Reflexo?

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Aquela maquina começou a fazer um barulho alto, tatatatatatatatatata, incomodava bastante, era meio insuportável. Com o tempo acostumei mas senti um pouco de formigamento na perna, deveria ser pelo tempo ali deitada, já havia se passado meia hora e o exame iria durar no total uma hora e quarenta minutos.
Fechei meus olhos e vi tudo preto, até ai normal, mas derrepente comecei a ver algo, a imagem ia ficando nítida aos poucos. Estava vendo meu corpo, mas de frente para ele estava a mesma imagem só que em um tom mais transparente, como se fosse minha alma encarando o meu corpo.

-Lembre-se!-Minha própria voz sussurando.

Acordei assustado com a médica me tirando da máquina, o exame havia acabado.

-Estava dormindo ? O exame foi bem tranquilo então.

-Acabei dando uma cochilada.-Falei sorrindo para ela.

-Que bom que descançou, temos alguns exames para fazer.

-Quais?

-Só queremos que você responda alguns questionários bem simples.

Junto com a médica voltei ao meu quarto, ela me deu uma prancheta com duas folhas de questionário um lápis e uma caneta.

-Isso é muito fácil, vou fazer logo de caneta.

-Eram questões do terceiro ano do ensino médio, já sabia fazer tudo, certamente aprendi na escola... Na escola? Eu estudo? Como consigo me lembrar disso? Me concentrei nas questões, terminei e entreguei para ela.

-Esse teste demora cerca de trinta minutos e você o vez em somente três minutos? Espero que tenha acertado alguma pelo menos.

-Desculpa se fiz muito rápido, é que estavam muito fáceis e isso me tira a paciência.

Ela pegou uma folha com as respostas e conferiu.

-Nossa! Você gabaritou e nem precisou botar as contas no papel, fez tudo de cabeça ?- Olhou espantada para mim.

-Sim.-Falei com um sorriso arrogante.

-Esse acidente aparentemente te deixou mais inteligente. Talvez seja resultado por ter mais espaço liberado ao apagar suas memórias.

-Mas minhas memórias irão voltar doutora ?

-Não sei lhe dizer ao certo, a medicina é uma ciência muito complexa e ainda não entendemos muita coisa sobre o corpo humano.-Falou com uma voz triste.

-Sinceramente, não sinto tanta falta das minhas memórias, só sinto um incomodo por estar esquecendo algo muito importante, mas posso conviver com isso.

-Que bom, você parece muito bem e não tem mais motivos para estar internado.

-Quando recebo alta?

-Bom, agora são duas e quinze da tarde, provavelmente até às seis horas você estara liberado.-Olhou as horas no celular.

-Sério doutora?

-Sim, só preciso resolver umas papeladas para sua alta.-Deu um lindo sorriso que não consegui tirar os olhos.

Ela saiu do quarto e eu fiquei lá esperando minha alta. Minha mãe entra no quarto bem animada.

-Passei pela doutora e ela falou que você vai receber alta.

-Sim, estou louco para sair desse hospital!

Memórias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora