Royal

Capítulo Cinco

Passei a mão na testa impedindo que uma gota de suor caísse direto no meu olho. Eu estava no estúdio de dança, na ala oeste do palácio, já faziam horas, tentando colocar em forma de dança toda a frustração que eu estava sentindo. Só de pensar na bola de neve que minha vida tinha se transformado a raiva voltava com força total, e eu me via querendo socar e esmagar coisas como um monstrinho destruidor furioso.

Já havia se passado uma semana desde de que recebi a notícia que eu estava noiva, e sinceramente eu não gostava, e não gosto, nem um pouco da ideia, não que alguém vá levar minha opinião em consideração mas eu ainda assim estava soltando fogo pelas ventas. Estava evitando estar no mesmo ambiente que a minha mãe ou meu irmão Edward, que mas tarde descobri que sabia do acordo conjugal muito antes de eu mesma saber, e ainda assim não me disse nada. A essa altura você deve estar pensando que eu já devia saber quem ele era, como era, quantos anos tinha, se era fã de Harry Potter (esse é um fato muito importante, se ele não for Potterhead isso nunca vai dar certo), certo? Bem, é ai que você se engana. Eles decidiram me deixar totalmente no escuro. Eu ainda não fazia a menor ideia de quem ele é e nem de quando íamos nos encontrar pela primeira vez. Se é que vão me deixar conhece-lo antes de me jogarem nessa cova que chamam de "casamento". As únicas coisas da qual tenho certeza, é que já o odeio e vou fazer da vida dele um inferno.

  E nesse momento você deve estar me julgando,falando "Ah Katherine, mas ele também está sendo obrigado a se casar com você, ele não tem culpa e blá blá blá". Eu não quero saber se ele é tão vitima quanto eu, estou pouco me importando com isso. Eu quero jogar ele de cima da torre norte, que é a mais alta desse castelo. Eu não gosto do que está acontecendo com a minha vida e também não gosto dele e ponto final.  

O único ponto positivo nessa historia toda, , graças ao bom Deus, era que meu noivado ainda não era de conhecimento público. Ainda. Mas eu esperava que continuasse assim, pelo menos até que eu tenha fugido e esteja bem longe desse circo todo que um dia já foi conhecido como a minha vida. 

Uma garota pode sonhar né? 

 Meu corpo já estava exausto e todo melado de suor. Minha blusa já tinha sido arrancada a tempos, e minhas sapatilhas de balé já tinham sido substituídas por tênis confortáveis. Meu top estava encharcado e grudado no corpo como uma segunda pele. Meus cabelos estavam pingando suor e ondulados, uma confusão de fios, fazendo parecer que eu tinha um ninho de pássaros na cabeça. 

Minha silhueta se movia com movimentas rápidos e fluidos no reflexo dos espelhos acompanhando o ritmo da música. A letra me lembrava de momentos que eu queria, ao mesmo tempo, esquecer e viver de novo. De coisas que fiz e que talvez nunca mais pudesse fazer outra vez. A batida sexy me envolvendo. Então o refrão explodiu. Eu tava dando tudo de mim. Sentindo a letra, a música me dominando. A energia fluindo através de mim. Tanto que nem notei que não estava mais sozinha. 

-Adoro te ver dançar.- disse uma voz rouca de repente.

-Ahh! -dei um grito de susto, estremecendo enquanto tampava a minha boca com uma mão e levava a outra ao meu coração, que batia tão rápido que parecia que ia sair voando do meu peito. Ele gargalhou do meu pânico- Que droga Prescott! Seu idiota, quer me matar do coração?- coloquei as duas mãos nos joelhos e fechei os olhos brevemente tentando recuperar o fôlego.

-Me desculpe não queria te assustar. -sua voz estava mais perto quando falou dessa vez. 

-Então não chegue assim de fininho. Caramba, quase tive um treco. - levantei-me e olhei por cima do ombro pra falar com ele diretamente, jogando meu cabelo de lado pra tira-lo do meu rosto e poder vê-lo. Mas não esperava que ele estivesse bem atrás de mim. Levei um outro susto com a proximidade, soltando todo o ar de uma só vez. Seu rosto estava tão próximo ao meu que eu era capaz de ver cada poro do seu rosto, as pintinhas marrons dentro daquele verde liquido que eram os seus olhos, as pequenas sardas espalhadas abaixo de seus olhos e pelo nariz que eram quase imperceptíveis. Podia sentir seu hálito quente acariciar a lateral do meu rosto e eu senti todo o meu corpo esquentar.