só pensava no amanhã, no dia em que pela primeira iria carregar o garoto que ela dizia ser o seu príncipe encantado. Qual será a reação de Julius, quando souber o que Luize sente por ele? Será que vai corresponder ou duvidar?
Para Luize só interessava que fosse recíproco, mesmo que demorasse, mas que ela conseguisse conquista - lo...

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