Capítulo 2 - É você? Sou eu!

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Marina chegou à garagem de casa às 16h30, abriu a porta do carro e recebeu o olhar crítico de Rodrigo.

— Nem adianta reclamar do meu atraso, eu só estou te fazendo um favor.

— Ok — ele ligou o carro. — Muito obrigado por me fazer mais esse grande favor. Agora se você puder entrar logo, o caminho até o Shopping Iguatemi é longo, e eu já estou em cima da hora.

Ela forçou um sorriso, sentou-se no banco do carona, bateu a porta e estendeu a mão à frente do volante.

— Já se esqueceu que precisa me dar dinheiro para o táxi?

— Eu vou te trazer de volta.

— Quando? Depois de curtir o resto da tarde e a noite inteira com sua nova amiguinha? Eu não vou esperar.

Rodrigo rosnou, estava explicado por que depois de Sérgio Marina não conseguia mais arrumar um namorado.

— Tudo bem então. Se você quiser voltar para casa logo, eu te pago um táxi, satisfeita? Agora vê se põe o cinto.

— Já botei, imbecil.

— Ô, Marina, vem cá, você bebeu vinagre em vez de água hoje, foi?

— Não, querido, por quê? Acaso está querendo que eu desça do carro? — ela o fitou, piscou os olhos repetidamente e sorriu em ironia.

Silêncio, enfim o carro cruzou o portão da garagem.

— Não quer ligar o som? — Rodrigo perguntou como se os dois não tivessem acabado de soltar faíscas, sua voz tão mansa quanto um filhote recém-nascido.

— Claro, Rô — Marina sorriu com triunfo. — Assim é bem melhor.

            Aninha estava sentada em frente ao restaurante Lamparina, como havia combinado com Rodrigo, e não parava de olhar o visor do celular

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Aninha estava sentada em frente ao restaurante Lamparina, como havia combinado com Rodrigo, e não parava de olhar o visor do celular. Quem seria tão idiota a ponto de se atrasar exatamente no primeiro encontro? Olhou para todos os lados e fez menção de se levantar, mas... Hey! Aquela não era...

— Marina? — perguntou, arrebatando a mão da garota que perambulava atrás de si feito uma criança perdida na praia.

— O-oi... — a palidez em sua face denotou que ela não fazia ideia de quem a tocava.

— Nossa, quanto tempo! — Aninha levantou-se para abraçá-la.

— Hey... — disse Rodrigo, aproximando-se delas. — Você está aí!

— Claro que estou, foi o que combinamos — Aninha respondeu e, confusa, afastou-se um pouco para fitar os dois. — Nossa... Será que eu conheço vocês mesmo?

Rodrigo e Marina entreolharam-se. Sim, era claro que ela e Rodrigo se conheciam, e não, absolutamente, Marina não se lembrava de ninguém tão bonita quanto aquela "Aninha".

— Bom, eu continuo sendo o Rodrigo e essa é minha irmã...

— Marina — Aninha completou. — Eu sei.

— Sim — ele olhou para as duas. — Vocês já se conhecem?

Marina deu de ombros e torceu a boca em sinal de completa incerteza.

— É claro que sim — Aninha respondeu. — Não acredito que você tenha se esquecido de mim, Mari.

Zero lembrança na cabeça de Marina.

— Primeiro semestre de 2005, Colégio 2 de Julho, Shopping Barra, Subway, Tatá, Taí. Tem certeza de que isso tudo não te diz alguma coisa, hã?

Os olhos de Marina ficaram miúdos. Oh my Gee! Aquela Aninha era mesmo...

— Poliana?!

            Para a surpresa de Rodrigo, o que deveria ter sido um encontro romântico terminou se transformando numa sessão chatíssima de "recordar é viver"

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Para a surpresa de Rodrigo, o que deveria ter sido um encontro romântico terminou se transformando numa sessão chatíssima de "recordar é viver".

— Olha só — Poly disse —, eu adorei saber que Rodrigo é seu irmão, Mari. Quer dizer, a gente não se via há quase cinco anos, mas amizade feito a nossa não se acaba por causa da distância ou do tempo, não é mesmo?

— Ah, por favor, é claro que não — Marina confirmou animadamente, quando na verdade queria dizer "tenha santa paciência! Eu quase não me lembro de você". — E pode ficar tranquila, Poly, Rodrigo é meu irmão, mas... se ele pisar na bola, conto tudo a você — piscou.

— Ok — ele suspirou entediado, não poderia aguentar nem mais um minuto daquele clima chato de clube da Luluzinha. — Fico contente que vocês se conheçam. Pra mim é como se fosse um sinal.

— De que vocês estão destinados um ao outro? — sugeriu Marina, e Poliana, muito menos tímida do que cinco anos atrás, arregalou os olhos para o pretendente. Oh sim, ela acreditara naquela conversa fiada!

— É-é... — ele confirmou, tentando esmagar o pé da irmã por debaixo da mesa.

— Jura que você também pensa nessas coisas? — Poliana fitou os olhos de Rodrigo, que quase vacilaram até os de Marina.

— É-é claro.

— Então... — Marina intrometeu-se, como se fosse a nova Tatá, sua melhor e mais encrenqueira amiga em comum. — Parece que vocês precisam conversar um pouco a sós, não é?

Rodrigo sorriu apavorado. E como seria diferente, depois de saber que a garota dos seus sonhos não passava da amiguinha ingênua de adolescência da sua sarcástica irmã?

Poliana, todavia, adorou.

Simplesmente Você - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora