Capítulo 6

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Ele previu meus desejos, ou também estava tão louco quanto eu, puxou minha cabeça e me beijouTinha alguma igreja ali perto do presídio, se tinha, começou a tocar os sinos bem nessa hora... Serio gente, ouvi sinos. Me senti naqueles contos de fadas que eu via com minha filha e os quais lia pra ela, onde o príncipe beijava e coisas mágicas aconteciam. Algumas coisas mágicas aconteceram. Primeiro e menos importante, nós gozamos juntos enquanto nos beijávamos; outra magia foi eu descobrir que não era só tesão que sentia por ele, era algo a mais que ainda não sabia o que era...A última mágica do beijo e a mais impressionante foi fazer ele desaparecer.

Ao separar nossos lábios, ele ainda me olhava nos olhos e seu pau ainda pulsava dentro de mim. O orgasmo fez nosso tesão abaixar e nosso raciocínio voltar, assim, nos demos conta do que estava rolando ali. Acredito que isso o assustou, porque ele simplesmente puxou a bermuda pra cima e saiu da sala. Eu estava ainda fora do ar, mas logo me dei conta de que tinha que acompanhar ele porque só ele tinha o passaporte e eu não, assim, se me pegassem fora da cela eu ia me fuder, mais do que já estava fudido, literalmente falando rs.

Dito e feito! Ao puxar minha bermuda e ir quase correndo atrás do Digão, não o encontrei e dei de cara com um guarda de lá.

- ei! Pode parar ai!

- eu só estou voltando pra cela.

- o que você está fazendo aqui fora? Tá maluco?

- eu fui... eu...- não poderia entregá-lo - Eu fui dar uma volta.

- Você acha que está onde? No "putero" da sua mãe?

- Por favor, eu não quero confusão, só quero ir pra minha cela.

- não, já que você saiu de tão bom grado, você vai pro quartinho!

- que quartinho?

Ele me pegou pela nuca e foi me empurrando. É incrível como a todo momento, dentro de uma penitenciária, a gente acha que vai morrer... minhas pernas tremiam e ele me empurrava. Abriu uma porta e me jogou lá dentro.

- Tenta fugir daí, agora!

Lá tinha apenas um colchonete sujo, só isso! Nenhuma torneira, nenhum vaso sanitário, nem penico, só o colchonete sujo. Eu sentei no chão mesmo e minutos depois jogaram uma garrafinha de água... Fiquei esperando me tirarem de lá, mas três dias se passaram e nada. Eu estava morrendo de sede e de fome, já não conseguia levantar direito e quando o fazia, tudo rodava. No terceiro dia, a tarde, abriram a porta e eu estava deitado no chão. Eu, quando ia levantar, tudo ficou escuro e não me lembrei de mais nada. Acordei no hospital do presídio, com uma garrafa de soro no braço. Ao me ver acordado o enfermeiro tirou a garrafa e mandou eu voltar pra cela.

Ao chegar na cela, o Digão estava sentado de frente pra porta e me viu entrando. Deu pra ver que estava feliz, acho que vi até seus olhos marejarem, mas eu estava com tanta fome que via qualquer coisa. Ficamos nos olhando nos olhos e ele notou o ódio que eu estava sentindo dele. Como ele pode me abandonar assim? Logo depois do que aconteceu... Entrei e fui direto pra minha cama, deitei de lado, dando as costas pra todos e fiquei quieto.

- você estava no quartinho né? - mas não respondi. - porque você não falou que estava comigo? Eles te deixariam vir pra cela...

- não sou X-9... Não sabia que você podia sair da cela.

- então você ficou três dias lá, só pra não me "cagoetar"?

- não sou X-9.

- você é um filho da puta de muita coragem cara! - E falou pra um dos caras - Traz comida pra ele e um refri. Ae galera, esse é parceiro!

Prisioneiro da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora