A ligação

22 1 1
                                    

-Que nada, Alvarez, cacete de espião que nada, esse negócio é os dos estrangeiros - disse João Paulo, homem alto de cabelos já grisalhos de rosto marcado pela labuta do dia que ostentava uma velha camiseta do Vasco da Gama sempre nas suas conversas de bar.
-Estou te falando, João, esses cabra existe por ai, quem me disse foi meu menino, moleque sabido, ta na escola- falou Alvarez, rapaz de 43 anos, moreno, calvisse já em estado avançado com a camisa do Itabaiana que era sua segunda pele.
-Quer saber de uma... Pergunta pro Lucio, ele deve saber... Falando nele, Lucio - levantou-se João Paulo, mas o efeito da cachaça limpa foi fuminante e quase retorna ao acento.
-Calma, rapaz, oxente, concordo com você, Jão, esse negócio de espião de agente secreto tem nada, mal tem polícia - disse Luciovaldo, nosso agente com a desfatez e a camuflagem social que o curso da Abin lhe dera.
-Olha quer saber de uma, vamo é beber mais um pouco, amanhã é feriado e as contas estão pra chegar - disse Alvarez - Seu Zé mais um gelada que hoje é por conta do João.
-É pra já gritou seu Zé - ex-volante da Polícia que se recordava dos tempos de glória em que a bala era a hombridade do cidadão, ostentava com orgulho na parede o uniforme velho abarrotado e sempre chamava a mulher a coitada dona Alzira, sua esposa pra testemunhar feitos que ela só sabia porque ele falava.
Trim trim... trim trim.
-Que porcaria é essa seu Zé - gritou João com a coragem que a cachaça lhe deu.
-Meu celular, senhores. Vou aproveitar e tirar água do joelho -disse Luciovaldo quase levantando.
Dirigiu-se até o banheiro do bar um local sujo e mal cuidado no fundo do bar, onde o papel higiênico flutuava no vaso e odor de ureia fazia o cidadão não querer ter narinas. Tomou o celular do bolso. Atendeu:
- Companhia de Gás São Geraldo - disse uma voz igual a de telemarketing do outro lado da linha.
- Luciovaldo 0087, Agência Brasileira de Inteligência, em situação de escuta - falou Luciovaldo, baixinho, lembrasse claramente do tempo que aprendeu isso e o medo da primeira vez que falou esse código com receio de não dize-lo corretamente.
-Solicitação de apresentação nível B, comando regional. Senha: Há arvores na pista - afirmou a mesma voz de telemarketing.
-Tempo de deslocamento 3 h e 53 min, aguardo confirmação - sussurou Luciovaldo, ressabiado se alguém o escutava.
-Confirmação dada. Tun tun tun. - afirmou a voz d telemarketing.
Depois de guardar o telefone observou o horário, era um dia sem exercício. Era evidente alguma coisa estava acontecendo e ele em menos de 4 horas iria descubrir o que era.

Agente Secreto à brasileiraOnde histórias criam vida. Descubra agora