Atribulações Noturnas

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                        Hope E. Waters





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Durante a madrugada ouvi Samovar se remecher e se esquivar para  longe da cama e cochichar algo ao telefone.

Algo sobre eu, ter tido contato com, Augustus Dignitas.

Eu estava sonolenta, mais do que o normal. Assim que meus olhos se fecharam, contra minha vontade, vieram há minha mente as lembranças da noite em que conheci, Augustus Dignitas. 

                      ******

Era um dos invernos mais gelados em anos aqui no estado, era dezembro. 

Estava nevando lá fora,  a neve começou cair fraca pela manhã, naquele dia.

O sol nem sequer mostrou seu brilho, o que não era nada incomum para aquela época do ano.

E as rosas no jardim da mamãe estavam morrendo e sendo gradativamente coberta pela neve, porque a uma semana ela, surpreendentemente não cuidava das roseiras.

Isso era estranho.

Não me lembro o dia ao certo, mas era próximo ao Natal. Meus pais andavam ansiosos pela casa, minha mãe vez ao outra murmurava coisas inaldiveis para sí mesma. 

Meu pai, naquele dia fumou mais cigarros do que o normal. Pareciam nervosos dizendo que não importava o que acontecesse, eles me amavam muito.

Minha mãe fez tranças nos meus cabelos e me agasalhou, quando anoiteceu meu pai recebeu uma ligação e  me mandaram subir para meu quarto. Alguns minutos depois ví um lindo, carro preto reluzente se aproximar. Era algum modelo antigo que eu não conhecia, mas parou na frente de casa.
Um homem de chapéu engraçado saltou do banco do motorista, abriu a porta de trás  do carro e um outro homem de meia idade saiu dele.

Ele usava um sobretudo preto.
Ele estava todo de preto.

As únicas cores que eu consegui ver naquele homem eram os olhos azuis, que mesmo de longe, possuíam brilho.

E o cabelo que começava a ficar grisalho na frente.  
Assim que ele entrou fiquei curiosa. Meus pais estiveram tão estranhos o dia todo. Será que essa visita inesperada seria a causa? Me esgueirei para fora do quarto, em passos demasiados silenciosos e sentei na escada e ouvi a conversa deles.

-Senhor Dignitas, c-como ela está? -minha mãe perguntou entre soluços. 

-Ela morreu. - o visitante misterioso disse com a voz embargada. -Eu... minha esposa queria contar... e eu não deixei.

-Ela mesma quis assim Augustus. -papai diz ríspido. A voz dele parecia um pouco alterada.

Papai parecia zangado. 

-Não nego. Está sendo melhor para ela assim, agora eu vejo.

-Então para que veio? - minha mãe pergunta em voz  aflita.
Do que eles estavam falando?

Desço os últimos degraus, quero ver o homem. Paro entre a parede e um aparador, bem próximos ao cômodo.

-Só para dizer que tudo será ajeitado conforme as leis.-ouço o homem sussurrar. 

-Deixe que ela fique no animato e seja melhor do que somos. -vejo-o ri por um segundo. Mas é um riso irônico. 

-Minha esposa me disse exatamente isso quando me contou sobre o que tinha feito. Eu não consegui acreditar. Depois que me contou a verdade, ela entrou em depressão, mandou nosso filho para Paris. Ela não queria que ele descobrisse tudo...  -ele vira de costas para meus pais, ouço-o, o homem... senhor Dignitas, fungar e continuar.  

-Ela só... só queria poder mudar tudo o que fez antes, a vocês. Pedido perdão por tudo que nós fizemos. Ela queria ter conhecido melhor a criança... 

-Jamias permitiriamos que ela se aproximasse da nossa família de novo Augustus, sabe... -eu estava tão curvada, para ouvir a conversa que esbarrei no aparador, fazendo um ruído esganiçado. Quando o móvel arrastaou no chão. 

Então eu saio para a sala onde eles estão. Meu pai tem minha mãe nos braços. Ela está chorando, e o homem se vira rápido. Ele parece abalado, mas sua feição se fecha em apreensão quando ele me vê.

-Desculpe. -murmuro envergonhada. Meus pais não dizem nada, eu estava esperando uma repreensão, um castigo talvez... mas eles não disseram nada e, agora suas caras também eram de apreensão... pavor.  

-A quanto tempo está aqui Hope? - o home me pergunta, ele parece confuso. Ele fala meu nome tão suave  e intimamente, franzindo o cenho, que, mesmo com sua voz trêmula, não consigo nem me  sentir estranha, ao ouvir meu nome de um desconhecido.

-Sinto muito por sua esposa, senhor. -é só o que digo. Então o homem se move, e se ajoelha em minha frente. Não entendo mais nada do que está acontecendo. Como se não pudesse ficar ainda mais confuso ele me dá um leve peteleco na testa, e sorri.

-Minha Agnes gostaria de ter te conhecido.Vocês teriam se dado muito bem, tem o olhar dela .É tão bonita e gentil. - ele aponta para o meu olho preto, em seguida sorri de novo, mas agora é um sorriso triste como se ele estivesse se lembrando de algo. 

-O-obrigada. -eu repondo, meio confusa. 

-Não... Hope eu é  quem agradeço todos os dias por,  -ele fita de esguelha meus pais no canto da sala. -... por tudo.  - então ele afaga de leve meus cabelos ruivos, se levanta e acena com a cabeça para os meus pais.

Então ele vai embora. 

Foi a primeira e única vez que o ví. 

     

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2019 ⏰

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