Adeus, confiança!

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Assim que cheguei em casa depois da escola, abri a porta com um pouco de receio,  não sabia o que eu tinha feito de errado... Eu não sabia o que me aguardava
Entrei em casa e não vi ninguém o que fez com que eu ficasse mais calma. Corri para o quarto e tranquei a porta, sim, eu estava com medo de um erro que eu nem sabia se realmente tinha ocorrido. Foi escurecendo e eu resolvi descer, o meu pai já estava em casa e é claro que eu não podia ficar trancada no quarto pra sempre. Passei pela sala e meu pai estava lá, mas não tão nervoso e irritado como antes. Fui para cozinha, eu precisava comer alguma coisa.
O meu pai entrou na cozinha. Meu coração acelerou.

- Sophya! - ele disse, voltando ao estado em que ele estava ontem à noite.
- Senhor? - Respondi.
- Não tem nada que queira me contar? - falou com os braços para trás e um tom de voz mais alto.

Pensei, pensei, pensei e nada. O que ele queria que eu falasse?

- Não, nada.
Ele veio em minha direção rápido. Me segurou pelo braço e me encarou, me sentou na cadeira e se afastou um pouco.
- NADA?- ele começou a gritar e eu já estava ficando assustada. O que eu fiz pra ele? O jeito que ele gritava comigo estava me deixando pra baixo. Eu estava com medo.
- É pai nada, me solta. - disse com uma voz chorosa.

É, eu estava me esforçando ao máximo para não chorar.

- A sua mãe me disse, que você está se encontrando com um garoto. E você não me diz nada? É isso?
- O que? - A minha mãe fez o que? Eu não estava acreditando. Fiquei com muita raiva e comecei a chorar.

E o que ele queria? Como assim não me disse nada? Desde quando ele tinha tempo pra mim? Desde quando eu tive espaço pra conversar com ele sem que ele levasse tudo na brincadeira? Desde quando eu me sentia a vontade pra isso?

- É isso mesmo! Sabe o que vai acontecer? Você vai ficar de castigo, CASTIGO! Está entendendo?

Assim que ele se afastou mais,levantei e ligeiramente caminhei até o meu quarto e ... Bom, sem querer acabei fechando a porta com força de mais. Ouvi passos fortes subindo as escadas.
Por favor não, por favor não. Era só o que eu conseguia pensar.
Ele abriu a porta do meu quarto, não entrou, apenas gritou.

- Não bata a porta pra mim, está me ouvindo?

Bateu a porta e foi embora.

Eu não estava acreditando que a minha mãe tinha feito isso! Eu estava com muita raiva mesmo. Me joguei na cama e abracei o travesseiro e comecei a chorar.
E agora? O que eu faço?
Deitada de barriga para cima, fechei meus olhos em busca de respostas, mesmo sabendo que talvez nunca as encontraria.
Adormeci.

No dia seguinte, acordei com uma dor de cabeça forte. E como de costume, fui ao espelho. Os meu olhos estavam inchados e havia marcas de rímel em meu rosto. Fui ao banheiro e limpei.
Desci e assim que cheguei na cozinha, me deparei com a minha mãe. A vontade que eu tinha era de recuar, mas eu continuei andando.

- Bom dia, querida! - ela quebrou o silêncio.
Permaneci calada.
- Filha?
Abaixei a cabeça e continuei sem responder.
- Você está me ouvindo falar? - Continuou, com a voz cada vez num tom mais sério. Ela estava quase gritando.

Abri a geladeira, tirei a garrafa de refrigerante de dentro e me virei para ela e depois desviei o meu olhar dela.
Ela se aproximou. E continuou:

- Você está surda menina? Não me ouve falar?
- Pra que? Me diz, o que é que você quer que eu fale? Você quer ouvir um "bom dia"? Poxa, que pena! Mas eu tô correndo o risco de te dar bom dia e a humanidade inteira saber em menos de cinco minutos! - Me exaltei e comecei a gritar com ela. Fiz errado? Fiz. Agi sem pensar.

Ela cerrou os punhos. E estava cada vez mais próxima. À medida que ela se aproximava eu me afastava aos poucos. Mesmo recuando, permaneci com uma seriedade enorme. Fui me acalmando e pensei em minha ação rapidamente e continuei a falar só que dessa vez um pouco baixo.

- Poxa, eu confiei em você! - suspirei.

O olhar dela mudou. E ela deu um suspiro. Seu olhos, se movimentavam rapidamente, como se estivessem a procura de algo, como se ela tivesse ... desesperada.

- Filha, desculpa!- falou calmamente.- Eu não tive a intenção de te magoar.
A raiva foi voltando e lentamente tomando conta de mim e eu não me importei com o pedido de desculpas.

Eu sabia que era mentira, afinal não era a primeira vez que eu tentei confiar nela. Pois é meus segredos de vários tipos já foram para os ouvidos de pessoas como: vizinhos, amigos da minha mãe, parentes, familiares que eu nem conhecia e não vamos estender essa lista, pois eu passaria horas aqui.

- Não queria me magoar? Que pena que isso não aconteceu. E eu só quero que saiba que não apenas me magoou como também destruiu a nossa "relação", você destruiu a "nossa intimidade".
- Eu sei, meu bem, isso nunca mais vai acontecer, eu prometo!
- Claro que isso nunca mais vai acontecer, e sabe por quê? Porque eu NUNCA mais, vou te contar nada. Pois além de destruir tudo aquilo, você destruiu ... a minha confiança! - meu dedo indicador estava apontado para ela.

Ela abaixou a cabeça percebi que por mais que eu tentasse, ela nunca mudaria. Ficamos em silêncio mais uma vez. Eu encarei ela e fui embora para o meu quarto me arrumar para ir para escola. Eu ainda estava com dor de cabeça e a briga me deixou pior. Porém eu ainda queria ir para escola, não por Thiago, mas pelo fato de que em casa era o único lugar onde eu não queria estar naquele momento.
Saí de casa um pouco mais cedo para passar na casa de uma amiga, Luna, ela era toda"doida", ela sentava do meu lado, e me fazia rir como uma idiota. Luna tinha uma dificuldade na fala, o que fazia com que ela gaguejasse de vez em quando, mas eu não ria por isso, ela era obcecada pela one direction, e falava coisas meio sem sentido. O fato de ela gaguejar às vezes, só deixava um pouco mais engraçada. Cheguei em sua casa, mas não entrei, eu esperei ela do lado de fora. Eu só queria ir ouvindo ela falar as loucuras dela para eu me desligar um pouco do que estava acontecendo. E funcionou. Era incrível, ela sempre conseguia me fazer sorrir.

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⏰ Última atualização: Aug 08, 2020 ⏰

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