Quem somos antes das decepções?

Quem é?

Acordo cedo e caminho pela casa, mais um dia como qualquer outro. Sinceramente eu quero muito voltar pra cama, eu estava sentindo uma dor de cabeça muito forte e que não passava de modo algum. Fui pra sala onde minha mãe estava.

- Mãe, estou com muita dor de cabeça.
- Tome um remédio e deite pra ver se passa.
- Ok!

Fui até a cozinha onde tinha uma caixinha com muitos remédios. Peguei um para dor de cabeça, enchi um copo com água e tomei os dois. Subi para o meu quarto. Deitei. Dormi.
Meu celular tocou. Era o meu pai pedindo para abrir o portão que ele estava chegando. Que horas são?
Meu Deus, eu tinha perdido aula era quase a hora do recreio na escola. Desci para cozinha e minha mãe estava assistindo um vídeo no YouTube.
- Oi!
- Você está melhor querida?
- Sim!
Corri para a garagem para abrir o portão, meu pai entrou na garagem e saiu do carro arrumando a gravata.
Entrou na cozinha sem nem me dar um "Oi".

- Amor- Ele disse pra minha mãe. - Nós vamos ter que sair pra uma reunião. Se arrume depressa.
- O que? Mas a Sophya está doente.
- Eu já estou melhor mãe! - Eu me meti na conversa.
- Tá vendo querida? Ela está bem!
Minha mãe subiu. Dentro de 30 minutos ela desce toda arrumada. E os dois saíram , mas antes me deram "Tchau".

Por que meu pai saiu cedo do trabalho, e veio apressar a mamãe pra uma reunião, que reunião é essa?
Sentei no sofá, liguei a TV e relaxei.
A campainha tocou.
O que? Mas eles saíram não faz nem uma hora, o que será que está acontecendo?

- Quem é? - Eu disse me levantando do sofá.
Ninguém respondeu e mais uma vez a campainha tocou.
- QUEM É? - Eu gritei já chegando na porta e abrindo.

Assim que eu abro a porta, Thiago me dá um abraço apertado.

- Você está bem?- Ele diz.
- Aham!
- Certeza? - Ele me olha como se estivesse me examinando pra ter certeza de que não tem algo errado.
- Tenho!
- É que... Você faltou hoje, eu pensei que tinha acontecido alguma coisa. Você não é de faltar.
- Não, eu estou bem.
- Às vezes eu tenho a impressão de que você quer me matar de susto.

Rimos. Ele entrou. Meu pai não podia sonhar que ele está aqui. Sentamos no sofá da sala.

- Ei! - Ele disse quebrando o silêncio.
- Oi!
- Como consegue ser tão linda?
- Linda? Estou bem longe disso. Com certeza, bem longe.
- Eu não acho!
Corei e abri um sorriso, mas não era verdadeiro.
- Do que você tem tanto medo? - Ele me perguntou.

Ele tocou no assunto que eu estava evitando.

- Como assim?
- Você tem medo dos seus sentimentos, eu sei disso! Qual é o motivo?
- Ah, para!
- Por favor, me conta.
- Thiago, não,  não tem nada pra contar. Eu não tenho o que sobre isso.
- Ah, pelo amor de Deus né, deixa de besteira.

Ele era meu melhor amigo, não era? Suspirei.

- É só que eu tenho medo de me machucar, entende?
- você acha que eu faria isso?
- Eu não sei!
- Não sabe? Como não sabe?
- Desculpa, eu realmente não sei.

Ele se aproximou, olhou em meus olhos tentando procurar algum sinal de que o que eu estava falando era uma grande brincadeira.  Não era.

- Tudo bem! Eu tenho que ir.- Ele diz já se levantando.

Levantei e o levei até a porta e lá paramos. Ele estava de frente pra mim.

- Tem certeza de que está bem mesmo né?
- Tenho.

Silêncio. Nada mais que um agoniante silêncio.

- Então...?-  eu disse, na esperança de que ele dissesse alguma coisa que acabasse com esse clima.
- É, Então... Ok, né? Você tá bem. Que bom! Vou indo então.

Ele me olhou por mais alguns segundos e me abraçou forte, um abraço quase acompanhando de uma fala que não foi dita, eu sabia exatamente o que ele quis dizer, "Por que tá agindo dessa forma?",  era isso que o abraço dizia, e essa pergunta nem eu sabia responder. Foi embora.
  Voltei pra dentro de casa e só aí percebi que tinha deixado a TV ligada esse tempo todo. Sentei no sofá e lá fiquei até meus pais chegarem.

Mais tarde, no meu quarto, não conseguia parar de pensar sobre a conversa de hoje. Não conseguia entender o motivo de eu ter tratado e daquele jeito? Qual era a necessidade de ser tão grossa  e de duvidar dele? Horas e horas pensando, até que dormi