Livro 4- Vampiro dos meus Sonhos

Capítulo 13

Durante o ano tinha me adaptado bem á Casa e às suas regras, tinha feito muitas amizades mas de todos da casa a minha relação era mais forte com Beatriz, Alleandro e Olonso.

Tinha sido graças a eles que estava segura ali à meses. Ainda não tinha funções no Clã, só no final do período de um ano podia ter a cerimónia oficial e pertencer à Casa e ao Mestre Mateus. Ele era muito bom para mim. Mas o homem que me destabilizava ali era Nicholas e ele nem notava que eu existia.

Ele habitava meus sonhos, mas na realidade o mantinha longe. Depois da cena em que o beijei e ele me rejeitara, poucas vezes nos encontrávamos, salvo nos cruzarmos num corredor , com uma simples troca de olhar, ou quando precisava de uma audiência com Mateus, Nicholas parecia uma sombra perto de seu Mestre. Reparava que seu olhar sempre se fixava em mim, frio, distante, me deixando nervosa mas quente , ele me analisava como se lesse meus pensamentos , o que não seria muito prudente nesses momentos.

Descendo as escadas do primeiro andar, salto de dois em dois degraus com pressa de falar com Mateus quando Olonso se atravessou no caminho. Rapidamente soltei um grito quando ele me agarrou pela cintura , me beijando no rosto.

__ Vamos ao cinema, queres vir? Vais adorar. - Abanou as sobrancelhas. __ É de vampiros.

Rapidamente soltei uma risada, eles sabiam que eu adorava filmes de vampiros e de lobisomens, não resistia a um. Tinha sido alvo de muitas piadas durante algum tempo, mas acabaram por se render aos meus gostos.

__ Claro que sim. - Beijei-o na bochecha. __ Não o perdia por nada deste mundo.

__ Então prepara-te, saímos às nove. - Me soltando ,ele simplesmente pisca o olho saindo em velocidade sobrenatural.

Balançando a cabeça esboço um sorriso feliz por ter encontrado um lugar em que me adaptava. Retomando meu caminho , bato na porta do escritório principal apesar de estar aberta. Empurrando devagar, noto que esta escuro, silencioso salvo alguns suspiros baixos perto da janela. Apesar do anoitecer, a lua brilhava no céu, e eu vi, claramente os dois.

Nicholas tinha seus braços rodeando a cintura da fêmea de costas para mim, o braço subia como uma caricia até à nuca onde com ferocidade agarra seu cabelo, inclinando sua cabeça para o lado cravando as presas em sua jugular.

Nunca pensei sentir uma dor tão profunda no meu interior como senti naquele momento. Era como se meu coração fosse rasgado em dois. Ele me tinha negado naquela noite em que o beijei, mas agora parecia bastante disposto com uma vampira. Eu tinha razão, mestiças não serviam para ele.

Um gemido de dor escapou da minha garganta e naquele instante, Nicholas ergueu os olhos para se fixar diretamente para mim, ele parecia estar surpreendido e irritado por me ver ali.
Corri o mais rápido que podia, me ocultando nas sombras do jardim das traseiras da casa. Respirando fundo varias vezes tento controlar as lágrimas que queriam surgir.

Não, não iria chorar mais por um homem. Eu era a única com um problema. Ela estava apenas alimentar o macho que eu amava. Sim eu amava-o e se Eduardo desconfiasse matava-o. Essa era uma das razões para me afastar dele o mais possível. A outra razão era que Nicholas não sentia o mesmo por mim.

Depois de alguma reflexão decidi que teria que esquecer tudo isso, meu coração não era de pedra e meu estômago também não. Roncando notei que não me alimentava há muito tempo.
Droga, comer só me relembrava daquela maldita visão.

Me rendendo as emoções , sigo para a cozinha ,preparando meu jantar. Já estava quase no fim quando Nicholas entrou, tirou uma garrafa de água da geladeira, bebendo gole a gole. Fiquei tensa quando reparei que ele estava a olhar para mim enquanto bebia. Levantei-me, lavei o meu prato, o meu copo e acenei-lhe com a cabeça me preparando para sair.

Ele aproximou-se me bloqueando a passagem, me prensando na pia . Meu coração quase salta para a boca , assim como minha comida ao dar com seu olhar quente. ele ia falar algo quando de repente olhou sobre seu ombro, se afastando no mesmo momento. Um segundo depois Alleandro e Olonso chegaram, acenando a Nicholas , me beijaram no rosto com um sorriso, segundos depois Beatriz se juntou a nós.

__ Estás pronta para ir? - Beatriz cumprimentou Nicholas com respeito e sorriu para mim.

__ Sim, estou. Mas aviso já que vou comer pipocas. - Falei com ar brincalhão tentando disfarçar a tensão de meu corpo.

__ Eca! Não sei como consegues comer aquilo. É milho, por favor. - Beatriz disse agoniada. __Ainda bem que não preciso de comer.

Antes de sair atrás dela, encarei Nicholas lhe desejando boa noite. Ele estava de braços cruzados , recostado na geladeira com expressão séria, como habitualmente, mas havia algo mais. Ciúme? Não... Devia ser um reflexo do que eu sentia em relação a mulher que ele tinha mordido.

Quando voltei nessa noite do cinema, vi a porta entreaberta do escritório, cautelosa dessa vez , espreitei vendo Mateus na secretária, bati duas vezes. Ele levantou os olhos da secretária, sorrindo para mim, fez um gesto com a mão para entrar.
__ Boa noite, Mestre. - Disse com um sorriso e sentei-me à frente dele.
__ Boa noite! Como estás?
__ Estou bem. Obrigada. Tenho um pedido para lhe fazer. - Disse timidamente.
Mateus levantou a sobrancelha.
__ Claro! Estás à vontade para falar.
__ Eu vi o Alleandro e o Olonso lutarem. Queria permissão para treinar com eles. Quero aprender a defender-me. Eu não acredito que Eduardo desista, quero poder lutar se for necessário.
Ele olhou por cima do meu ombro, e eu acompanhei o olhar. Nicholas estava sentado no sofá lendo um livro. Eles entreolharam-se por uns segundos.
__ Desculpe... não reparei que... não estava sozinho. - Olhei para o Nicholas com o coração a bater mais forte. __Desculpa Nicholas não o tinha visto.
__ Sem problema. - Sua voz soava baixa mas firme.
__ Podes treinar. - Mateus disse fazendo uma pausa. __ Mas com Nicholas.
__ Com Nicholas? Por...Porquê? - Gaguejei mesmo sem dar conta quando um formigueiro me invadiu dos pes a cabeça. __ Com certeza que lhe vou estragar os treinos que ele costuma ter, vai prejudica-lo.
Nicholas colocou o livro na poltrona quando se levantou, se aproximando em passos largos.
__ Treino das seis às sete da manhã, todos os dias! Espero-te no ginásio a partir de amanhã. - Autoritário declarou , saindo da mesma forma como se tinha aproximado.
__ Pronto, está resolvido. - Mateus sorriu. __Querida, não podias ter melhor professor.
__ Obrigada. - Disse ainda atordoada, me levantando sem saber o que tinha acabado de provocar.
Pelas regras ainda não pertencia à Casa e poderia ser recusado. Mas podia sentir-me mais feliz do que realmente estava. Não sabia se devia rir ou chorar. Eu queria evitar o Nicholas, não vê-lo todos os dias. Ainda por cima toca-lo, pois lutar com ele era toca-lo. "Maldição!"