Castigo

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  - Elizabeth está liberada do castigo - disse a nova coordenadora do lugar.
  - É Liz, apenas Liz.
  - Se na chamada está Elizabeth, então é Elizabeth, e vá logo para casa antes que eu mude de ideia e chame a polícia de novo.
  - Ok ok, estou indo, não precisa ser ameaçadora comigo - tenho que me conter para não dar uma boa resposta a essa mulher chata.
  Estou andando para casa, o último lugar no mundo onde eu gostaria de ir, as pessoas dizem que nada melhor que o lar, mas, eu preferia morar em um abrigo a ter pais que não ficam calados nunca, só sabem gritar e brigar por cigarro e sei lá oque mais.
  Eu tento ser legal ignorar as coisas e só tentar passar de ano nessa escola horrível, mas, todos insistem que minha vida é da conta deles também, não é da conta de ninguém se uso ou deixo de usar drogas.
  Estou andando já tem meia hora, está ficando escuro, e por incrível que pareça a rua esta vazia, vazia até demais.
  Nesse momento, um barulho me arrasta dos meus pensamentos, olho para trás, mas, é apenas um cara andando, provavelmente para casa depois do trabalho.
  Estou cansada demais para reparar nesse homem, mas, a curiosidade é maior do que eu.
  Cruzo meu olhar com o dele.
  Ele esta todo de preto encapuzado, com olheiras horríveis, me olhando de um jeito bem estranho.
  Parece ate aquelas cenas de filme de terror, talvez seja hora de me preocupar e andar mais rápido ou sei lá, mas, é só um cara e não estou em um filme.
  - Por que está me encarando tanto garota? - o homem finalmente resolve falar algo - Você por acaso está querendo minhas drogas?
  - Por que eu iria querer se eu nem sabia que você tem drogas? - gente assim me irrita muito - não sou vidente.
  Ele ri de um jeito ate bonitinho para um cara encapuzado em uma rua deserta, com certeza vai querer me assaltar.
  - Desculpa - ele diz ainda sorrindo e parece que ele não está com a cara tão horrível assim como eu acho que vi antes - estou cansado, hoje parece ser um dia muito ruim para mim porque você está me olhando como se eu fosse te assaltar.
  - Talvez seja porque você esta com uma cara estranha, numa rua deserta, todo encapuzado e falando com alguém que nunca viu na vida.
  - Me desculpe realmente me desculpe - ele começou a se aproximar e acho que vou bater nele com meu tênis - sou Gabriel.
  Estou realmente sendo cantada no meio da rua por um doido? Acho que ainda tenho aquele canivete na bolsa, se ele parasse de me encarar um pouco, eu poderia pegar e o ameaçar.
  - Eu estava te encarando porque te conheço - ele está bem na minha frente puxando algo do casaco e sorrindo.
  Com certeza é agora que ele ou me assalta ou sei lá oque, eu deveria correr o mais rápido que conseguir e chamar a polícia, porém é capaz da polícia me prender isso sim.
  Ele puxa uma identidade do bolso, mas, já estou dando um soco nele.
  - Meu deus, Liz, é uma identidade - ele esta conferindo se não esta com o olho roxo - não se lembra de mesmo de mim né, puxa vida cara, sou amigo do seu ex-namorado.
  Nessa hora, bem nessa hora eu queria enfiar minha cara no chão e pedir aos céus que seja um sonho.
  - Nossa, que coisa né, agora me lembrei de você... - estou encarando o chão como se fosse a única coisa no mundo.
  - Garota, você podia ser lutadora ou sei lá oque, eu diria belo golpe, mas, acho que vou fica com o olho roxo - ele ainda sorri mesmo com o olho doendo, meu deus, que cara calmo.
  - Pois é, então melhor eu ir né, não quero te bater de novo sem querer Gabriel, tchau - estou andando sem nem o esperar falar algo, estou morrendo de vergonha.
  Porém esse cara não desiste mesmo.
  Ele pega no meu braço e fica na minha frente.
  - Calma Liz, não estou com raiva, na verdade pode parecer bem estranho, eu achei tudo isso bem engraçado, como prova de que não estou com raiva vou te dar algo.
  Ele está pondo comprimidos na minha mão.
  - Drogas? - estou encarando os comprimidos tentando entender se essa cara pensa direito ou não - Não obrigada, acabei de sair do castigo por fumar na escola.
  - Ei, é uma parada nova Liz, você vai gostar, eu juro - ele esta me encarando de um jeito tão convidativo que quando retomo a consciência, já estou engolindo.
  - Viu garota, daqui a pouco vai estar no paraíso, eu prometo - mal consigo ver seu rosto agora.
  A última coisa que me lembro de conseguir pensar foi - ele vai me estuprar, ou quem sabe roubar meus órgãos, Liz você é tão burra - e depois disso não me lembro de mais nada. 

Apenas mais um dia ruimOnde histórias criam vida. Descubra agora