Porquê você me olha assim?

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Como eu tinha imaginado, a noite foi bastante tensa, o Daivid e o Adriano estavam ainda mais paranóicos do que já eram, e o pior é que a Maria Eduarda também estava ficando maluca, ela jurava ter visto uma imagem assustadora no meio das árvores.
A sensação de que tinha alguma coisa errada, havia voltado! Só porque agora eu já não acreditava que fosse algo completamente sobrenatural, afinal, um fantasma não iria cavar buracos no meio da floresta! Iria?

Quando eu e o Cristian contamos o que agente tinha visto, a paranóia ficou ainda maior.

_Eram quantos buracos?
O Adriano me perguntou, claro que eu não sabia, eu não tinha contado!

_Com certeza esses buracos são pra enterrar agente!

O Daivid berrava _Vamos todos morrer, eu disse que não era uma boa idéia vir pra cá.

Os alunos mais medrosos já estavam cogitando a idéia de cancelar o acampamento, e irmos todos para casa, mais a professora Raquel não queria nem pensar na idéia, acho que assim como eu ela não acreditava muito nessa história de assombração, e ninguém sairia dali sem a ordem dela.

Até porque só ela poderia dar a ordem para o motorista nos levar de volta.

Depois de discutirmos o assunto inúmeras vezes, ficou resolvido que o acampamento continuaria, e eu resolvi ir para a barraca tentar dormir um pouco, a Brenda já estava lá, dormindo como um anjinho.
.....

Na manhã de quarta feira as coisas já estavam quase normais de novo, tirando o Daivid e o Adriano é claro, e por uma visita inesperada, um senhor de meia idade estava conversando com a Raquel, nós já estavamos ali a três dias e eu ainda não o tinha visto.

Cinttya, uma menina da minha turma estava sentada na grama perto de onde eles estavam, então me aproximei como quem não queria nada, e me sentei perto dela, falando apenas um oi, e dedicando total atenção a conversa deles.

A professora estava com um ar preocupado.

_Eu acho melhor vocês irem para casa!

O homem dizia.

_Não é a primeira vez que acontecem coisas desse tipo aqui, por isso o vale da caveira está deixando de ser um lugar turístico, todos os que vem aqui acabam indo embora mais cedo! E não voltam mais, aqui realmente tem acontecido coisas muito estranhas.

O homem assumiu uma expressão séria, que me fez sentir um arrepio.

_Eu não vou cancelar o acampamento que agente planejou a tanto tempo.

A professora disse.

_Ainda mais por causa de coisas que eu nem sei se existem senhor Julio.

Julio, então esse era o seu nome.

_Que seja assim então professora, mais depois não diga que eu não avisei.

O homem deu meia volta saindo, com cara de poucos amigos, só ai então percebi que o Cristian estava atrás de mim.

_Você ouviu tudo?
Eu perguntei.

_Tudo.
Ele respondeu saindo em seguida.

O restante do dia passou normalmente, pesca, banhos de rio, nós jogamos até futebol, não houve mais nenhuma aparição mistériosa, e ninguém mais tinha visto fantasmas, como no outro dia já seria quinta feira, estava se aproximando o dia de irmos para casa.

Talvez corresse tudo bem, e nos nem precisaríamos resolver o mistério dos buracos na floresta, afinal aquilo não era da nossa conta.

Como tudo estava tranquilo, naquela noite eu resolvi ir dormir mais cedo, a minha cota de sono perdido, já estava esgotada, a Brenda tinha ficado lá fora com os outros, eles acenderam uma fogueira para contar histórias de terror.

Uma atividade maravilhosa para se fazer em um lugar chamado, Vale da Caveira, onde já tinham morrido muitas pessoas, e outras garantiam ter visto fantasmas, definitivamente eu não iria fazer parte disso.

Entrei na barraca e me aninhei no meio dos cobertores, alguns segundos depois ouvi o barulho de ziper se abrindo, imaginei que fosse a Brenda que tinha desistido das histórias de terror.

Mais gelei ao ver que era o Gabriel, ele entrou rápido fechando a barraca, eu fiquei sem voz, e se alguém tivesse visto? O que diriam de mim?

_oi
Ele disse abrindo um sorriso largo.

_Gabriel você está maluco, se a professora souber que você entrou aqui... ela ..

Mas ele não deixou que eu terminasse, calando a minha boca com um beijo que sinceramente eu não esperava.

Eu não esperava, mais foi muito bom.

_Gabriel eu... Não sei nem o que te dizer.

_Então não diga nada Luciana, eu sei que você também gosta de mim, e não tem porque nós escondermos isso de ninguém, e eu também não preciso te dizer mais nada não é? Eu acho que você já entendeu.

Ele me puxou de encontro ao seu peito, me segurando forte, e me beijando novamente.

Nesse momento eu ouvi um barulho lá fora.

Cristian estava parado na frente da barraca, me olhando de um jeito, que fez meu coração doer, a decepção estava estampada em seus olhos, eu só não entendia o porque.

Ele saiu de lá sem nos dizer uma única palavra.

......

Não preciso nem dizer que aquela noite foi mais uma em que eu perdi o sono não é?

Passei a noite toda, pensando no Gabriel, e no Cristian, porquê ele tinha me olhado daquele jeito?

A gente não tinha nada um com o outro certo? E ele nem tinha se declarado! O Gabriel pelo contrário, tinha! Será que o Cristian também gostava de mim?

Não isso era impossível, eu era a Luciana! A garota nada popular, a que não tinha nenhum namorado, eu não era como a Kamilla! Ela sim tinha uma multidão de garotos correndo atrás dela.

Pensei nisso até adormecer.

.......

E na manhã de quinta para nossa surpresa nada estava normal, quando eu sai da barraca com minhas olheiras enormes, a primeira coisa que vi, foi a Maria Eduarda gritando, um grito estridente que fez meus ouvidos doerem.

O enorme rio a nossa frente estava com a agua totalmente vermelha.

Um a um todos fomos se agrupando ao redor da água.

Em uma árvore a nossa frente, estava riscado com letras que pareciam ter sido escritas com uma faca, a palavra.

Sangue...

........

Olá meus queridos, o que vocês acharam desse momento romance entre a Luciana e o Gabriel, será que ela finalmente vai perceber o que o Cristian sente por ela?
E todo esse mistério,será que esse lugar é mesmo
amaldiçoado? Um beijoo pra vcs e até o próximo capítulo.

Vale Do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora