Capitulo 60

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A noticia sobre o estado da Guida espalhou-se rapidamente.

Todos os dias eu e os rapazes eramos abordados por jornalistas sobre o assunto.

O tempo ia passando e eu estava cada vez com menos forças… nos concertos fazia um esforço para tentar ser divertido e proporcionar aos fãs um bom momento, elas mereciam. Eles mandavam-me mensagens de apoio, de esperança. Estou muito grato por isso. E o mínimo que posso fazer por elas/eles era tentar dar-lhes um bom espectáculo.

Passaram-se dois meses e meio desde o acidente e ela continuava na mesma. Ainda ligada ás maquinas, cheia de ligaduras devido ás graves queimaduras. Sem algum sinal de melhoria…

Os médicos tentaram muitas vezes convencer-me a desligar as maquinas mas eu não podia fazer isso… não podia deixar morrer a razão da minha vida.

As irmas dela vieram cá nas ferias da escola com o pai.  Tao pequenas e já sofreram tanto. Gostei de as conhecer. Apesar de toda a situação mostraram ser raparigas divertidas, maduras e gostavam muito da Guida. Eu ofereci-me para pagar-lhes a estadia e até lhes ofereci a minha cassa para elas ficarem mas elas não aceitaram. Eram muito humildes, em certos gestos faziam-me lembrar a Guida. Eram carinhosas, maternais , preocupadas e fortes como ela. Elas eram umas meninas muito especiais como a irmã. A Guida tinha sorte por ter alguem como elas que a amam assim.

Todos os dias ia lendo um pouco do seu diário. Lia tudo, não apenas pequenos excertos. Sei que não o deveria fazer sem a sua autorização mas a tentação de saber o que ela sentiu durante todo este tempo em que estivemos separados era mais forte que eu. E além do mais ela já me tinha mostrado algumas partes do seu diário quando namorávamos., logo não deve ser um problema.

Fiquei surpreendido com o que li, mas não de uma maneira positiva. A perda da mãe foi realmente avassalador para ela. E a maneira como ela ainda falava de mim… ela ainda me amava. …

Os rapazes têm sido incríveis comigo. Sempre muito disponíveis para mim. Em algumas entrevistas quando mencionam a Guida eles mudam de assunto e apenas dizem “everything gonna be alright” e eu agradeço o facto de eles tentarem manter as coisas o mais normal e discretas possível.

As meninas  também têm sido uma grande fonte de apoio para mim.

 A Alex trabalha agora numa das mais famosas companhias de teatro cá em Londres, já era de esperar pois ela é realmente muito boa no que faz conseguindo quase sempre todos os papeis principais nas peças  que a sua companhia produz. Muitas vezes, enquanto eu ia visitar a Guida ao hospital apanhei a Alex lá sentada na cadeira ao lado da sua cama a falar com ela como se ela a ouvisse e lhe respondesse. Mas quem era eu para a julgar se eu fazia exactamente o mesmo? Era como se fosse uma maneira de manter a Guida a par de tudo o que tem acontecido nas nossas vidas, e talvez fosse a maneira de tentarmos acreditar que ela  ainda está ali e que está tudo bem, que ela está apenas a dormir e em breve irá acordar e  sorrir do jeito que só ela sabe.

A Ana continua a tirar o seu curso de advocacia, sempre muito empenhada, sempre a estudar, mas mesmo assim tira algum tempo para estar connosco e todos os dias vai visitar a Guida e levar-lhe um ramo de flores para pôr no quarto dela.

A Maria continua também a tirar o seu curso de jornalismo e está a fazer um estágio numa revista.  Tentaram algumas vezes força-la a escrever sobre a Guida mas ela recusava sempre mesmo sabendo que isso poderia fazer com que ela perdesse o seu emprego. Ela visita a Guida, mas é a que menos a visita. O que eu acho estranho visto que ela era a pessoa mais próxima dela. Penso que seja uma forma de evitar a dor, de evitar ver a Guida a sofrer, de a ver naquele estado…

My dream My life (terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora