Rarnar estava diante do ataúde de pedra. Enxergando claramente através da escuridão absoluta, os olhos amarelados contemplavam um cadáver inacreditavelmente bem conservado, envolvido por uma manta rústica. Reproduzido nesta, o emblema da maça-estrela respigando sangue identificava os restos mortais. Não havia dúvida de que realmente estava na Torre Alta.
A tumba não era tão grandiosa quanto descreviam as histórias de seu povo, nem estava repleta de tesouros, para o aborrecimento de seus subordinados - ambos esperavam ser recompensados pelo menos com alguma quinquilharia de valor.
O pensamento divertiu Rarnar, pois ele sabia mais. As palavras do xamã ecoaram em sua mente: um grande achado te dará o respeito de toda a tribo. O Honorável Chefe da Tribo descendia de uma linhagem de guerreiros poderosos e orgulhosos; ele ficaria tremendamente satisfeito com a descoberta do corpo do Cavaleiro Sombrio, seu antepassado mais celebrado.
Chegar à câmara mortuária não fora fácil. As três portas de pedra não podiam ser abertas nem derrubadas sem as ferramentas adequadas. Um dia inteiro passara até que um caminho alternativo fosse encontrado: um buraco escavado há muito tempo entre as ruínas sobre o outeiro. Utilizando uma corda improvisada, esgueiraram-se por terra adentro. Uma vez dentro da tumba, não tiveram dificuldades em encontrar o lugar.
Rarnar rasgou o emblema e cogitou guardá-lo no bolsão de suprimentos, mas mudou de ideia e escondeu-o sob o corselete. Foi então que notou algo postado ao lado do cadáver, fazendo volume sob a manta. Arrancou-a num gesto violento e viu uma comprida haste de ferro; numa extremidade desta havia uma empunhadura de couro desgastado e na outra uma esfera cravejada de espinhos. Assombrou-se com a descoberta. Aquela era a arma que o Cavaleiro Sombrio utilizara em vida para esmagar seus inimigos e que se tornara seu símbolo de guerra: a maça-estrela.
A maça estava bem conservada e Rarnar imaginou que deveria estar protegida por algum tipo de encanto ou maldição. Recordou-se das inúmeras vezes em que o xamã o advertira sobre as ameaças do mundo sobrenatural e resistiu à tentação de ter a arma para si. Olhou em volta; não havia mais nada naquela câmara - ou nas outras que já tinham explorado - que justificasse perder outro dia ali. Estava ansioso para retornar à tribo e desejava que o tempo os permitisse partir logo. Como odiava aquelas malditas tempestades!
Escutou passos apressados no corredor e viu um de seus subordinados aproximando-se com uma expressão de espanto no rosto monstruoso.
- Encrenca, encrenca, encrenca! Temos que cair fora! Encrenca demais pra gente!
Urrou ferozmente, exibindo presas poderosas e calando o recém-chegado.
- Diga duma vez qual é o problema!
- Fui checar a fonte dos estrondos, como ordenou. O tremor derrubou as portas, todas elas. Fui checar as novas passagens e ouvi vozes. Não estamos sós. Vi três deles: um anão, um halfling e... o terceiro parecer ser drow!
Rarnar arregalou os olhos. Escutara direito? Se fosse verdade, estavam realmente encrencados. Certa vez lhe disseram que um drow era capaz de derrotar dez dos melhores guerreiros de sua tribo com os olhos vendados! Contudo, algo não cheirava bem. O que ele fazia ao lado de um anão e um halfling? Não podia pensar num trio mais inusitado.
O instinto o aconselhava a fugir enquanto ainda tinha chance, mas a razão o impedia; sabia que a covardia lhe custaria a posição na tribo que tanto cobiçava. Não podia permitir que a tumba e o cadáver do Cavaleiro Sombrio ficassem à mercê de invasores, especialmente sendo um deles quem era. A situação não era tão desesperadora quanto parecia e talvez até pudesse aproveitar-se dela para obter ainda mais prestígio junto aos seus.
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Reinos de Aventuras
Fanfic"Os Reinos Fronteiriços? Aldeias abarrotadas onde ladinos e aventureiros se engalfinham e exibem, rapaz - em suma, um lugar como a maioria dos grandes reinos deste mundo!" -- Mrin Trabbar, Prespiator de Ilmater em Ormath em discurso para...