Capítulo 9

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     Eu estava colocando o colar que passamos para comprar quando saímos da loja de vestidos,quando o meu celular tocou. Era o Miguel,ele queria saber se eu não queria que ele fosse me buscar mesmo. Eu disse que não,e que eu já tinha falado com o meu pai e ele me levaria,ele não insistiu muito e desligou.
      -Cecília já são 18:37 hrs. Você vai se atrasar. - minha mãe disse gritando.
      -Ele acabou de me ligar.
      -O que ele disse?
      -Perguntou se eu tinha mesmo certeza de que ele não precisaria vir me buscar.
      -E você disse o que?
      -Que não porque eu já tinha falado com o papai e ele disse que me levava.
      -Certíssimo querida! Respondeu bem.
      -Ele só quis ajudar mãe.
      -Eu sei,agora vamos que seu pai está te esperando lá na sala.
      Descemos praticamente correndo as escadas,não sei porque a pressa se ainda me restavam quase meia hora,ele não iria ser mais pontual que eu,homem nunca é pontual.
       -Nossa como a minha filha está elegante.
       -Obrigada pai,agora vamos se não a mamãe infarta!
       Dei um beijinho no rosto da minha mãe e da minha irmã,e entrei no carro. Meu pai começou a dirigir. Cada marcha que ele trocava era uma olhada pra minha cara. Eu já estava ficando com medo do que ele iria me falar.
       -Cecília minha filha. - ele disse com uma voz tão ironica,quanto a da Malévola. E como o esperado a minha barriga gelou.
        -Oi.
        -Quem diria que você um dia iria sair com alguém.
        -É. - eu não sabia mais o que falar.
        -Sabe,eu sempre imaginei que,você um dia iria sair com alguém,mas eu não imaginava que esse dia iria ser hoje. - eu estava completamente gelada,porque ele estava falando aquilo pra mim?
        -É eu também não imaginava.
        -E te vendo assim hoje,uma mulher,tão linda,amável,às vezes irritante. -eu percebi que ele queria chorar - Só de pensar que um dia você foi uma garotinha tão pequenininha,que eu pegava com uma mão só. Um dia vai embora... Vai ter seus filhos. Eu fico mal de pensar nisso.  Filha presta atenção. - Ele já tinha conquistado toda a minha atenção.
      -Apesar de eu não te mostrar isso,de ser ocupado com o meu trabalho,com a empresa,eu sempre vou te amar,eu nunca falei isso pra você tão abertamente,e eu quero que você saiba que mesmo quando você se casar,e se esquecer de mim...
       -Pai... Eu nunca vou me esquecer de você! Eu te amo.
       -Eu sempre vou estar ali para o que você precisar minha filha.
       -Eu também pai.
       Meu pai estava um pouco emocionado,realmente ele nunca tinha se aberto daquela maneira comigo. Chegamos ao restaurante japonês,meu pai me deu dinheiro,ele disse assim que se o Miguel for mesmo um cavalheiro,ele paga a conta. Eu ri. Dei um beijo no rosto do meu pai,e fui em direção a entrada. Aquele salto estava acabando com o meu pé. Mas como minha mãe sempre diz, "Dói pra ficar bonita". Eu fui andando no meio daquele restaurante gigante,até que achei o que estava procurando.
       -Nossa como você está linda.
       -Obrigada,posso me sentar?
       -Claro que pode. - ele veio na minha direção e puxou a cadeira para me sentar. Estávamos começando bem.
       -Bonito o restaurante né? Você gostou?
       -Ah sim! É bem bonito.
      Eu não sabia o que falar,e pelo visto ele também não. Então decidi tocar em um assunto que interessava a nós dois.
      -Me conta mais sobre a sua faculdade!
      -Ah claro,porque eu não pensei nisso antes. - Eu ri. - Então,a minha faculdade ela é de engenharia como você já deve saber né? Eu faço ela à noite e é bem legal,porque os professores,pelo menos da minha faculdade,são bem atenciosos. Inclusive eu até me esqueci que eu tenho trabalho pra fazer amanhã.
      Ele era engraçado.
      O garçom chegou,fizemos os nossos pedidos e voltamos a conversar.
     -Quer me ajudar a fazer o trabalho amanhã? Vai ser até bom,assim você aprende um pouco mais do que você quer pra sua vida,ainda da tempo de mudar de ideia.
      -Para se não eu mudo mesmo. Odeio matemática.  
      -Então nem tenta.
      -Para de me fazer desistir!
      -Eu não estou te fazendo desistir só estou sendo realista. Você não tá entendendo,é muita matemática mesmo.
      -Vamos mudar de assunto então. E sua família?
      -Minha mãe e o meu pai,moram aqui pertinho. Minha irmã mora em Massachusetts,eu moro no Brasil. Vim pra cá só pra cursar. E você?
      -Eu moro em São Paulo com os meus pais e meu irmão,minha irmã mora aqui.
       -Ah entendi.
       -Só uma dúvida. Você nasceu aqui? - Eu perguntei com a maior cara de pau.
       -Sim,sou americano. Eu cresci aqui.  Nasci no Texas,numa cidade bem pobre,meu pais me tiveram bem novos,não tinham cabeça sabe? Aí o meu pai se formou em Fisioterapia e minha mãe em Odontologia,então eles decidiram vir morar aqui,onde tem mais oportunidades. Ai meu pai abriu uma clínica e minha mãe um consultório,e eu aos meus 16 anos decidi ir morar no Brasil,sempre tive vontade, de visitar a Bahia,o Rio de Janeiro. Terminei os meus estudos lá e depois decidi voltar pra cursar e é isso o que estou fazendo. Porque a pergunta?
       -É que você tem um pouco de sotaque.
       -Tenho mesmo. Fiquei só dois anos no Brasil.
       O garçom chegou com os nossos pedidos. Fomos comendo e conversando,ele me contou tudo da vida dele,os planos que ele tinha,de encontrar a mulher perfeita,ele adorava crianças,gostava de se divertir. Sinceramente eu tinha gostado muito da pessoa dele,ele era tão engraçado. Já estava ficando tarde,já eram 22:30 hrs da noite.
       -Já é tarde né? Seu pai vai ficar bravo comigo...
       -Meu pai?
       -É claro. Quer que eu te leve embora?
       -Não vou incomodar?
       -Você nunca incomoda Cecí.
       -Você também não.
       Entramos no carro e eu fui falando pra ele onde era a casa da minha irmã.
       -E ai?
       -O que?
       -Gostou de ter saído comigo? - claro que eu tinha gostado.
       -Claro que eu gostei.
       -Que bom,amanhã vai querer ir me ajudar a fazer meu trabalho?
       -Vou sim.
       -Você tá calada.
       -Nossa,mais do que falamos a noite inteira,você ainda quer que eu fale mais?
       -Mais a nossa noite ainda não acabou.
       -Claro que acabou,você já está me levando embora.
       -Quem disse?
       -Ah não! Fui sequestrada???
       -Eu nunca faria isso com você! Só quero que você conheça um lugar que eu gosto muito.
       -Ah que alívio...
       Chegamos ao tal lugar. Era um Píer de frente para o mar,ele foi me guiando de olhos fechados. Só sei que entramos em um elevador.
       -Quando eu contar até três eu tiro a  mão dos seus olhos.
       -Tá.
       -Um... Dois... Três... Pode abrir.
       Era uma vista linda do mar,com a luz da lua,eu tinha adorado aquilo. Era tão lindo. Nunca tinha visto nada igual.
       -O que achou?!
       -Eu não consigo nem falar,isso é maravilhoso!
       -É aqui a onde eu fico quando quero pensar um pouco na vida...
       -É lindo!
      Estava um vento forte,só sentiamos nossa respiração e ouviamos o barulho das ondas. Ele ainda estava com o braço por cima dos meus ombros.
       -Nossa como você tá gelada! Você tá com frio?
       Eu tinha esquecido a minha jaqueta no banco do carro do meu pai.
      -Um pou...
     Não deu nem pra terminar a minha frase,ele já estava passando o paletó por cima dos meus ombros e me abraçando,nós estávamos tão perto um do outro,eu conseguia ouvir o barulho da respiração dele. Quando eu me virei para olha-lo,aqueles lindos olhos estavam olhando pra mim,estávamos cada vez mais perto,até que chegou uma hora que eu só conseguia escutar o barulho do mar. Ele tinha me beijado,aquele tinha sido o meu primeiro beijo,e foi tão especial,não podia ter sido melhor,foi no momento certo e no lugar mais perfeito. Foi tão lindo,tão romântico,aquele silêncio,aquele barulho daquelas ondas indo e vindo,e aquela luz da lua deixando tudo iluminado.
       -Me desculpa,não era essa a minha intenção eu nã...
       -Calma Miguel. - eu o interrompi,ele estava nervoso.
      -Eu preciso te dizer uma coisa Cecí.
      -Eu também preciso.
      -Fala você primeiro então. - ele disse,tão triste.
      -Esse foi o meu primeiro beijo,com alguém que foi o culpado de tudo!
       -Me desculpa Cecí,essa não era a minha intenção. É que você é tão lin...
       -O culpado de ter ido àquela padaria naquela manhã,e ter me deixado completamente apaixonada por ele!

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