Silêncio

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Na escola, não nos falamos o dia inteiro. Eu realmente não sabia o que falar, mas eu sentia a falta de ouvir a voz dele e até mesmo das nossas conversas. Aquele silêncio entre nós me incomodava bastante. Eu sentei no meio e não no fundo da sala onde ele estava. Sentei na frente de um garoto chamado Neto, ele aparentava ser legal , mas eu queria muito saber o que ele tinha demais já que várias meninas eram caidinhas por ele. Ele era bonito, tinha o cabelo castanho escuro sempre arrumadinho, era magro e os seus olhos eram castanhos claros. Neto começou a conversar comigo, ele percebeu que eu não estava bem.

- Sophya!
- Oi! - eu disse virando pra trás, para olhar para ele.
- Você está bem?
- Aham!
- Não é o que parece!

Naquele momento me deu uma vontade enorme de chorar. Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Nem tudo é o que parece, e eu já disse que estou bem, não disse?
Virei pra frente novamente e abaixei a cabeça. Suspirei.
Neto se levantou de sua cadeira e se ajoelhou ao lado da minha.

- Quer conversar?
- Não. - As lágrimas escorregaram lentamente pelo meu rosto, nem sabia o motivo de estar chorando.
- Você tem certeza?
- Não.

Ele segurou o meu braço.

- O que é que está acontecendo?- Ele me perguntou um tanto preocupado.
- Eu não sei, só estou sentindo algo estranho. Eu tenho medo de me magoar, é normal não é?

Eu não acredito que eu estava me abrindo com uma pessoa que eu nem tinha afinidade. Apesar de que ele parecia ser confiável e uma boa pessoa. Senti que podia me abrir com ele ou até mesmo confiar. Era estranho? Era.
Mas eu não me importei. Eu estava me sentindo bem falando  como eu me sentia pra ele.

- Sim, é normal. Alguém te magoou?
- Não. É só que eu acho que gosto de uma pessoa e tenho medo de me machucar.
- Sei como é! Eu só namorei uma vez. E o namoro só durou três meses. Ela me magoou muito.
- Tá e como isso me ajuda?
- Sei lá! - ele deu de ombros - Eu só quis que você soubesse que é normal, eu acho!- demos uma risada.

O sinal tocou para o intervalo.

- Ei! Você vai ficar na sala?- ele perguntou.
- Eu acho que sim!
- Vamos pro pátio. Esquece isso por uns minutos vai!
- Ah, não, obrigada!
- Vai mano, deixa de coisa! - fala me puxando pelo braço
- Fazer o que, né? - revirei os olhos e ele sorriu e me ajudou a levantar.

O pátio estava cheio, mas no meio de tanta gente consegui encontrar Thiago que por acaso, ou não, estava olhando pra mim, me senti agoniada, pois eu não sabia ao certo o motivo de eu não estar falando com ele, eu acho que por vergonha de ter magoado ele na noite anterior.
Eu desviei o olhar e fingi que não tinha visto ele.
Percebi que Thiago estava se aproximado, então eu entrei na sala e disse a Neto que eu não queria mais ficar ali fora e ele entrou comigo.
As aulas, passaram depressa,na verdade eu nem tava prestando muita atenção, estava desenhando e rabiscando nas últimas folhas do caderno e não fazia a mínima idéia do que se tratava o assunto da aula, quem nunca?
Na saída da escola, Neto me deu seu número, caso eu precisasse ligar. Aceitei, mas não garanti que ligaria.

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