♠Lanchonete

88 4 1
                                    

IV

- valeu pela carona - saio do carro

- espera - desliga o carro e sai vestindo uma jaqueta.  Entramos na lanchonete e algumas pessoas nos olharam com curiosidade - é só ignorar os olhares - me espanto quando sussurra no meu ouvido. Sentamos em uma mesa mais afastada

- porque você ainda está aqui, já que a minutos atrás estava querendo me ver longe?

- porque eu não quero ficar na casa dos...enfim, eu não tenho porra nenhuma pra fazer - pega um cigarro no bolso e acente em um isqueiro com estampa de mulher semi nua

Isqueiro...criativo

- e você acha que só porque quer, eu também quero? - o mesmo para de tragar o cigarro e me olha como se eu fosse algum et

- e você não quer minha presença? - pergunta arqueando a sobrancelha

Coloco minha bolsa na mesa, ajeito meu sobretudo, dobro minhas pernas, me inclino na mesa colocando os cotovelos nela e o encaro vendo dá um sorriso de lado

- não - ele fica tão surpreso que arregala os olhos por segundos

Eu até queria, mas odeio homem achando que só porque é bonito vai conseguir tudo o que quer

- Não me importo - dá aquele  sorriso dele quando vê que fechei a cara - o que você estava fazendo por aquelas bandas?

- Ótima pergunta, o que você estava fazendo por lá?

- não te interessa - fala seco - reponda minha pergunta

- ora, você não respodeu a minha pergunta e quer que eu  responda a sua? - falo colocando as mãos na cintura irritada fazendo o mesmo rir

- sim Barbie - reviro os olhos

- não, até você me dá um motivo bem convincente para te responder - coloco as mãos na perna o encarando

Geralmente as pessoas não conversão muito no primeiro "esbarrão" mas esse dai colo em mim

- talvez por eu ter te ajudado, na verdade, te salvado - mais uma tragada no cigarro

Odeio cigarro!

- ta - me rendo, o motivo dele me convenceu - é que... bom... lá onde eu estava, não muito distante, à um orfanato e eu vinha de lá, pois estava fazendo uma visita para o meu afilhado e sai muito tarde, então resolvi pegar um atalho e foi aí que eu entrei naquele beco - respiro fundo ao lembrar do que aconteceu, resolvo mudar de assunto - sabia que eu sou madrinha de batismo dele - sorrio ao lembrar de Bernard e o orgulho que sinto daquele menino - foi ele que me escolheu - aumento mais o sorriso

- e porque caralhos você não o adota? - pergunta com uma certa curiosidade

- porque eu não tenho renda fixa, sou solteira, divido a casa com um amigo, ainda estudo - falo enumerando com o dedo cada empecilho que fica no meio de mim e Bernard - tá bom pra você?

- eu posso te ajudar com essa merda toda - fala tranquilo

- como? - chego mais perto

- simples, casando contigo - levanta e desce os ombros sem se importa com que acabou de falar

O QUE??? O CARA TA ME PEDINDO EM CASAMENTO COMO SE FOSSE A COISA MAIS NATURAL DO MUNDO E NUMA LANCHONETE???

- como assim?como que casando contigo irá me ajudar? Você tem algum problema mental??? - pergunto muito confusa

- eu... tenho estabilidade financeira, tenho casa própria, sou solteiro e sinceramente sou o cara mais foda que você irá conhecer - reviro os olhos - então casando comigo resolve a maioria dos seus problemas - no final ainda sorri convencido

Na hora que eu ia dá uma resposta digna de óculos escuro, meu celular toca, pego e vejo: Ameba

- ligação em andamento -

- alô - atendo a ligação encarando Dylan acender mais um cigarro

- Bella, cadê você? Já cheguei e até agora não te vi, sabe que horas são?!

- calma, to na lanchonete da esquina. Já, já eu chego ai

- tudo bem, to te esperando aqui em casa

- ligação encerrada -

- seu namorado? - pergunta debruçado na cadeira

- não, olha eu tenho que ir - me levanto pego a bolsa - e ah - o encaro - desiste, eu não vou cair nessa ladainha e muito menos me casar com você

- esta me desafiando? - dou lhe um sorriso de lado e me viro andando até a saida da lanchonete - até logo Barbie - fala um pouco auto para que eu possa ouvir. Reviro os olhos

Chego em casa e abro a porta dando de cara com um Henrique só de cueca, com direito a Calvin Klein branca, deitado no sofá de barriga pra cima, olhando para a televisão

- Henrique Lewis, espero que o senhor esteja tentando me seduzir, em vez de estar com PREGUIÇA de subir a escada e tomar um BANHO - bato a porta com força atrás de mim

- não venha com isso não - levanta fazendo sinal de não com a mão - eu quero saber por que a senhorita chegou a esse hora da rua, tenho certeza que não estava com o Bernard até essas horas

- eu.. eu tava com o Dylan lá na lanchonete conversando e comendo besteiras - abaixo a cabeça

Omito a parte do beco, pois não tô preparada para o que Henrique vai fazer, que é com certeza: me levar ao medico, me pedir para fazer um monte de exames e coloca Deus e o mundo atrás do homem que quase me estuprou. Não quero porque estou cansada fisicamente e psicológicamente

- tá, não quer falar a verdade não fala, mas eu tenho o direito de saber o que aconteceu com o seu pé - vem até mim e me coloca no colo, vai até a cozinha e me senta no balcão - me dá o pé - estendo o pé pra ele

- eu corri e pisei sem querer em um pedaço de vidro - ele pega alguns remedios na gaveta, limpa o meu pé e taca os remédios nele - ai, isso arde - faço careta de dor

- calma, falta só custurar - arregalo meus olhos

- o que?? Não, você não vai costura meu pé  - digo o empurrando com o outro pé

- para Bella, eu tenho que fazer isso

- não, não tem - pego dois ban-dir e cubro o rasco - viu, tudo se resolve com ban-dir - Henrique balança a cabeça

- você é intrigante sabia?! - fala apertando meu queixo

Não sei o que esses homens ve de intrigante em mim

- me solta e vai tomar banho ou você acha que eu esqueci? - cruzo os braços

- só se você me alcançar - e sai correndo para o jardim, desço do balcão e corro atrás dele - vamo sací, vem me pegar - diz correndo e rindo

- quando eu te pegar, eu vou te matar Henrique Lewis - já estou arfando

- se um dia tu conseguir - corro mais rápido, tentando o alcançar

- cansei - me estiro no gramado

- mas já? - deita ao meu lado, viro para ele - que foi?

- você sabe que eu te amo não sabe?! - ele pega minha mão e a beija

- sei minha Bella, eu também - o Abraço e fecho os olhos

Até que vejo Henrique respirar pesadamente, então resolvo abrir os olhos e o vejo em pé na nossa frente

Encrenca em alta velocidade Onde histórias criam vida. Descubra agora