Capítulo 6

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Oh there's a very pleasant side to you

A side i much prefer

It's one that laughs and jokes around

- Arctic Monkeys, "Mardy Bum."

Vários segundos se passaram até eu forçar o meu olhar longe da cena que se desenrolava na minha frente e me concentrar no que meus amigos estavam conversando.

Em algum momento, o tópico: "Jared Letto" se tornou o tema principal da conversa. Algo sobre como ele ficava mais gato, se era atuando ou como cantor - Al defendia fervorosamente ele como cantor. Renna e June tentavam fazê-lo mudar de idéia, mas sem muito sucesso.

Fiquei feliz pela mudança repentina de assunto. Pude ter tempo para esclarecer minha mente à respeito do meu breve pensamento repentino, que estava a ponto de me fazer surtar interiormente.

Ciúmes? Sério? Onde eu estava com a cabeça quando logo essa palavra me veio à mente? Tudo o que eu senti foi surpresa, isso é tudo, não foi nada demais. Qualquer pessoa teria essa reação, certo? Certo! Foi totalmente normal. Eu não precisava ficar neurótica por causa disso ou então teria que fazer uma lobotomia.

Sem poder me ajudar, dei mais uma olhada na mesa ao fundo. A cena ainda era a mesma: Dewayne sentado na cadeira e a garota morena em seu colo, parecendo muito íntimos, íntimos até demais para o que seria permitido em um refeitório.

Meus olhos ainda estão neles quando ele levanta a cabeça e olha em minha direção, me encontrando imediatamente. Antes que eu desvie o olhar, ele me lança um sorriso cínico e volta a enterrar o rosto do pescoço da garota.

Era como se ele estivesse me dizendo algo, mas o que? Balanço a cabeça pra afastar os pensamentos e volto a comer minha salada de frutas. Digo a mim mesma pra esquecer isso enquanto tento prestar atenção na conversa que flui na minha mesa.

Logo que saímos do refeitório, nos despedimos de June que tem aula em outro prédio do Campus, do lado oeste, e vamos pra sala de aula. Fiquei feliz em ver que Al, Renna e eu dividimos Artes juntos.

Portas se abriram e os estudantes se derramaram no corredor. Nosso pequeno grupo esperou até que a sala se esvaziou antes de ir para dentro, pegando três assentos na parte traseira, com Al no meio de nós. Conforme eu puxava a minha enorme bolsa – eu poderia derrubar alguém se batesse com meus três cadernos, – Al agarrou meu braço.

Malícia e caos total enchiam seu olhar.

- Você não pode descartar a astronomia. Para passar por este semestre, devo viver através de você e ouvir sobre o Dewayne pelo menos três dias por semana.

Eu ri baixinho.

- Eu não vou largar a matéria. - mesmo que eu meio que quisesse agora. - Mas duvido que eu vou ter algo para te contar. Não é como se nós fôssemos nos falar de novo.

Al soltou meu braço e se sentou, olhando-me nos olhos.

- Famosas últimas palavas, Sweet Honey.

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Muitas vezes eu me perguntei se todo esse lance de experitualismo era verdade e não apenas farsa de algum charlatão querendo tirar vantagem de um pobre coitado. E, se realmente fosse verdade, se voltamos em outra vida, encarnados em outro corpo, buscando completar aquilo que não pudemos na nossa antiga. Que realmente deveríamos ser boas pessoas, praticar o bem, para que quando viessemos como outra pessoa não precisássemos pagar os erros antigos.

O famoso e odiado carma. Se fazer o mal, receberá o mal. Se fizer o bem, receberá o bem. E todas essas coisas que a gente tá cansado de ouvir mas que não dá muita importância.

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