Teaser | Decisões Sobre o Futuro

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Em minha transição para a fase adolescente - a pior na opinião de mamãe -, tive muitos altos e baixos.

Crises de existência, crises de ansiedade, crises de superioridade e inúmeras outras crises, como todos os jovens no mundo.

Ser rebelde nessa fase da vida é algo esperado - e o temor de todos os pais.

Quando, enfim, após anos de exclusão por ainda ser boca-virgem, quando muitos já não eram virgens em outros sentidos, entrei para o grupinho dos coleguinhas com "experiência em relacionamentos", vulgo os-não-bv's - como nos nomeavamos, com originalidade e orgulho - confesso que cometi algumas irresponsabilidades.

Como sair escondido para festinhas; pular muros de vizinhos para encontrar algum contatinho na surdina; namorar pessoas cuja índole a sociedade julgava ser imprópria e imoral, mas que não passavam de reles seres rebeldes como eu; e transgredi algumas leis.

Sobretudo, as de amizade.

Como "pegar" ex de amigos, por exemplo.

Algo que nunca me arrependi, embora assuma que não fora, absolutamente, honesto de minha parte.

Todavia, estavam ali, disponíveis, abandonados e tristes, restava-me apenas ser uma pessoa bondosa, caridosa e proporcionar-lhes alguns momentos de alegria e prazer.

Os sacrifícios aos quais nos submetemos em favor do bem-estar da sociedade.

No último ano do ensino médio - período em que decisões com relação ao futuro são analisadas criteriosamente - eu ainda não sabia o que faria da vida.

O que seria quando crescer.

Medicina nunca fora uma opção. Das dezenas de opções de carreira, essa fora a primeira riscada da listinha, tendo em vista que um profissional da área de saúde com pavor de sangue, vísceras e afins, seria algo contraditório. Para dizer o mínimo.

Direito? Não havia formas de uma pessoa tímida, um pouco gaga quando em momentos de tensão e confusa em todos os outros momentos, ter uma carreira - muito menos de sucesso - nessa profissão.

Arquitetura, administração, engenharia, gastronomia, agronomia, pedagogia, jornalismo, letras.

Variadas opções, ótimas profissões e nenhum propósito de vida.

Nenhum além de curtir a juventude, é claro.

Sem ambições para o futuro além de qual roupa vestir pela manhã para ir ao colégio, foquei-me em aproveitar a vida, apenas.

Sem restrições ou preocupações.

Afinal, aquele seria o último ano no colégio antes de ingressar em alguma universidade.

O último e um ano que prometia muitas festas e um mundo de diversões sem limites ou pudores. Apenas curtir o momento.

E este fora o meu primeiro erro.

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