Você deve estar brincando - disse Mallory quando Simon explicou o que ele estava querendo fazer.
- Eles vão morrer se nós não fizermos isso - insistiu Simon. - O grifo está sangrando.
- O grifo, também? - perguntou Jared. Ele en-tendia quanto aos gatos, mas um grifo?
- Como nós vamos ajudar aquela coisa? - perguntou Mallory. - Nós não somos veterinários de seres fantásticos!
- Temos que tentar - disse Simon com firmeza.
Jared tinha a obrigação de concordar com Simon. Afinal, ele colocara Simon em muita confusão.
- A gente podia pegar a velha lona do depósito.
- É - concordou Simon. - Então podíamos pu-xar o grifo até em casa. Há muitos quartos.
Mallory ergueu os olhos.
- Se ele deixar - Jared disse. - Você viu o que ele fez com aqueles goblins?
- Vamos, pessoal - pediu Simon. - Não sou forte o suficiente para empurrá-lo sozinho.
- Certo - disse ela. - Mas eu não vou ficar per-to da cabeça.
Jared, Simon e Mallory foram juntos até o depósito. A lua cheia sobre eles dava luz o suficiente para que os irmãos pudessem andar pelas árvores, mas mesmo assim eles foram cuidadosos, cruzando o rio onde havia apenas uma corrente. Na extremidade do gramado, Jared pôde ver que as janelas da casa principal estavam iluminadas e que o carro de sua mãe estava parado no estacionamento.
Ela estaria fazendo o jantar? Teria chamado a polícia? Jared gostaria de ir até lá dentro e falar para sua mãe que tudo estava bem, mas ele não ousou.
- Jared, vamos. - Simon tinha aberto a porta do depósito, e Mallory estava puxando a lona do velho carro.
- Ei, olhem para isso. - Simon pegou uma lan-terna de uma das prateleiras e tentou ligá-la. Por sorte nenhum raio de luz se espalhou pela grama.
- Deve estar sem bateria - Jared disse.
- Parem de brincar - Mallory falou para eles. - Nós estamos tentando não ser vistos.
Eles puxaram a lona pela floresta. Andaram devagar e várias vezes discutiram sobre qual o caminho mais curto a tomar. Jared não podia deixar de prestar atenção nos distantes barulhos da noite. Mesmo o coaxar dos sapos parecia sinistro. Ele não podia ficar tranqüilo pensando no que poderia estar na escuridão. Talvez alguma coisa pior do que goblins ou trolls.
Ele balançou sua cabeça e pensou consigo mesmo que possivelmente ninguém poderia ter tão pouca sorte em apenas um dia. Quando finalmente encontraram o acampamento dos goblins, Jared ficou surpreso ao ver o Gritalhão sentado diante do fogo. Ele estava lambendo um osso e arrotou contente quando eles se aproximaram.
- Acho que você está bem - disse Jared.
- Isso é jeito de falar com quem ajudou a melhorar a fuga que vocês tinham planejado com esses cérebros de camarão?
Jared começou a protestar - eles quase foram mortos por aqueles goblins idiotas - mas Mallory agar-rou seu braço.
- Vá ajudar Simon com os bichinhos - ordenou ela. - Vou ficar vigiando o goblin.
- Eu não sou um goblin qualquer - esclareceu o Gritalhão. - Sou um trasgo.
- Seja lá o que for - disse Mallory, sentando em uma pedra.
Simon e Jared subiram nas árvores, soltando todos os animais das gaiolas. A maioria correu para o galho mais próximo ou pulou para o chão, com tanto medo dos garotos quanto estavam dos goblins. Um pequenino filhote de gato se espremeu no fundo de uma gaiola, choramingando tristemente. Jared não sabia o que fazer com ele, então o colocou em sua mochila e continuou andando. Não havia sinal da Tibbs.
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As Cronicas de Spiderwick - A Pedra da Visao
FantasiA adaptação deles ao novo estilo de vida na velha casa também estava bem no início. Os acontecimentos estranhos pareciam ter cessado. As coisas andavam calmas até que Simon sai à procura de sua gata e é seqüestrado por goblins invisíveis. Jared é te...