Nova Iorque, Estados Unidos-2012.
A garota de cabelos brancos já havia decidido:segunda-feira aconteceria.
A mãe estaria de plantão no hospital onde trabalhava e a irmã viajaria à trabalho.
Ela sabia que pareceria uma decisão precipitada, impulsiva e irresponsável, mas ela sabia que não era.
Há um mês, a garota observava e preparava milimetricamente o que faria, em que dia, que hora e até em que mês.
Aí o plantão da mãe e a oferta de trabalho da irmã mais velha apareceram como uma salvação.
Tudo bem que a garota sabia que não era muito bem uma salvação para sua família, mas era para ela.
A mãe da garota havia a levado para diversos psicólogos, mas a garota nunca falava.
Na verdade, a garota não falava com ninguém.
Desde que o pai havia dito que iria comprar algo e pegou um ônibus para outra cidade, fugindo da família, a garota havia adquirido uma fobia social extrema.
Ela apenas conseguia dar bom dia para mãe e irmã, mas nada além de cumprimentos.
Amigos?A garota não tinha nenhum.
Atividades extracurriculares?Não conseguia nem se comunicar, imagina se tivesse alguma dúvida?
A garota de vez em quando chorava silenciosamente no chuveiro, triste por não ser o que a mãe esperava.
Mas o que ela poderia fazer?
A culpa do pai ter ido embora era dela, já que ele decidiu fugir depois que foi pego pela filha com outra mulher.
Se a garota não tivesse decidido beber água tarde da noite....
Sentia falta do homem que ensinou-a a andar de bicicleta.
Mas isso não importava mais.
Não tinha amigos, não se comunicava com a irmã, claramente farta da situação em que a garota dos cabelos brancos estava.
Mas ninguém a entenderia, não adiantava persistir.
Quando foi domingo de noite, a irmã veio ao seu quarto.
"Quer ver um filme?"-perguntou a irmã, tentando ser agradável, mesmo sabendo que ela não iria responder.
A garota assentiu e se levantou, dirigindo-se à sala.
Hoje era o seu último dia com a irmã, então queria ter algo para lembrar.
A irmã colocou uma comédia, arrancando alguns sorrisos inevitáveis da garota.
"Espero que lembre de mim desse jeito, irmã."-pensou a garota e admirou sua irmã, orgulhosa de sua maturidade e vontade de viver.
(...)
Já eram 16:00 e o sol iria se pôr.
A garota suspirou e pôs o vestido azul marinho, sua roupa favorita, penteou os cabelos e abriu a porta do apartamento.
"Me desculpem."-pensou a garota e colocou sua bolsa na frente da porta, onde elas encontrariam sua despedida.
Havia uma carta, que a garota havia escrito uma semana antes, onde haviam alguns pontos molhados, marcados pelo seu choro descontrolado durante a escrita.
"Minhas caras.
Finalmente eu vou conseguir falar algo, não é?
Bom, quero começar dizendo que o ocorrido não foi por causa de alguma falha de vocês.
Foi por mim, foi para algo bom.
Estava cansada de chorar e de não conseguir me expressar do jeito que vocês mereciam.
Eu amo vocês mais do que tudo, eu juro.
Mas eu precisava fazer isso.
Eu não tinha planos, não tinha um futuro em minha mente.
Eu não tinha sonhos, tinha pesadelos;
Eu não era carinhosa, era incomunicável.
Mas por favor, fechem os olhos por um momento, apenas por um momento e me vejam sorrir.
Minha cara irmã, pense na nossa noite de filme, a noite em que você conseguiu me fazer sorrir.
Mãe, se lembre de quando eu brincava de princesa com você, se lembre de nossas risadas.
Eu nasci com vocês em foco e morrerei com vocês do mesmo jeito.
Vivam, por favor não se prendam à mim, não odiava vocês.
Vocês eram a única razão de eu acordar toda manhã.
Eu amo vocês mais do que cabe nessa mísera carta.
Com amor, a garota dos cabelos brancos."
Além da carta, dentro da bolsa havia um envelope com todas as suas economias, destinadas ao futuro da irmã mais velha, presa aqui por causa da garota.
Havia também o perfume que a mãe usava e a garota sempre sumia, com um cheiro adocicado, o perfume favorito da mãe e da garota.
A garota entrou no elevador e apertou o botão do terraço.
Assim que chegou, o sol estava se pondo.
Olhou para o céu e viu pássaros, seus animais favoritos.
Sorriu verdadeiramente e colocou os pés no parapeito do terraço, pronta para aprender a voar, assim como os pássaros.
HELLLOOOO MEUS CARAMELOSSS!
Eu avisei que seria má!hahaha
Bom, esse conto foi sobre suicídio, e abandono, coisas bem sombrias.
Eu realmente não sei o que dizer, já que eu quase chorei escrevendo esse capítulo.
A trilha sonora desse capítulo foi Trouble do Coldplay e o trecho que mais tem a ver com o capítulo é: "Eu não pretendia lhe causar problemas;Eu não pretendia magoá-la;E se eu alguma vez lhe causei problemas;Oh, não, eu não pretendia magoá-la;Oh não, eu vejo;Uma teia de aranha e estou no meio dela;Então, eu me viro;Aqui estou eu em minha pequena bolha."
Espero que tenham gostado!
Beijoss caramelizadoss!
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Fora de Alcance [Contos]
ContoContos sobre a vida. Contos sobre a solidão. Contos sobre o lado feio que não te contam. Contos sobre o sombrio do coração das pessoas. _________________________________________ ATENÇÃO: Se você está passando por momentos difíceis como estes, não le...