07. Quem fala?

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A menina correu como nunca, na esperança de falar com ele.

Sua mãe já estava pronta para atender, tinha o telefone em mãos, quando Olivia gritou.

– NÃO! EU ATENDO! – Seu desespero pareceu ecoar pela cidade inteira.

Ela correu em direção ao telefone, o arrancando das mãos de sua mãe. Margareth não entendeu absolutamente nada.

– Alô? – Olivia estava ofegante pela pequena corrida.

– Alô, Lili? – Jenny disse do outro lado da linha, fazendo o coração de Olivia despencar das nuvens outra vez. "Que merda!" pensou.

– Oi, Jenny... – Olivia deu um suspiro desapontado.

– Nossa! Isso porque você queria falar comigo, imagina se não quisesse? – Jenny disse, impressionada, e Olivia soltou uma risada baixa.

– Desculpa, amiga. Tô meio desanimada hoje.

Ela podia ter contado tudo para Jenny, mas preferiu não parecer tão idiota e patética por ter ficado esperando uma ligação que nunca chegou. Era um tanto humilhante.

– Poxa, amiga, quer fazer alguma coisa? O Tom disse que você estava me ligando desesperada! – Jenny disse rindo, e tentando fazer Olivia rir, mas a menina estava triste demais para isso.

– Hoje eu não tô muito a fim. Acho que vou ficar aqui em casa mesmo. Amanhã a gente se fala, pode ser? – Olivia murmurou, querendo desligar a droga do telefone de uma vez. Ela não estava com humor para conversinhas, será que as pessoas não percebiam isso?

– Ah... tudo bem, então. Beijos – Jenny disse desapontada.

Olivia se despediu em um sussurro e desligou o telefone.

Olhou para sua mãe, que ainda tinha cara de espantada a encarando, os olhos arregalados e a boca entreaberta. Olivia deu de ombros e seguiu seu caminho até o quarto.

Chegando lá, se deparou com a enorme estante cheia de livros. Passou os olhos rapidamente por todos eles. Escolheu o mais grosso possível e pegou para ler. Ela nem viu o título... não estava interessada. Ela não prestaria atenção nas palavras do livro. Só queria ter algo para passar o tempo.

Começou a ler de maneira robótica, passando os olhos pelas palavras sem realmente absorvê-las. Passava as páginas mais rápido que o normal. Continuou tentando ler, tentando prestar alguma atenção. Após algum (pouco) tempo, adormeceu.

No andar de baixo de sua casa, uma situação bem confusa acontecia.

– Alô? – Margareth dizia ao telefone, que tinha acabado de tocar.

– Alô, hmm... – um rapaz disse, sem conseguir terminar a frase.

– ...Alô?!

– Oi! É... com quem eu falo? – Ele perguntou, na esperança de receber um nome em resposta.

– Com quem você gostaria de falar, querido? – Margareth perguntou, amorosa, ao perceber a voz confusa do menino.

– Eu... não sei – Ele disse.

Sim, era ele. Eric.

E como ele poderia pedir para falar com alguém se ele não sabia o nome da pessoa com quem ele queria falar?

– Você não sabe com quem quer falar? – Margareth perguntou, rindo.

– É. Mais ou menos. Olha, eu ligo depois, obrigado – Eric disse, atropelando as palavras pela vergonha, e desligou o telefone em seguida.

Chamadas Perdidas [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora