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Às vezes as coisas estão indo bem. Bem demais. É normalmente aí que eu começo a me preparar para algo dar dramática e terrivelmente errado e tudo despencar no meu colo. Bem, não direi que estava no melhor dos meus momentos, certas coisas me incomodavam, como a ausência de Liam. Nós trabalhamos no mesmo shopping e moramos na mesma rua, mas mesmo assim conseguimos nos desencontrar sempre – não sou idiota de achar que é coincidência. Claro que Liam não quer me ver. Não posso culpa-lo por isso, mas vou culpar de qualquer forma. Aquele merdinha.

Tudo ia bem com Zayn. Bem, eu não o via há um tempo. Desde o nosso não-tão-ortodoxo primeiro beijo. Adoraria ter avançado para a segunda, terceira e trigésima base naquele dia e resolvido logo outros primeiros momentos de uma vez, mas só chegamos à conclusão de que estávamos chapados demais para sequer nos mover.

Mesmo sem nos ver, nos falávamos constantemente. Zayn estava sempre muito ocupado, mas nós havíamos marcado de nos ver no final de semana.

Aguardarei ansiosamente pelo nosso encontro, ma moitié.

Eu li a mensagem de Zayn e dei um sorriso para mim mesma antes de guardar o celular no meu bolso. Estava voltando andando para casa, já era tarde. A última coisa que eu precisava agora era ser assaltada e ter que gastar o meu salário em um celular novo.

Assaltada... Eu começo a olhar para os lados. A rua está definitivamente muito vazia. Eu deveria ter pego um táxi. Estou acostumada a andar com Liam de volta para casa depois do trabalho, mas nossos turnos não estão se encontrando mais, então estou tendo que voltar sozinha. Um arrepio sobe a minha espinha. Estou com uma péssima sensação de que algo vai dar muito errado.

Como não sou boba, nem nada, pego o meu spray de pimenta da bolsa e deixo na minha mão, enfiando ambas as mãos nos bolsos do meu casaco.

Começo a andar mais rápido.

Já estou na minha rua.

Posso praticamente ver a minha casa.

É nesse momento que um homem surge ao meu lado, segurando meu braço.

"Pra que tanta pressa, boneca?" O moreno pergunta. Eu nem hesito, já disparando o spray nos olhos do desconhecido. Ele grita e me xinga, e eu solto meu braço da mão dele.

Antes que eu possa correr, porém, outra pessoa me puxa pelo meu abdômen. Eu grito e esperneio, mas minha voz cessa quando um pano branco tapa a minha boca e nariz.

*

Olhos azuis.

Flashes brancos.

Seringas perfurando o meu corpo.

Pontadas de dor.

Nada.

*

Meu corpo todo dói. Tento abrir meus olhos, mas só esse simples movimento faz minha cabeça doer. Quando abro os olhos, por menos que seja, vejo uma espécie de sala de operação suja. Não consigo ver muita coisa, uma luz muito forte incide sobre mim. Minha boca está tapada por uma fita isolante e eu mal consigo respirar.

"Acho que ela tá acordando, chefe." Alguém diz. Não consigo identificar a fonte da voz, mas é de um homem.

Um outro homem caminha até o meu lado e sua mão pega o meu rosto com força, virando-o para ele. Não consigo enxergar sua face; só seus olhos azuis.

"Você é uma viciadinha de m.erda, não é? Não importa o quanto te sedamos, você sempre acorda antes do esperado." O homem com sotaque forte diz. Eu não tenho forças para reagir. Tento mover meus braços, mas meus pulsos estão presos por algemas, assim como meus tornozelos. O homem vê o meu desespero e ri levemente. "Calma. Você já vai para casa. Não vamos te machucar muito, só estamos testando algumas coisinhas."

WANDERESS ➣ 1d fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora