Há quatro meses...
Por Eduardo
He knows. Dirty secrets that I keep. Does he know it's killing me? He knows, he knows.
Does he know another's hands have touched my skin? I won't tell him where I've been. He knows, he knows, he knows
Abri a mala em cima da cama.
Primeiro as calças. Jeans, leggins, de trabalho, essas outras que não sei o nome.
Então os shorts e saias. Ela tinha muitos, mas eu coloquei tudo dentro da mesma mala. Eu não dava a mínima se todas estavam ficando amassadas.
Abri outra mala. Ali, os vestidos. Camisas. Não coube.
Abri a terceira mala. Mais camisas, estampas e formatos diferentes. Coube. Lingerie. Todas aquelas bugigangas que encontrei em cima do aparador e na pia do banheiro. Couberam também. Abri a última mala. Joguei os sapatos. Todos eles. Era incrível como essa mulher não morava comigo, mas mesmo assim havia tantas coisas dela na minha casa. Ela me alcançou quando eu fechava o zíper da última. Peguei meu celular e comecei a chamar um táxi bem quando ela tentou me parar.
– Que malas são essas, Eduardo? – A mulher simplesmente não consegue me chamar de Edu. O mundo inteiro me chama de Edu, menos ela. Isso nunca me irritou, até agora.
Qualquer coisa é capaz de me irritar agora.
– São suas. – Ela caminhou até ficar na minha frente. A pessoa do táxi atendeu.
– E o que significa isso?
Eu a ignorei, porque estava dando meu endereço e pedindo um táxi o mais rápido possível. A pobre atendente pediu de cinco a dez minutos ao ver minha afobação. Deveria ter pedido pelo aplicativo.
– Que você está sumindo da minha vida. – eu disse simplesmente, quando desliguei o telefone.
Era bem simples, na verdade. O táxi chegaria, eu colocaria todos os pertences dela dentro dele e ela desapareceria da minha vida. Ela e o par de chifres que eu recebi.
– O que foi que eu fiz? – Ela me segurou pelos ombros, para que eu a encarasse.
– Você sabe o que fez, Rafaela.
Ela me olhava realmente em dúvida. Por um segundo eu ponderei estar errado, mas o vídeo deles dois veio em minha mente. O modo como ela olhava para a câmera, como se o desejasse mais do que qualquer coisa. O modo como as mãos dele tocavam o corpo dela, como se ela o pertencesse.
– Se eu soubesse, não estaria perguntando, idiota. – Foi o que ela respondeu. Seu tom sarcástico foi o gatilho para que eu soltasse de uma vez:
– Eu sei o que você fez no verão passado. – E isso não é uma brincadeira idiota com o título do filme. Eu realmente sabia.
Vi pavor nos olhos dela. A boca dela se abriu e fechou algumas vezes. A centímetros de distância, eu podia sentir seu medo.
It's tearing me apart. She's slipping away (I'm slipping away). Am I just hanging on to all the words she used to say?
The pictures on her phone. She's not coming home (I'm not coming home). Coming home, coming home.
– O... O que? – ela gaguejou. – Você sabe o que?
– Eu vi as fotos, Rafa. – Seus olhos esbugalharam-se. – Você mentiu para mim esse tempo todo.
– Eduardo, eu não sei do que você está falando. – Ela estava tentando me enganar, como ela sempre fez. Fingindo-se de inocente.
Só que eu não vou cair dessa vez. Então eu expliquei a ela.
– No verão passado, enquanto eu estava na África, em trabalho voluntário, você não estava em Campos com seus pais. – Eu passei dias debaixo do sol em um grupo de ajuda humanitária. Como recém-formado em enfermagem, eu precisava de experiência e eles precisavam de ajuda.
– É claro que eu estava, meu amor! – Ela tentou.
– Não, Rafaela. Você perguntou e eu vou dizer o que aconteceu. Vou dizer em detalhes. No verão passado, enquanto eu estava na África, você foi para uma casa de praia em Cabo Frio. Uma casa de praia que eu conheço muito bem, porque passei a minha adolescência inteira lá. Casa de praia essa que pertence ao Vinícius, um dos meus grandes amigos que simplesmente não consegue mais olhar na minha cara, desde que eu voltei de viagem.
– Meu amor... – Havia arrependimento nos olhos dela.
– Você precisa ir embora. – Desci duas malas de cima da cama e comecei a sair do quarto, pronto para levá-la até a porta.
– Não foi isso, Eduardo. Não foi assim. Você não pode me expulsar.
I know what you did last Summer. Just lied to me, "there's no other".
I know what you did last Summer. Tell me where you've been.
I know what you did last Summer. Look me in the eyes, my lover.
I know what you did last Summer. Tell me where you've been.
Eu parei e deixei as malas dela caírem no chão. Caminhei até ela e parei a centímetros do seu rosto.
– Olha para mim, Rafaela. – Juro que não estava nervoso. Não fui rude. Eu só estava sério. – Olha nos meus olhos, "meu amor", e responde. Onde você esteve? – Ela desviou o olhar. Ela olhou para o chão, para o teto, para todos os lugares, menos para mim. – Diz! – Dessa vez eu gritei.
– Eu não posso mentir para você, Eduardo! – Ainda sem me olhar, ela esbravejou.
– Você mentiu para mim! Você disse que não havia mais ninguém! – Eu quis sacudí-la, mas eu poderia ser muito bruto e machucá-la. E eu não sou do tipo que machuca uma mulher, mesmo que ela tenha me colocado um belo par de chifres.
I didn't mean it, no, I didn't mean it, mean it, no
Can't seem to let you go, can't seem to hold you close
– Eu menti, ok? Eu menti! – Ela explodiu, dando um passo atrás. – Eu sabia que se eu dissesse a verdade, eu iria perder você.
– Sabe qual é o pior? Mesmo você assumindo o que fez, eu não consigo te deixar.
– Eu não queria fazer isso, amor. Eu juro.
– Eu também não consigo pensar em ficar com você agora, Rafa.
Ela veio até mim e me abraçou com força. Eu não pude retribuir o abraço. Então ela sussurrou.
– Eu entendo que você me odeie. Amo você, Eduardo. Não deixe esse pequeno erro destruir o que nós temos. – Ela fechou os olhos por um momento e os abriu novamente. – Eu vou. Quando você estiver pronto para conversarmos, eu vou estar esperando por você. – Então ela se afastou e olhou nos meus olhos. – Se você não me procurar, eu vou atrás de você. Não terminamos. – Ela pegou as malas que conseguiu e foi em direção à porta. Eu fui atrás com as que restaram.
Enquanto eu a assistia partir, eu tive sentimentos mistos.
Rafaela estava indo embora, depois de ficarmos juntos por três anos. Três longos anos.
Eu não estava triste nem feliz. Nem chorando nem sorrindo. Nem de coração partido nem pronto para outro relacionamento.
Na verdade, eu estava sem reação. Eu nem queria pensar nisso. Então eu não pensei. Não pensei durante um mês, até que ela apareceu.
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Fria Como Pedra
RomanceHistória dividida em cinco capítulos. Início das postagens: 19/6 xx Sinopse: Estávamos felizes. Meus amigos adoravam meu namorado. Eu adorava os amigos dele. Dessa vez, ele estava com os amigos. Então ela chegou. Linda, deixou meu namorado petrifica...