Em pouco mais de seis meses, quatro pessoas ligadas a Gabriel tinham morrido e ele andava com a sensibilidade aguçada para tudo que dissesse a respeito à morte. A história da avó de Irene trouxe de volta a imagem dos cadáveres brancos em seus caixões, rodeados de flores, sem máscaras que escondessem o desgosto de estarem mortos. Ainda mais que a história se parecia muito com a do mais recente, o Dantas, seus padrinhos e amigos íntimo do seu pai.
Dantas tinha saído do Brasil saudável e bem-dispostos para passear na Europa e teve um enfarte fulminante quando visitava a Torre Eiffel. Voltou para o Brasil embalsamado, dentro de um caixão de chumbo. Só faltou a bicicleta e o hospital, quando ao resto, tudo tinha sido igual à avó de Irene. Até o desespero do viúvo se repetira na mulher do Dantas, a Zilda, que vivia enfurnada em casa, vestida de preto como uma viúva de antigamente.
Outro morto veio ocupar seu pensamento, Rildo, o seu melhor amigo. Daquela perda, nunca se recuperaria. Rildo sairá da festa onde estiveram juntos, pegava o carro -- um carro caindo aos pedaços, ele vivia avisando, era melhor não ter automóvel do que ter aquela geringonça. Tomara umas cervejas, não muita coisa, podia atestar que ele não ta de porre. O mais provável é que o freio tivesse falhado. Fosse qual fosse a causa, o fato é que o carro se espatifou contra um caminhão tentou escapa e bateu no poste e lá se foi o Rildo. Por pouco ele não foi junto, chegou a pedir carona, depois resolveu ficar, era o aniversário de Lucy e ela se aborreceria se saísse antes do final da festa.
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O Trem Dos Mortos
Historical FictionNesta estrutura simultaneamente complexa e simples, Izabella Almeida conta uma história de amor e trágicas, em três tempos. História trágica e descritiva e introspectiva, clássica e moderna, realista e fantástica...