Capítulo 3

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O avião desceu sem problemas no aeroporto de Campinas. Artur acordou apenas quando o avião tocou no chão. Se sentia mais bem descansado. Aparentemente seu corpo tinha se livrado do excesso de adrenalina.

- E agora?

- Bom, agora nós precisamos pegar um carro e seguir para o aeroporto de São Paulo, este daqui não tem voos internacionais e precisamos sair daqui. Como já falei.

- Mas ainda não me disse o motivo disso tudo.

- É, em primeiro lugar, porque não sei exatamente tudo o que está acontecendo. Em segundo lugar, porque não tivemos realmente oportunidade para isso e terceiro...

- Sim?

- Você meio que fica bonitinho quando faz essa cara de cachorro perdido. Agora vamos...

Artur ficou sem palavras por alguns momentos. A garota ficou apenas olhando para ele com um pequeno sorriso, enquanto esperava que ele se levantasse para que pudesse sair. Chegou até a considerar ficar parado até que ela falasse mais, mas desistiu. Suspirou fundo e novamente decidiu continuar no buraco do coelho branco para ver onde iria parar.

Quando estava andando no corredor para a saída nos fundos, viu um homem de terno de risca e chapéu num dos bancos. Estava com a cabeça baixa, como se dormindo. Algo nele parecia familiar, mas a movimentação da fila não deixou que ele pensasse muito nisso.

O aeroporto de Campinas era enorme, novo e com muito espaço vazio. O voo deles foi desembarcar numa parte distante do terminal, e tiveram que andar cerca de quinze minutos por corredores enormes com propagandas nas paredes, passarelas movediças e mais nada.

- Vamos, você precisa me contar mais do que está acontecendo...

- Preciso? Por quê?

- Porque uma hora você vai ter que me falar, e posso ajudar mais se tiver uma ideia do que está acontecendo.

- Isso é verdade, prometo que quando chegarmos no carro eu falo tudo o que sei. Verdade. Pode esperar um pouco mais? Estamos ainda muito expostos. Aguarde mais alguns minutos.

- Tudo bem...

Eventualmente chegaram na área de entrega de bagagens. Como não tinham nada para pegar, foram direto para a saída.

Artur nunca tinha passado por este aeroporto, mas Lydia parecia saber para onde ia. Foi seguindo com confiança e sem parar para olhar as placas de informação. Artur teve que se apressar para conseguir acompanhar.

Chegaram na área onde estavam os guichês de várias locadoras de carros. Lydia foi até uma das menores. A atendente parecia estar no final de um turno longo e tinha um sorriso cansado.

- Olá, nós temos uma reserva.

- Está no nome de quem?

- Arlen Wilson.

A atendente inseriu o nome no computador, checou os documentos de identidade que Lydia tinha entregado, tirou cópias de tudo e imprimiu um contrato. Enquanto isso Artur ficava olhando ao redor, prestando atenção em todas as pessoas andando no saguão.

- Assine aqui, senhora Wilson. Vocês sabem chegar no estacionamento?

- Ah, sim. Não se preocupe.

- Muito bem então. Já vou avisar o meu colega que vocês estão indo. Ele deve ter o carro pronto quando vocês chegarem lá. Tenham uma boa noite.

- Obrigado. Você também. Venha, querido.

O prédio do estacionamento ficava do outro lado de três pistas duplas para desembarque de passageiros. Agora já eram quase nove e meia da noite, então o movimento estava bem pequeno. Apenas alguns carros particulares e um ônibus de um hotel da cidade. O vento estava bem forte, empurrando eles em direção ao estacionamento. Lydia parou alguns segundos para observar tudo ao redor, finalmente relaxando um pouco.

Para Dentro da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora