Capitulo 3

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Apliquei o remédio em sua veia o que parecia ter feito efeito na mesma hora, ele respirou fundo e seu corpo rapidamente amoleceu, enquanto ele respirava através de máscara eu tentava me concentrar para fazer tudo bem feito, nunca tinha tirado uma bala do corpo de ninguém, apenas nas aulas práticas da faculdade mas sempre utilizávamos bonecos de borracha e sangue falso, fiz um pequeno corte em seu tubo digestório tomando sempre cuidado para que nenhuma artéria seja corrompida ou um processo de hemorragia iniciado, com o equipamento adequado sugava o seu sangue, e ali estava ela entre suas glândulas gástricas ou eu a tirava de pressa ou aquilo poderia destruir sua vida, com cuidado retirei a pequena bala dali, já me preparando para fechar aquele corte, comecei a costurar delicadamente para não machucar-lo mais, foi ai, neste momento, que ele acordou me olhou com cara de dor e sem tirar os olhos da costura apenas respondi - estamos quase terminando, você vai ficar bem - ele acenou para mim em concordância e desviou seu olhar que agora se concentrava no teto daquela pequena sala, parecia o universo para ele, que o olhava concentrado e pensava em algo que eu ainda não saberia explicar. Minutos se passaram e o corte que antes sangrava sem parar agora estava tampado, zelado e cuidadosamente higienizado. Tirei as minhas luvas e a máscara colocando em um saco plástico e jogando as fora, lavei as minhas mãos e o ajudei a sentar, o mesmo fez uma careta mas nada que o mataria.
- talvez fique uma cicatriz - alertei
- tudo bem, posso conviver com isso - ele tentou se levantar mas eu logo o parei
- você acabou de tirar uma bala do estômago e levou 28 pontos, não pode sair andando assim
Ele riu pelo nariz - e o que é que eu devo fazer?
- deve dormir aqui pelo menos essa noite
- o que? Tá maluca? - ele disse indignado - eu não posso ficar aqui, aqueles PMs de merda estão atrás de mim! já passei tempo demais fora, a guerra não acabou eu tenho que voltar!!
- E levar outro tiro? De forma alguma!
- olha doutora... - ele olhou para o meu crachá - Marcela, foi legal te conhecer, obrigado pela ajuda aí mas infelizmente eu não posso mesmo ficar - com dificuldades ele se levantou e abriu a porta aonde dois de seus seguranças o esperavam um de cada lado da porta com armas apontadas para quem viesse e na frente Marquinhos se encontrava andando de um lado para o outro quando nos viu parou por um instante e disse - até que fim! Vocês estavam tirando uma bala ou trepando? Caralho!
- piolho, Batata - ele disse - toca o rádio pro resto e avisa que eu to subindo
Piolho, o mais alto e magro dos 4 garotos logo pegou o seu Nextel e disse rapidamente - tigre tá subindo, forma, forma
Assustada com o linguajar me calei.
- Tá tudo pronto chefe, vamo da fuga antes que o baguio esquente - Batata que até então se mantinha calado alertou
Olhei indignada outra vez para aquele que tinha ajudado e o mesmo me respondeu - obrigado, fica tranquila daqui em diante eu vou me virar, tchau Marcela, te vejo em breve
- tchau "chefe" - disse da mesma forma que os outros caras se pronunciavam e o mesmo riu
- tigre - ele me respondeu e piscou depois saiu pelos fundos e eu fiquei ali, só, o que tinha acabado de acontecer? Me perguntava passando os dedos entre os meus cabelos e respirando fundo - quem é ele? - pensei alto, para uma garota do Leblon tudo aquilo era novo, eu sempre assistia filmes sobre tiroteios, confrontos policiais mais nada se comparava assim que você entrava naquele lugar, era tudo diferente como se existisse um outro país com as suas próprias leis e forma de governo.

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2016 ⏰

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