Capítulo 8

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- Eu te amo Will.

- Eu também.

- Você acredita em mim cara?

- Não sei, é muito surreal a gente se amar, não acha? - mas ele ficou em silêncio. - Heim Rodrigo?! - Olhei pra ele e vi que estava com os olhos tapados com seu braço. - Dhigo, tudo bem?

Ele me levantou do seu peito e se agarrou em mim e começou a chorar como uma criança. Sério, ele até soluçava. Eu não falei nada, só deixei ele chorar. Eu tinha passado pelo mesmo processo ao me pegar apaixonado por outro homem, isso não é fácil de digerir e só o tempo auxilia a compreensão de que não é errado. Depois de um tempo ali, com ele chorando, molhando meu peito com suas lágrimas, ele se acalmou e continuou ali abraçado comigo:

- o que tá acontecendo comigo cara?

- eu não sei Rodrigo, mas estamos juntos nessa, porque tá acontecendo o mesmo comigo.

- Cara, eu te curto demais! Tu não tem noção.

- to passando a ter... mas poxa, pra mim é difícil ver um bandidão como você, apaixonado por mim. É muita doideira!

- eu sei, mas vou te mandar a real agora, nunca senti essa parada por ninguém cara. Juro pra você.

- Eu sei meu lindo, eu sinto o mesmo por você, é um sentimento tão doido que não dá pra segurar, não dá pra controlar, você é maravilhoso negão. - admito que aquilo me encheu de tesão. - mas assim, queria que você provasse esse amor por mim.

- provar? Como que eu te provaria? - Não falei mais nada, só coloquei minhas duas mãos na sua bunda, e que bunda!

Ela era morena, redonda e empinada, não muito grande, mas muito bem desenhada, que bunda linda! Fiquei com tesão de comer ele a um tempo então joguei esse verde pra ver se ele cederia.

- Tu tá de sacanagem né?

- Não.

- Pow branquinho, tenho que dar a bunda pra você mesmo?

- Prova que me ama... - ele ficou silencioso, como que pensando no que ia fazer. Só dele pensar já me dava por satisfeito, na prova que tinha que me dar.

- pode ser semana que vem, tenho que pensar um pouco, semana que vem digo se sim ou se não, ok?

- ok. Mas e a minha? Quer hoje? - ele sorriu e veio cheio de fome.

Transamos como doidos! Era assim toda a semana, no nosso dia matamos toda a saudade que está guardada nos nossos corações e nossos corpos. Passei aquela semana ansioso demais pela resposta dele. Ao vê-lo nu no banho era quase impossível não ter uma ereção, ele era muito gostoso.

Os dias foram passando e eu ali, preso, abandonado pela sociedade pra pagar por uma coisa que eu não fiz. Minha sociedade era formada por 19 homens que dividiam o que tinham, um ajudando o outro a sobreviver. Essa sociedade tinha um líder e esse líder recebia, todos os dias, as demandas das outras celas do bloco e muitas vezes ele mesmo ia resolver as pendências. A gente enxerga uma prisão como um amontoado de bandidos burros, ignorantes e alienados, mas não, ali há uma organização social incrível, assim como nas favelas dominadas pelo tráfico, há toda uma administração pela força ou pelo carisma, pela troca de presentes, agrados e pela lei do mais armado, claro.

O Digão controlava a venda de cigarros, de drogas, as visitas íntimas, os doentes que iam e vinham do hospital, separava a comida que os parentes traziam... claro que ele mesmo faia pouca coisa, ele tinha o poder de mandar. A comunicação principal ali era sinais sonoros como batida nas grades, assovios; mas ainda havia os bilhetes e o jogral, onde as mensagens iam passando pelos mensageiros de uma cela pra outra até chegar no poderoso chefão.

Prisioneiro da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora