Introdução: No telhado

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   Como sempre à essa hora da tarde eu estava no meu lugar preferido da casa; o telhado. Sei que pode parecer estranho mas sempre amei subir lá, acho que por causa da paz, dos pássaros e principalmente pelo lindo por do sol proporcionado pela altura do meu condomínio nas montanhas. Já era mais de 17:30 e eu ainda estava lá em cima ouvindo em meus fones a minha playlist de violino, músicas de se esquecer da vida. Estava totalmente distraída vendo aquele lindo por do sol até que ouvi um resmungos ao fundo da música que por sinal estava bem alta; tirei os fones para ver se ouvia algo, depois de alguns segundos escuto uma voz ofegante como se estivesse gritando a bastante tempo:

    -Elizabeth!!!- Era a minha mãe que parecia não estar muito bem humorada, me chamando pelo nome não é boa coisa já que costuma sempre me chamar de Liz. Desço com pressa mas com bastante cuidado para não escorregar nas telhas e acabar caindo lá de cima, não seria muito agradável não é mesmo? Minha mãe não fazia ideia que eu subia lá e se ela soubesse não ia dar boa coisa. Então eu não podia fazer barulho.

    Saio pela janela do quarto de hóspedes e vou em direção ao corredor que liga todos os cômodos do andar de cima, tomando cuidado para não pisar agressivamente nas tábuas que rangiam no piso. Da escada no fim do corredor eu grito perguntando o porque de minha mãe estar me chamando; meio sem paciência ela responde:

    -Já estou te chamando pra vir jantar há horas!- Ligo a tela do celular e percebo que ainda são 18:00, achei meio cedo pra jantar mas desci mesmo assim. Chegando na cozinha acabei reparando em uma coisa que nunca tinha percebido antes, ela era bem pequena pra três pessoas, e ficávamos nos esbarrando sempre que estávamos todos comendo algo. Minha mãe meio impaciente pergunta em que mundo eu estava pra não ter ouvido todos os seus gritos; realmente a resposta pra essa pergunta nem eu sabia; acabei dizendo que estava ouvindo musica alta e acabei me distraindo. Nem questionei o motivo do jantar ser tão cedo, estava realmente distraída, acho que sempre fui assim. Eu, minha mãe e meu pai estávamos bem calados enquanto comíamos o resto do risoto que minha mãe fez para o almoço; quebrando o silencio minha mãe acaba soltando uma frase:

    -Então... amanha é o primeiro dia de aula, não é?

    -É.- Falo engolindo um pouco do risoto que estava bem gostoso para uma comida reaquecida.

    -O primeiro ano deve ser difícil, então é bom você prestar bastante atenção nas aulas.

    -Eu vou mãe.- Falo meio irônica já que sempre presto atenção na aula e anoto tudo; sou uma das poucas que faz isso. Acabo de jantar e peço licença para subir pro meu quarto. Fiquei mais ou menos 30 minutos jantando e agora já eram 18:40, adoro olhar as horas para seguir a minha rotina. Sou uma pessoa bem certinha com essas coisas. Já que amanhã era o primeiro dia de aula eu teria que dormir cedo, minha vã passa na porta de casa as 6:00 já que meu condomínio é um pouco longe da escola, e a aula começa as 7:10.

    Tomo banho e visto um pijama de manga e short, ambos azuis, minha cor favorita; a blusa bem larguinha por causa do calor que estava fazendo. Eram 20:00 e eu teria que dormir ás 21:00; tinha um pouco de tempo então pego um caderno velho e começo a desenhar coisas aleatórias enquanto escuto algumas músicas. Depois de alguns rabiscos e de várias músicas tocadas eu resolvo ir dormir para acordar sem muito sono no dia seguinte; ajeito eu cabelo no travesseiro, coloco o celular para despertar as 5:00 e desligo a luminária que iluminava todo o quarto naquele momento. Quando fiz isso senti um calafrio percorrer todo o meu corpo; desde criança não consigo dormir no escuro, algo me assusta em meio as sombras; mas agora já estou me acostumando; mesmo assim ainda durmo com a cabeça totalmente coberta pelo lençol. Fecho os olhos e penso em tudo que pode acontecer amanhã; alunos novos, sala com alunos aleatórios que talvez eu nunca tenha percebido que estudavam lá antes. Talvez tudo mudasse, talvez eu fizesse mais amigos ou me afastasse de alguns; a curiosidade me dominava e em meio aos pensamentos acabo dormindo; em algumas horas eu saberia tudo que estaria para acontecer.

(Capa: Liz)

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