Capítulo 4

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Olho em volta procurando a Samanta e sua equipe.
Logo avisto uma mesa com quatro cadeiras todas cheias. Percebo que se trata de sua equipe, mas não é grande como a minha, é composta por dois homens, uma mulher e é claro: a Samanta.
Vejo que ela se despede de todos e se levanta da mesa, olha ao redor, e se dirige à saída. Me apresso para segui-la.
Acompanho a garota fazendo o possível para que ela não me veja.
Ela sobe algumas escadas e eu vou atrás dela com uma certa distância.
Quando me dou conta estou no meu andar, ela se dirige ao seu quarto, levo um pequeno tempo para assimilar a ideia de que seu quarto é exatamente ao lado do meu, e o quanto é improvável que isso aconteça.
Espero ela entrar para me dirigir a minha porta, entro no meu quarto apenas para pegar meu celular e meus fones, saio do quarto já ouvindo a melodia nos meus ouvidos.
O hotel é gigante, vejo o campo de futebol com arquibancada, o que me parece um ótimo ambiente para passar o tempo.
Me sento na construção de concreto buscando o máximo de conforto possível, o que é difícil considerando que estou tão desconfortável quanto como estive no avião.
O dia é frio, tanto que fumaça sai da minha boca quando respiro.
Me concentro na música e fecho os meus olhos, acompanho o compasso da música com os meus pés, batendo de leve meus tênis no concreto e meus dedos em minha perna.
Abro os olhos assim que a música acaba, olho para o meu lado e lá está a Samanta, ela me olha séria, mas não com raiva.

— Olá - eu digo.

— Não está surpreso? De me ver?

— Na verdade não, te vi hoje no jantar.

— Por que não falou comigo?

— Estava surpreso.

Ela sorri, aquele sorriso...

— Sabe Jorge... Não estou à procura de um amigo, talvez você possa aparecer no meu quarto às dez, leve limão e uma garrafa de gin, ficaremos entre lençóis até tarde da madrugada - Ela fala tudo com uma leveza invejável, uma sensualidade irresistível e com sua voz arrastada, enquanto falava a fumaça que saía da sua boca acompanhava a mesma que saía da minha quando expirava. A olho nos olhos e assinto com a cabeça.

Ela se levanta e sai andando como se tivesse dito apenas um "boa noite" e não uma coisa tão atrevida quanto a que disse.
Depois de umas cinco músicas, olho no meu relógio e vejo que são 21:30 , me apresso para ir comprar o gin.
Vou ao bar do hotel sendo recebido por uma velhinho que menciona sua neta que segundo ele é minha fã.
Dou um autógrafo em um guardanapo, dou o dinheiro para o velhinho, pego a garrafa e vou em direção ao quarto da Samanta.
Chegando lá, sou recebido pela garota mais linda que uma vez já vi, ela estava de pijamas, um short curto – o que me deixava bem surpreso pois o frio era congelante – e uma blusa de alça.
Ela sorri pra mim e eu só consigo pensar no quão sortudo eu sou.

Demoramos mais do que pensávamos naquele hotel. Por algumas semanas eu só queria vê-la.
Bebemos o dia todo e também pedimos pizza.
Antes, eu nem conseguia falar com ela, agora dorme no meu quarto e ama o jeito como a trato.

Certo dia fomos assistir um filme, estava tudo muito bem, tão bem que adormeci, enquanto ela brincava com os meus cabelos.

Acordo com a luz do sol em meu rosto, estou no meu sofá, olho para os lados e não vejo a Samanta.
Levanto e vejo que tem um papel na mesinha de centro.

" Quem dorme de mais perde o trem, fui comprar algo para comermos ;)"

O hotel tinha uma comida ótima, mas eram só as refeições básicas, não tinham lanchinhos de bônus.
Decidi tomar um banho.
Sigo para o banheiro, tiro minha roupa, coloco o chuveiro numa temperatura agradável, tiro minha roupa e entro de vez na água.
Sinto a água percorrer meu corpo e por alguns minutos desejei que a Samanta estivesse ali comigo, só de lembrar do seu sorriso e do seu corpo, aquelas curvas perfeitas nas blusas coladas que ela sempre usa...
Paro com os meus pensamentos impróprios e me apresso para sair do banho. Ela já deve ter chegado, quem sabe?
Escolho uma roupa qualquer e me visto, me olho no espelho e o meu cabelo exageradamente ruivo está exageradamente assanhado, pego um creme de cabelo e começo a colocar tudo em ordem.
Depois de um tempo me arrumando, saio do quarto, olho no meu relógio e são 10:00 , ando um pouco pelo hotel, sentindo os raios de sol baterem no meu rosto, até que lembro que não comi nada, e provavelmente a Samanta vai trazer apenas um pequeno lanche. Olho para o meu lado e tem um quadro de horários com as atividades do hotel, percebo que o café da manhã acaba apenas às 10:30, corro para chegar à tempo.
Quando chego na porta do restaurante, tem uma mulher anotando os nomes das pessoas que entram e saem. Apoio minhas mãos no meu joelho com a respiração falhada, logo levanto a cabeça e a moça tem um olhar preocupado.

- Está tudo bem senhor? - ela pergunta com as sombrancelhas mostrando preocupação.

- Sim, está tudo bem, não se preocupe. Ahm... o café da manhã ainda está disponível?

- Espera um segundo... você é Jorge? Jorge o cantor?

- Sou sim - sorrio.

- Minha sobrinha é sua fã, me dá um autógrafo por favor? - ela diz pegando papel e caneta apressada.

- Eu te dou esse autógrafo, mas você tem que deixar eu entrar e comer, pode ser?

- Claro que sim!! - ela me entrega o papel sorrindo, eu faço minha assinatura e deixo uma mensagem com uma caneta azul - muito obrigada - ela diz abrindo a porta.

Me sinto bem mais aliviado, por agora poder comer.
Entro no restaurante e escolho coisas simples, mas que percebo que vai saciar minha fome.
Depois de acabado o café da manhã, saio andando pelos corredores à caminho do meu quarto, entro no mesmo e decido assistir alguns programas e esperar pela Samanta.

Estou entretido com algum reality show qualquer, quando me lembro que tenho que atualizar algumas redes sociais. Coloco as mãos nos bolsos e não encontro meu celular. Merda. Rapidamente desligo a TV e saio pelo hotel à procura do objeto.

Vou até o restaurante mas não acho nada, foi o único lugar em que estive hoje.
Logo me lembro que pode estar no quarto da Samanta. Me dirijo pra lá em passos leves, porém rápidos.
Em sua porta ao lado da minha, antes de entrar escuto alguns sussurros.

— Continua – sai mais como um gemido, e consigo perceber que é a voz da Samanta.

— Não pensava em parar – uma voz masculina profere com certa autoridade.

Passo um tempo para me convencer de que o que estou ouvindo é real. Penso em abrir a porta bruscamente. Mas ao mesmo tempo ainda estou incrédulo. Olho para o número do quarto para ter certeza que é o da Samanta, e sim, é seu quarto.
Penso em ligar para seu celular, mas o meu não está comigo.
Escuto os barulhos da cama balançando e a madeira estalando.
Me pego lembrando de tudo que passamos e fizemos nesta última semana, não vou negar que estou gradativamente me apaixonando pela garota de cabelos escuros, olhos estonteantes e um sorriso terno.
Penso em como eu só queria ela nessas última duas semanas, tentando fugir da tentação de tê-la, quando na verdade era inevitável mexer um músculo que não fosse para algo relacionado a ela.
E agora ela provavelmente está vivendo o mesmo, porém com outro.
Entro no quarto, sinto minhas pernas pesarem. Minha cabeça gira e formiga. Sinto como se a qualquer momento pudesse cair, como se minhas pernas de uma hora para outra perdessem suas forças e inexplicavelmente parassem de funcionar. Minhas mãos trêmulas acompanham o compasso de todo o meu corpo que se encontra no mesmo estado. Até mesmo minha língua está impossibilitada de auxiliar minhas cordas vocais de proferirem alguma palavra com o mínimo de nexo que seja.
É uma mistura de sensações, se me pedir para dizer do que se trata, eu não saberei ao menos como começar a falar. Apenas sei que nojo é uma delas.

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⏰ Última atualização: Jul 03, 2017 ⏰

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