VINTE E SEIS

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Terça-feira, 23:40

- Juro que não estou entendendo seu desespero. - Dani, finalmente, falou. - Monica, ele te ama e quer que você monte uma família com ele.

- Dani, eu entendo que ele me ama e eu também o amo, mas não é assim! Eu não sei cuidar de um bebê.

- Aprende na marra. Eu vou aprender na marra, claro que já vi algumas amigas e tive contato, mas vai ser a primeira vez! Temos instinto de mãe.

- Você tem, sou uma exceção. Quando crianças me veem, saem correndo ou chorando.

- Você é tão exagerada. Mas e o Ota? Ele falou mais alguma coisa?

- Não, acordou no domingo sem falar nada a respeito. Se ele quiser ser pai, terá que ter outra namorada.

- Você é chata, hein?

- Obrigada, mas todos da empresa já falam isso. Amanhã tem um congresso, vou ter que acordar bem cedo.

- Isso foi um fora para eu desligar?

- Ainda bem que pegou. - Monica riu e Dani revirou os olhos. - Eu te amo, maninha.

- Também te amo, sua vaca.

Dani desligou a chamada de Skype e Monica seguiu para o quarto, pronta para dormir.

***

- Bom dia! Pronta para o congresso?

- Sei nem do que se trata. - Monica sorriu assim que o viu. - Dormiu bem?

- Não, tô um pouco nervoso, não sei como você vai reagir a isso tudo.

- O que você fez? - Monica cruzou os braços e ignorou as pessoas do corredor.

- Relaxa, eu não fiz nada. O congresso será sobre a ingressão de surdos e mudos na George. Vários funcionários se reuniram há meses e decidiram contratar, é uma forma de ajudá-los profissionalmente.

- Mas eles são surdos e mudos, como irei passar ordens?

- Terá aulas de libras para os funcionários e isso lhe inclui. - Ota sorriu e ela negou. - Jolie George assinou e terá que cumprir, ela deu a primeira ordem, meu amor.

Monica suspirou e entrou no auditório, deixando o namorado para trás. Sentou na última poltrona, ao lado esquerdo, onde muitos não sentavam. Otaviano a observou e sentou perto de seus colegas.

O congresso começou pontualmente. O responsável pela ideia começou a falar e logo uma mulher assumiu o posto, falando de vantagens e o quanto iriam ajudar os deficientes. A ideia foi confirmada pela leitura do documento de Jolie George e a reunião foi encerrada após a informação de que as aulas iriam acontecer em três semanas e os novos funcionários entrariam na segunda, posterior ao fim do curso.

- O que você achou? - Ota sentou na poltrona à sua frente, mas olhando-a. - Vai ajudar a George?

- Jolie quis isso, tenho que fazer sua vontade. Quanto essa ideia de curso, não sei se irei frequentar.

- É obrigatório.

- Sou a dona disso tudo.

- Subiu a cabeça? - Ele perguntou sem querer e ela levantou bruscamente. - Desculpa, eu não quis falar isso.

- Com licença, preciso voltar ao trabalho, Otaviano.

- Posso te pegar na sala para almoçarmos juntos?

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