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        Acordei assustado, meu coração saltava inquieto no peito e eu sentia como se minha alma tivesse sido jogada de volta para dentro do meu corpo sem cuidado algum.

       Eu havia sonhado com ele, de novo. Eu havia sonhado com aquela noite e meu coração afundava-se em uma bagunça confusa de dor e indiferença. Doía porque eu o amava, mas era indiferente porque já fazia algum tempo.

       Demorei alguns segundos para tomar coragem e buscar pelo meu celular no amontoado de cobertores quentinhos no qual eu estava metido e outros tantos para que meus olhos se acostumassem com a claridade que emanava do aparelho.

       Quando meus olhos se focaram nas horas apontadas ali, fora impossível para mim não arregalá-los em surpresa.

       6:38am.

       Droga, droga, merda, caralho! Porra, eu estava atrasado.

       Deixei o aparelho jogado por ali e corri em direção a cozinha no andar de baixo, sem me preocupar que estava com o tronco completamente nu e os pés descalços. Eu nem ao menos me importei com a corrente de ar frio que se chocou contra meu corpo quando eu adentrei o cômodo onde mamãe estava.

       - Bom dia, Newt. - ela me cumprimentou animada.

       - Bom dia. - respondi automático, correndo na direção da janela aberta e me debruçando sobre ela, olhando de um lado para o outro da rua enquanto sentia a corrente de ar bagunçar-me os cabelos já desalinhados.

       Ele não estava ali. Não estava em lugar algum!

       - Thomas já passou. - com estas simples palavras mamãe foi capaz de desviar minha atenção da rua, e foi só quando finalmente voltei meu corpo para dentro da cozinha e olhei-a decentemente pela primeira vez naquela manhã que pude ver o que ela fazia. Sobre a bancada de mármore estava seu vaso de cristal preferido e dentro dele, junto há alguns mililitros de água estavam algumas flores rosas, bonitas e saudáveis as quais eu não fazia ideia do que eram. - E me trouxe flores, ele não é um amor? - ela me provocou, apontando o vaso bonito em minha direção.

       - Não chame ele de amor! - resmunguei infantil.

       - E eu não deveria chamá-lo assim por quê? - ela rebateu no mesmo tom, me empurrando para longe da janela e colocando o vaso ali. A excelentíssima Sra. Sangster parecia disposta a me perturbar aquela manhã.

       Bufei derrotado. Eu não queria que mamãe o chamasse de forma alguma, porque eles não tinham nada que se manter amiguinhos depois de tudo.

       - Eu me atrasei, porque você não me acordou? - desconversei.

       - Você não se atrasou. - ela comentou despreocupada encarando o relógio pendurado na parede. - Ainda tem quase uma hora e meia até a aula começar.

       - Você entendeu o que eu disse. - revirei os olhos para a sua falsa inocência perante o que eu falava. Eu estava falando sobre ele, e ela sabia muito bem disso.

       - Por acaso o senhor queria que eu fosse até lá e te acordasse dizendo, "Acorde, Newt! Você se vai se atrasar para ver o Thomas passando pela janela da cozinha." - fora a vez de mamãe rolar os olhos na minha direção.

       E tudo o que eu me permiti fazer foi grunhir indignado, puxando a caixinha de leite que ela havia deixado em cima da mesa para mais próximo de mim e despejando-o sobre a tigela.

       Era ridículo que eu quisesse que mamãe me acordasse mais cedo apenas para vê-lo passar pela janela? Era, era muito ridículo. E ainda assim, era exatamente o que eu desejava.

Fix us //NewtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora