Vale Do Medo

Morrer em seu lugar, é a melhor forma de partir.

_Mas talvez você prefira que eu começe por você, Luciana.

Júlio olhou para mim como se ele fosse um Leão, e eu a sua caça.

_Ela está certa.

Gabriel me apoiou.

_O que você está fazendo com a gente é sim covardia.

O Gabriel não era mais a minha pessoa predileta no mundo, mais ele estava me ajudando a ganhar tempo, o que era bom.

_Não me importa o que vocês pensam de mim.

O Júlio disse quase em um rosnado.

_A única coisa que me importa, são as minas de petróleo que jorram debaixo dessa terra, e que serão minhas quando vocês não estiverem mais aqui, E agora vamos acabar com esse problema logo, Gustavo, Ricardo atirem.

_Mais Júlio, pensa bem.

Ricardo falou.

_Eu já pensei Ricardo, ou você atira, ou você tá fora.

Dos três o Ricardo parecia ser o único que tinha coração.

_Pois então, eu estou fora Júlio, eu não vou atirar em uma adolescente, simplesmente porque você quer.

Brenda que estava sob a mira da arma de Ricardo correu para junto de mim, e do Cristian.

_Calma amiga, vai ficar tudo bem.

Eu disse a ela tentando acreditar em minhas próprias palavras.

_Você está fora Ricardo?

Júlio perguntou para Ricardo que permaneceu firme em sua decisão.

_Sim, eu estou fora.

Ricardo se virou indo em direção a porta, mal sabia ele que seriam seus últimos passos.

_Pois então, fique fora.

O barulho que se ouviu em seguida foi ensurdecedor, Júlio disparou nas costas de Ricardo, que caiu no chão dando seu último suspiro. Todos ficamos mudos.

.......

_Eu não posso permitir que alguém que saiba do petróleo, e não esteja do meu lado, fique vivo.

E olhando para o corpo estirado no chão, ele disse.

_Você escolheu seu próprio caminho Ricardo, é uma pena.

Cada um de nós dentro daquela pequena cabana estávamos em choque, ninguém dizia nada, o Cristian me segurava contra o seu peito, como se eu fosse a última coisa em que ele pudesse se segurar.

......

E então eu ouvi o barulho da nossa salvação, aquilo que iria salvar nossas vidas e colocar de vez um fim naquela loucura.

A sirena de um carro de polícia, eu sorri comigo mesma de felicidade.

_O que é isso?

Julio perguntou  para mim, seu olhar agora, era de puro medo, mais minha felicidade não durou muito, pois me dei conta de uma coisa, o carro da polícia não chegaria até nós, e eles demorariam alguns minutos a pé, Júlio começou de novo com seu ataque de esteria.

_Eu perguntei o que é isso?

Ele girava para todos os lados, apontando a arma para cada um de nós, Cristian ainda me segurava, como se para me impedir de fazer alguma besteira, mais eu não consegui mais ficar calada, quando ele começou a arrastar a Brenda pelos cabelos, a ameaçando com a arma.

_É uma sirene de carro de polícia seu imbecil.

Eu não ia permitir que ele machucasse a minha amiga daquele jeito.

_A polícia não viria aqui, se não tivesse recebido uma denuncia!

Ele soltou a Brenda, caminhando em minha direção, Cristian me apertou mais forte.

_Agora resta saber, quem fez a denúncia, e como?

_Você, é um vilão muito destraido Júlio.

Estava funcionando, eu estava ganhando tempo, com certeza a polícia já estava chegando, mais foi nesse exato momento, que meu sonho de sair viva dali se desfez, Júlio empurrou o Cristian para longe de mim, o fazendo cair no chão, ele me arrastou pelo braço também me jogando no chão, o celular que estava no meu bolso caiu, se espatifando em pedaços.

Júlio olhou para o celular me lançando um olhar mortal.

_Então foi você? sua insolente!

Júlio apontou a arma em minha direção, os outros assistiam aquela cena sem poder fazer nada, naquele momento eu tive a plena certeza de que eu ia morrer.

_Você vai pagar por isso.

Júlio gritou, olhei na direção de Cristian que estava imóvel, olhando para mim.

_E vai pagar agora.

Júlio sorriu para mim de um modo assustador, fechei os olhos esperando a bala me acertar.

Foi aí que ouvi dois barulhos diferentes, primeiro: o barulho da porta sendo chutada.
Segundo: O barulho do tiro.

Mais eu não havia perdido os sentidos, e não estava sentindo nenhuma dor, eu estava viva.

Abri os olhos devagar, com medo da cena que iria ver, e me arrependi de ter aberto.

Caido do meu lado estava o Cristian, a roupa ensanguentada, ele sorria para mim, a policia estava algemando o Júlio, ao lado também algemada estava dona Honória, dois outros policiais estavam cuidando do Gustavo.

_Porque você fez isso?

Eu perguntei para o Cristian, ele sorriu.

_Porque eu te amo, eu te amo Luciana, desde a primeira vez que te vi no colégio, eu nunca tive coragem para te falar, mais eu precisava te provar.

Ele tossiu, mais uma vez eu senti como se meu coração estivesse se quebrando.

_Vai ficar tudo bem, eu te prometo Cristian, vai ficar tudo bem!

Eu disse, beijando seus lábios ali mesmo, eu não podia perder essa chance, podia ser a última.

_Mesmo se não ficar Luciana, morrer em seu lugar é a melhor forma de partir!

..........

Uma ambulância da cidade vizinha levou Cristian para o hospital, nós voltamos para casa na mesma hora, enfim aquele pesadelo tinha acabado, agora a minha unica preocupação era com a vida do Cristian, eu não poderia viver sabendo que ele se sacrificou por mim.

..........

Bom como eu não consegui encerrar a história nesse capítulo, Boa notícia, haverá mais um capítulo. Até mais