3 - Cicatrizes

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Hope E. Waters

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-....sim eu entendo.E quando a garota pode ir para casa? -pergunta uma voz rouca e forte, tão forte quanto um trovão em uma tempestade, mesmo assim consigo identificar... tranquilidade.

-Amanhã Sr. Dignitas! Amanhã a moça receberá alta. E poderá cuidar dela em sua casa... mas devo avisar que ainda é ced...

-Quem decide ha respeito dos meus assuntos, sou eu Fills, entenda. Ela receberá todos os cuidados que recebe aqui, mas será em minha casa, onde eu possa acompanhar sua recuperação de perto. -a voz disse ríspida e cortante.

-Como quiser filho. Só preciso te dizer algumas coisas... - desconcentro da conversa. Mas sinto a presença deles ali, não consigo identificar o outro homem.

Tento abri os olhos... eles pesam.

E eu tento de novo.

Abro uma pequena fenda e fito o quarto, me mexo tão milímetricamente que quase não sinto dor, mas aí vem a pontada de sempre, na altura das costelas que faz meu corpo se contorcer involuntariamente.

Dou um baixo gemido, que imediatamente corta a conversa dos dois homens no ambiente.

Minha visão meio ofuscada identifica o médico. Ele está de branco, e se aproxima. O outro homem aparece no meu campo de visão como um mero borrão, alto e escuro.

-Senhorita Waters? -o médico pergunta com certa esperança na voz, ele estala os dedos perto do meu ouvido.

-Huuum? - é tudo que sou capaz de dizer a ele no meio de tanta dor.

-Onde dói? -ele pergunta me rolando de lado na cama sem me dar tempo pra protestos.

Afinal, que protestos eu poderia fazer... o médico é ele.

-Dignitas... espere lá fora já terminarei de instruí-lo.

Ouço o outro homem bufar e sair. A porta é aberta e fechada rapidamente num click.

-Não se preocupe menina, ele já foi. Conheço ele desde menino e,-ouço o soltar uma modesta risada - nunca o ví tão preocupado com alguém assim.Mas bem, me parece que ele não tem muita paciência com garotas que, precisam de certos cuidados. -ele solta outro risinho e em seguida funga.

-É só um ponto de um corte que se esticou demais, tente evitar se mexer tão rápido, sua pele ainda está tensionada pelas queimaduras.- ele deu uma pausa e suspirou.

-Vou aumentar a dose do seu analgésico. E aliás...-podia sentir seu sorriso se abrir mesmo eu estando de costas. -, senhorita vai pra casa logo. Por isso ele veio aqui hoje, o avisei que você receberia alta em breve.



Logo o médico sai e duas senhoras entram, uma delas com uma caixa cheias de ataduras. É a mesma da noite anterior, ainda está usando o uniforme.

E a outra senhora, uma enfermeira, vem com uma bandeja de medicamentos injetáveis.

Fecho meus olhos de novo ainda estou na posição que o médico me deixou. Suspiro fundo, e pergunto, abrindo os olhos de novo.

-Ahn... - minha voz ainda é baixa e fraca, mas também porque agora começo a sentir os analgésicos fazerem efeito -... alguma das senhoras pode me dizer... quem era o homem que acabou de sair daqui?

A mais baixa, de cabelos grisalhos, da noite anterior, me olha com espanto.

-Oras, criança era o Dr. Fills!

Ainda há ... HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora