Capítulo 23

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– Tudo começou no colegial –, ela diz – Eu era novata na Hower High School, uma escola enorme e um tanto esnobe. O que não surpreendia, pois os alunos eram piores. Agiam como burgueses, como se de alguma forma, merecessem mais estar ali do que você.

"Na época, minha mãe tinha acabado de se casar com meu pai, e eles estavam tão felizes que não participavam mais da vida dos filhos. Não que eu me importasse – ela pausa e desdenha –, nunca me importei em receber a atenção alheia. O que me levou até Carson Diley. Com os dourados cabelos rebeldes e ardentes olhos verdes, ele era o garoto mais popular da Hower. O mais metido, pra falar a verdade. Nunca entendi porque ele precisava de tanta atenção. Era deprimente de assistir. Sentia vontade de me esconder sempre que seus bajuladores passavam por perto. Já ele, bom, me via como um mero desafio. Esse que não durou muito, a julgar que eu cedi facilmente. Me tornei mais uma estúpida que dormia com ele e o seguia para todos os cantos. Mas tínhamos apenas dezesseis anos, o que poderia dar errado? – ela me encara como se realmente esperasse por uma resposta. Infelizmente eu só posso me concentrar no "que dormia com ele". – Ficamos juntos por dois anos. Carson estava apaixonado. Eu também pensei que estivesse. Uma triste e fodida ilusão. No meu aniversário de dezoito anos, minha família resolveu fazer uma festa surpresa. Carson tinha levado o brigadeiro e sua prima e melhor amiga para me conhecer. Assim que pus os olhos nela, sabia que estava me enfeitiçando de imediato. Ela era tão linda e frágil, como... como uma pequena e delicada flor. – Taylor olha demorada e lentamente para meu olhos, eu coro. – Depois daquele dia, passamos a secretamente nos encontrar. Fosse dia ou noite, fizesse chuva ou sol, eu queria vê-la. E essa dependência insana foi aumentando cada vez mais. Até que ela foi me encontrar no último dia de aula da Hower. Sentia sua falta, acabei indo longe demais. Carson nos encontrou, à noite, atrás do pequeno jardim do colégio."

O ar momentaneamente foge de mim.

Ela... a amou? Essa garota, foi sua amante? Não pode ser... não...

– Emily? Você está bem? – Taylor pergunta, me encarando com seu típico olhar preocupado.

– O que aconteceu com essa garota? – pergunto, inocentemente curiosa.

Taylor desvia o olhar e se remexe na cadeira. Agora eu estou preocupada, ela não parece bem. Droga. Maldita curiosidade.

– Taylor? – digo, alcançando o braço dela na mesa e o apertando de leve.

– Eu... Eu só... – ela fecha os olhos e respira fundo. – Eu não estou pronta pra falar sobre ela ainda. – percebo que ela está bloqueando as lágrimas.

Jesus... não deveria ter pressionado a Taylor. Talvez essa garota seja um fragmento antigo e delicado da vida dela. Uma bagagem infeliz. Minha cabeça dói de tantas peguntas que a perturbam, mas não posso tocar nesse assunto agora, preciso ter paciência e esperar até que Taylor esteja pronta para me contar tudo que está escondendo. Ela precisa que eu seja paciente, precisa que eu a entenda nesse momento tão delicado.

– Ei –  levanto seu queixo e dou-lhe um sorrio compreensivo. – Não precisa falar sobre isso agora, está bem?

Vejo seus lindos olhos azuis se encherem de lágrimas novamente, e, acompanhando elas, um pequeno sorriso. Levanto da cadeira, caminho até ela e a abraço. Todo o restaurante desaparece, só resta a nós. Sinto-a relaxar no meu aperto, seu coração desacelera, lentamente, me dando esperanças de que talvez, só talvez, eu possa ser o suficiente para Taylor não sofrer mais.

– Não chore. – sussurro, com os lábios em seu ouvido.

– Não vou chorar. – ela sussurra de volta, como uma pequena promessa.
  
 
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– Como se sente? – pergunto a Taylor, observando-a passar a mão graciosamente por todo o comprimento de seu cabelo. Olhando para frente, ela doa toda sua preciosa atenção ao trânsito.

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2016 ⏰

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Emmie & Taylor - #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora