A garota de olhos azuis que apenas queria acabar com a dor.

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Florença, Itália-2008.

Vôlei.

Uma palavra tão pequena e sem significado para outras pessoas, mas não para garota de olhos azuis.

Era sua paixão.

Queria ser profissional, viver daquilo e acordar todo dia sabendo que fazia o que realmente amava.

Estava em mais um de suas competições que atraía olheiros interessados em esportistas concentrados e perfeitos.

Sacou a bola bem no fundo da quadra, indefensável.

Comemorou com o time e logo localizou o olheiro escrevendo em sua prancheta.

Sorriu.

Objetivo alcançado.

Quando o jogo terminou, a garota sentia todos os músculos de seu corpo doerem.

Se despediu do seu time e foi para casa, implorando por um banho.

(...)

A garota de olhos azuis tornava o fato de ter tantos machucados, cômico.

Ela dava nomes à cada uma de suas feridas, principalmente as permanentes, como não conseguir virar o pulso esquerdo sem sentir dor.

Aliás, o nome dessa era Nina.

Toda vez que entrava no chuveiro, sentia dor, mas também o sentimento de prazer por fazer aquilo que amava.

Ela esperava poder fazer o que amava pelo resto de sua longa vida.

Afinal, tinha apenas dezoito anos. O que de ruim poderia acontecer com uma pessoa de dezoito anos?

Depois de tomar um longo banho, a garota, exausta, dormiu.

(...)

Acordou e seu pai ainda não havia chegado em casa, então decidiu dar uma volta.

Colocou um casaco de capuz e percebeu que estava nevando;sorriu.

Começou a andar sem rumo, apenas por andar, apenas para pensar e ver o mundo um pouco.

Depois de muito andar, a garota acabou parando em uma rua iluminada com alguns cafés. Estava muito frio, então decidiu parar em um.

Sentou-se em uma mesa dentro do café, porém, perto da janela para ver a neve.

Fazia tempo desde que não via neve, já que passava quase o seu tempo todo treinando ou estudando para as provas finais da escola.

Estava tão entretida com a neve caindo, que nem ouviu o atendente lhe fazendo uma pergunta.

O que disse?-perguntou a garota, saindo de seu transe.

Quando encarou a pessoa que havia lhe perguntado algo, percebeu que era um garoto provavelmente da mesma idade dela.

Há muito tempo a garota havia desistido da ideia de namorar. Além de ocupar tempo, algo que não tinha muito, ela não era muito sentimental como outras garotas.

"Eu disse que provavelmente não terá prova amanhã."-disse ele e de repente a garota percebeu que eram da mesma escola.

"Que bom."-disse ela.-"Posso treinar mais."

Quando percebeu que a última frase havia saído alto, viu que tinha dado um motivo para conversa.

"Você quer realmente ser uma jogadora, não é?"-perguntou ele e ela teve a impressão de que ele a observava.

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