Falta

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Encontrei jogada na rua a luta passada.
Uma mãe ajoelhada, em prantos, desconsolada, desesperada...
Teu silencioso grito ecoava na silenciosa quebrada.
Uma mãe desorientada, inconformada com a falta do que não falta.
Não foi por má vontade, não faltou conselhos...Aquele sangue que não valia de nada ali na calçada, não foi falta de luta.
Mas escola não era escola, escola era política!
Noticias todos os dias das aulas que não tinham,
Professores que não tinham,
Segurança que não tinham,
A falta do que não falta, fez faltar a aula...
A falta do que não falta se fez ausente em casa,
A falta nem sempre foi falta...
As vezes estava até presente, mas a tua presença era como falta;
Ninguém notava, ninguém sentia falta...
Quer dizer... sentiram falta de objetos que começavam a desaparecer.
Falta de uma corrente, de um pingente,
Falta de um celular, de um pente,
De um relógio de um parente...
E o aluno que fingia aprender, fingia ter escola, fingia ter escolha, fingia viver...
Fingia não sentir falta da falta do que não lhe falta.
E começou a ir atrás do que nunca lhe faria falta...
Ele se revoltava, ninguém sentia tua presença,
Era como pet de estimação dos burgueses que ele enfrenta.
Tua bandeira já apagada, tinha uma mensagem escrita a mão;
Que dizia que a luta dos estudantes seria a solução...
Mas ninguém ouvia teu grito, todo mundo julgava ser atoa,
E a falta do que não falta, faltava para todo mundo,
Alguns conseguiam se ajeitar no mundo, mas outros confusos perdiam o rumo...
E a falta do que não falta mudou o semblante do garoto, foi preso, foi solto...de novo e de novo...
Até que se ouve o pipoco, e foi ali na estrada...
Encontrei jogada na rua a luta passada;
Uma mãe ajoelhada, em prantos, desconsolada, desesperada...

- Jordan Vilas Boas 


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