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Eu achei que só minha mãe e Marc precisariam de soníferos, mas, depois da revelação de Zayn, era fato que eu precisaria de algumas gotas no meu chá. Mesmo assim, não durmo bem. Agitada, tenho sonhos confusos e só me lembro de acordar suada quando o despertador toca. Não acredito que estou indo trabalhar depois de basicamente descobrir que vou morrer. Não sei quando, mas é só uma questão de tempo até Louis cansar de brincar de sequestros e me matar.

Levanto-me da cama, tomo banho e me arrumo. Me sinto um lixo, mas sigo com a minha rotina como se nada tivesse acontecido ontem. Quando desço as escadas, encontro a sala completamente limpa, sem nenhum resquício do que aconteceu na noite passada. Ouço o barulho da água da torneira batendo na pia e ando até a cozinha para encontrar com a minha mãe, que lava os pratos em silêncio. Ela tem olheiras, e suspeito que a noite não tenha sido agitada só para mim.

"Ah, oi, Lily." Ela diz, levantando o olhar. Ela me olha de cima à baixo. "Filha, você não acha que seria melhor sair desse trabalho? Depois de tudo que aconteceu... não sei, não me sinto segura com você aí fora."

"Não é como se ficar em casa fosse tão seguro também", eu digo, pegando uma maçã na fruteira.

"É. Os policiais falaram que nós devemos nos mudar... Marc está olhando casas." Minha mãe diz.

Eu assinto. Sei que não temos dinheiro para pagar uma casa e meu coração se aperta com a possibilidade de nos mudarmos para o interior. Não porque não quero morar lá, mas porque sei que não fará diferença - Louis ainda nos achará e me matar. Só queria que ele não envolvesse meus pais no processo.

"Eu tenho uma coisa para te dar." Minha mãe diz, me olhando séria. Eu arqueio uma sobrancelha e ela seca suas mãos, andando para a sala. Eu a acompanho.

Ela abre uma gaveta no criado-mudo e tira uma pequena arma do local. Eu recuo um pouco, franzindo o rosto, sem entender.

"Que p.orra é essa?" Eu pergunto. Ela oferece a arma para mim e eu me afasto mais.

"Precisamos nos proteger."

"Você sabe que é um crime portar armas, né?" Eu pergunto para ela.

"Sim, mas também é um crime sequestrar e fazer uma família de refém, mas quem fez isso ainda está aí fora, andando livremente", ela responde. Eu continuo estática, sem a menor intenção de pegar a arma de suas mãos. "Lil, por favor. Eu só quero ter um pouco de segurança em saber que você tem como se proteger. Por favor."

Eu olho para ela, olho para a arma, e de novo para ela. Posso ver em seus olhos cansados o quão preocupada ela está. Sinceramente, no estado que eu estou, acho que nem me abalaria de dar alguns tiros no pau do Zayn, caso ele apareça novamente.

Ainda hesitante, pego a arma da mão dela. Nem sei como usar isso corretamente, mas pego e enfio na minha bolsa. Ela dá um sorriso fraco para mim, agradecendo silenciosamente. Eu saio de casa logo em seguida, com um peso maior nos ombros e a mesma preocupação de antes.

Liam me encontra para irmos trabalhar, me enchendo de perguntas sobre a noite passada e tentando me reconfortar. Eventualmente eu só digo que não quero falar sobre, principalmente porque não quero acabar revelando o segredo do Zayn.

Sinto que estou à beira de um ataque de pânico a todo segundo. Cada vez que um cliente me aborda na livraria eu levo um susto. Demora um tempo para perceber que nem todo mundo à minha volta quer me matar - só Louis e todos os seus capangas.

Não é um dia muito cheio, mas alguns leitores se espalham por aqui e acolá pela loja. Eu fico parada no meu posto o tempo todo, sem ânimo para ajudar qualquer um. Eu olho para o lado e meus olhos se conectam com um olhar esverdeado, que logo desvia. Vejo o homem de cabelo cacheado se afastar para a seção de poesia e afasto meus pensamentos ruins. É só um cliente me encarando, nada fora do normal. Nada fora do normal.

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⏰ Última atualização: Apr 11, 2017 ⏰

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