Chapeuzinho vermelho.

53 8 1
                                    


-Você tem sorte de ter um carro para entregar, isso é delicado e muito pesado. - Ele colocou as caixas de entrega no banco de trás do carro.

-Ahan. - Apenas afirmei. Cameron puxava diversos assuntos e eu concordava.

Entramos no carro estacionado em frente ao café. Sentei no banco do passageiro e ele ligou o carro.

-Agora, é só colocar o endereço no GPS e ... pronto! Vai, nem é tão complicado.

-É, parece ser fácil mesmo. - liguei a rádio. - Bem melhor.

-Quero trabalhar com carros agora, é complicado demais ter que ficar colocando fones de ouvido por baixo da roupa. - Rimos.

-Deve ser legal entregar de moto. Pensa comigo. - Ele dirigia e olhava para mim a cada dez segundos. - Você está um pouco mal e vai trabalhar, pega a moto e sente a brisa batendo no seu rosto gelado, e seu cabelo voando, deve ser uma sensação boa.

-Nunca andou de moto?

-Nunca, eu tenho medo.

-Medo? Mas você não acabou de dizer que deve ser legal!

-Sim, deve ser legal! Mas tenho medo de cair ou coisas assim. - Rimos.

-Posso te levar para andar de moto se quiser...

-Iria adorar!

-Poderíamos até fazer uma aposta...

-estava bom demais para se verdade.

-Você andará de moto comigo por uma semana no trabalho... E se você aguentar, te pago um Hamburger, se não, eu fico com esse carro.

-Não faz isso comigo, colocou comida no meio o negócio ficou sério... Aceito! Espero que não seja outra merda que vai vir para mim.

-Azarada na vida? - Olhei para ele e bufei.

-Até demais! - Aumentei o volume do rádio.
 
                    **

-Megan!!!! - Minha mãe se jogou em cima de mim.

-O que você quer? - Olhei no relógio e eram oito horas horas da manhã. - O que você quer essas HORAS DA PRECIOSA MANHÃ?

-O pai do Matt conseguiu vender a casa que eles moravam, e como somos bons vizinhos você vai levar querendo ou não querendo, uma cesta com algumas coisinhas deliciosas que comprei!

-Não vou me pagar de chapeuzinho vermelho mãe! - Peguei o cobertor que ela havia tirado e me cobri de volta.

-Vai sim, se não eu vou ser o pior lobo mal que você já ouviu falar.

-Você tá de brincadeira comigo né?  Primeiro, você pega o pai do menino que está fazendo minha vida um inferno, estou tentando esquecer isso indo trabalhar, o que é muito esquisito para uma menina normal da minha idade querer esquecer os problemas no trabalho! Geralmente eles que dão problemas. Minha cabeça tá girando um zilhão de vezes por minuto e você me acorda pra dizer que vai ser o pior lobo mal da minha vida? Sério mesmo?

-Não venha querer jogar isso tudo na minha cara agora Megan! Nós já brigamos ontem à noite e eu não quero voltar a essa discussão! Quantas vezes vou ter que repetir que eu não sabia sobre você e o Matt minha filha? Olha eu nem vou voltar a esse assunto, você vai entregar sim essa cesta, e seja educada! - Ela saiu pisando forte, bateu à porta do quarto e eu bati minha cabeça contra a cama.

Ela tinha razão. Eu não havia dito nada sobre nada. Mas fica difícil esquecer tudo com o cara que fez isso tudo acontecer morando na minha casa.

Respirei fundo e troquei de roupa. Desci as escadas e peguei a cesta que estava no balcão.

Em menos de um minuto já estava batendo na porta.

Não acreditei quando meu mais novo vizinho abriu a abriu. Puta que me pariu, vida já pode parar com essa gracinha de surpresas beleza?

-Cameron? Uau por essa eu realmente não esperava!

-Megan? nossa! O que você está fazendo aqui?

-Sou sua nova vizinha. - Apontei para minha casa. - Minha mãe pediu para que eu entrega-se essa cesta pra vocês como boas vindas. - Me concentrei em seu corpo, ele estava apenas de calça de moletom. Ele era incrivelmente lindo.

Lindo e gostoso. Lindo e gostoso e maravilhoso. Lindo e gostoso e maravilhoso e...

-Ah obrigado! Foi muito gentil da parte de vocês! - Voltei meu foco a realidade. Não que aquilo seja surreal mas nossa senhora é surreal.

Pera aí que?

-Que isso! Espero que goste!

-Então isso significa que você vai ter que me aguentar não só no trabalho mas como vizinho?

-Destino tá aí pra isso! - Demos risada e ele no mesmo instante parou e sua expressão ficou séria, percebi que ele estava olhando para a cesta. - Algum problema?

-Não... Nada. - Ele coçou a garganta.

-Eu preciso ir. Até amanhã então. - Me despedi dele com um aceno.

Voltei para casa e Abigail estava com algumas sacolas de compras em suas mãos.

-Megan! Como foi? Quem são nossos vizinhos novos? São legais? Morreu por ter ido lá? Acho que não! Aprendeu que deve me obedecer?

-Aprendi mãe. - Dei uma risada - Foi legal, eu conheço ele, trabalha junto comigo no café, se chama Cameron. Cameron Dallas para ser mais exata.

-Que bom! Então já temos uma certa intimidade com nossos vizinhos novos. E a sua família como são?

-Eu não sei, só falei com ele mesmo.

-Entendi, agora tem como você ajudar eu e o seu novo padrasto com as compras estão no porta malas? - Assenti e fui para lá.

Sai de casa para ir pegar as compras, o carro estava estacionado na rua.

Sem querer bati meu braço em um galho de árvore, o que me fez parar e ver o arranhão no cotovelo. Parada na grama, ouvi um barulho perto das latas de lixo, fiquei assustada. Olhei de um lado para o outro mas não via ninguém.

O barulho se aproximava e fica mais alto e forte. Passos devagar estavam começando a se afastar.

Corri em direção ao barulho e cheguei nas latas de lixo.

-Sério que você vai jogar a cesta no lixo? - Parei na mesmo hora.

-O que você está fazendo aqui? - Ele deu uns passos para trás.

-Você faz ideia de como essa cesta deu problema hoje? E VOCÊ VAI JOGA-LÁ NO LIXO?

-Megan! Para de gritar e venha aqui. - Me aproximei tentando manter a calma. Esse menino só poderia estar de brincadeira.

-Pode começar a explicar, porque geralmente ninguém joga nuttela no lixo.

-Eu moro com a minha vó, e ela tem diabetes. Só que o problema é que ela não pode nem sentir o cheiro disso que ela já começa a passar mal. Os médicos disseram que isso é o psicológico dela, e ela está em tratamento. Esse foi o motivo para eu ter vindo morar aqui, fica próximo ao hospital que ela está fazendo o tratamento. - Ele abaixou a cabeça.

-Sinto muito Cameron. - Cheguei ainda mais perto dele e o abracei.

-E o motivo de eu ter começado a trabalhar no café. Alguém precisa pagar tudo.

-Sinto muito mesmo. Qual quer coisa pode contar com minha ajuda.

-obrigado! - Ele passou as mão no olho.

-Estou falando muito sério!

-Então muito obrigado! - Rimos e ele me abraçou mais forte. - Então.. Quer conhecer ela?

-Sua avó?

-Ahan...

-Claro! - Ele me puxou pelas mãos.

-Mas antes, me dá uma ajudinha com as sacolas? -Apontei para o carro.

I Need You • Matthew Espinosa and Cameron DallasOnde histórias criam vida. Descubra agora