Capitulo 106 - THE LAST ONE

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Entrei no quarto, tranquei a porta e sentei-me no chão encostada á cama. Já não chorava. Já devia ter esgotado todas as reservas de lagrimas, mas a dor, o vazio no peito continuava e só piorava.

Ouvi baterem á porta do meu quarto e a chamarem por mim. Todos tentavam que eu falasse ou abrisse a porta, mas nada.

O Harry estava do outro lado da porta há horas, foi o único que não saiu de lá. Ele continuava a falar, mas sozinho porque eu não respondia.

Mais tempo se passou e ele não saía dali e continuava a falar, a fazer-me companhia.

Harry: no outro dia no fim do concerto perguntaram-me por ti. Se estávamos juntos. Sabes o que disse? Bem não disse nada- riu- e depois fomos almoçar. Guida! Vá lá. Já não sei o que hei-de dizer. Já nem faz sentido o que estou a dizer. Abre a porta. Por favor. Quero abraçar-te. Quero beijar-te. Quero consolar-te. Dar-te apoio e todas as minhas forças se quiseres. Abre a porta. Eu preciso de ti tanto como tu precisas de mim. Eu sei que estás mal e isso parte-me o coração. Eu preciso de ti, preciso de te sentir. Se quiseres chorar chora, se quiseres gritar grita, se quiseres bater-me bate, eu estou aqui. Desde que estejas a meu lado está tudo bem.

Ganhei forças, pus-me a pé. Já estava com as pernas dormentes. Abri a porta e como o Harry estava sentado encostado á porta caiu para trás.

Harry: ups- pos-se a pé e abraçou-me forte - eu estou aqui.

Eu: shhhh- a minha voz não queria sair- não fales. Não digas nada por favor.

Deitamo-nos na cama abraçados, eu com a cabeça no seu peito enquanto ele me acariciava e passava os seus dedos por entre os meus cabelos. Acabei por adormecer nos seus braços. Senti-o mexer e acordei.

Eu: vais embora?

Harry: vou só á casa de banho.

Ele voltou e deitou-se novamente a meu lado, abraçou-me e beijou-me na testa.

Eu: eu não posso ter filhos.

Harry: o que?

Eu: eu não posso ter filhos. Eu nunca vou ser mãe.

Harry: guida não penses nisso.

Eu: não. Eu tenho de dizer isto em voz alta. Tenho de deitar este pensamento cá para fora. Tudo parece um pesadelo do qual não consigo acordar. Mas é apenas a realidade e por mais que me custe eu tenho que aceitar que eu nunca vou ser mãe. Eu sempre quis filhos, sempre quis saber qual a sensação de sentir o pontapé de um bebé dentro de mim, de o sentir mexer, saber o que é passar por cada momento de uma gravidez. Não é que estivesse a pensar ter um filho agora, porque mesmo quando pensei estar gravida foi assustador, eu não estava preparada, mas um dia, um dia mais tarde eu queria ser mãe.

Harry: e podes ser, existem outras formas.

Eu: sim mas é diferente. E tu?

Harry: eu o que?

Eu: se continuarmos juntos, bem tu querias filhos. Uma equipa de futebol foi o que disseste.

Harry: e o que tem?

Eu: eu não tos vou puder dar...

Harry: guida, um filho não precisa ser de sangue. Nós arranjamos uma solução, podemos adotar, arranjar uma barriga de aluguer. Tenho a certeza que essa criança ou crianças vao ser muito amadas independentemente de serem ou não nossos filhos biológicos. E se não quiseres, se isto não for uma opção para ti eu não me importo. Desde que esteja contigo eu estou bem.

My dream My life (terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora